Foto: Alex Régis
Fernando Azevêdo
Repórter
Famílias do Rio Grande do Norte deverão gastar R$ 2,66 bilhões em serviços e produtos de telecomunicações até o final de 2025, um crescimento de 10,54% em comparação aos R$ 2,4 bilhões registrados em 2024. A conclusão é do estudo IPC Maps 2025, que projeta o potencial de consumo nacional com base em dados oficiais. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que mudanças de comportamento, necessidade de conexão e expansão do home office são fatores que influenciam a alta no consumo.
No setor, o segmento de maior volume financeiro no estado é a categoria “celular e acessórios”, que movimentará R$ 995.796.714 até o fim deste ano, seguido pelas contas de telefone celular (R$ 936.048.529) e pacotes combinados de TV, telefone e internet (R$ 682.920.405). A telefonia fixa deve movimentar R$ 46.484.404.
Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, afirma que mudanças de estilo de vida podem explicar o aumento, especialmente após a pandemia de covid-19, em 2020. “A população passou a comprar mais online, e o fato de ser obrigada a fazer as compras online, porque não podia sair de casa, gerou novos hábitos. E esses novos hábitos geraram novas demandas”, analisa.
No comparativo regional, o crescimento do consumo potiguar (10,54%) ficou abaixo da média da região Nordeste, que tem uma projeção de alta de 14,90%, saltando de R$ 32,1 bilhões em 2024 para R$ 36,9 bilhões em 2025. O Rio Grande do Norte tem 1,1% do consumo total do Brasil no setor.
Quanto às faixas de renda, a classe B é a responsável pelo maior volume de gastos no RN em quase todas as subcategorias analisadas, exceto em telefonia fixa. Em “celular e acessórios”, a classe B consumirá R$ 463,8 milhões, por exemplo, enquanto a classe C responderá por R$ 355 milhões.
O cenário empresarial apresenta uma dinâmica inversa à do consumo em termos proporcionais na região. O número de empresas de serviços de telecomunicações no RN passará de 836 (2024) para 893 (2025), uma alta de 6,8%. Esse índice supera a média da Região Nordeste (3,7%) e a média nacional (3,6%).
Para Pazzini, o aumento do consumo e a leve alta de empresas que prestam serviços para o setor de telecomunicações mostram que “existe espaço para a entrada de novos players [no mercado], seja para oferecer as mesmas coisas que estão sendo oferecidas com preços menores, seja para oferecer algum serviço um pouco diferente”.
Ele destaca que o interior do estado pode trazer oportunidades de negócios nesse setor, uma vez que o consumo não está concentrado em Natal. “[Na capital], esse crescimento foi bem menor. O interior do estado está crescendo acima da média verificada em outros mercados e pode ser um sinal de oportunidade para empresas que querem sair dos grandes centros e oferecer serviços de telecomunicações para essas cidades”, afirma.

Mudança de hábitos
O responsável pela IPC Maps afirma que a demanda por equipamentos e serviços de telecomunicações aumentou à medida que as pessoas passaram a depender mais de equipamentos e boa conexão. Para fazer compras online, por exemplo, as pessoas precisam de celulares eficientes e internet mais robusta.
Pazzini frisa que estar conectado é cada vez mais importante, “não só para o seu trabalho, para quem trabalha home office, para os seus estudos, quando você estuda à distância, ou então para você fazer suas pesquisas escolares, mas até para você ficar sabendo o que acontece no mundo”.
A demanda por conectividade reflete-se no comportamento dos usuários potiguares. Maria Luisa Araújo, gerente comercial da ZAZ, provedora de internet com atuação em Natal e litoral sul, conta que a demanda por serviços fora da casa principal aumenta durante o veraneio. Famílias que têm casas na praia costumam contratar serviços para elas, geralmente em contratos menores, segundo explica a gerente.
O uso comercial potencializa essa demanda. Maria Luisa Araújo explica que a linha fixa adquiriu novas funções corporativas: “Há a necessidade de ter um número fixo para as empresas. Não necessariamente esse número fixo fica apenas atrelado ao telefone fixo. A usabilidade dessa linha fixa mudou: muitas empresas usam esse número fixo como número de comunicação pelo WhatsApp”, afirma.
A linha fixa, contudo, continua sendo usada em algumas residências, como na casa da servidora pública Ana Carolina Silva, cuja família tem telefone fixo desde os anos 1990. “Mantemos a linha fixa por não gerar custos adicionais no nosso plano de internet e telefonia móvel e utilizamos apenas em situações de emergência ou para contactar quem está em casa e não atende o celular por longos períodos”, diz a servidora, que reside no bairro Pajuçara, zona Norte de Natal.
“Antes da popularização dos telefones móveis, usávamos o serviço diariamente. Além disso, antigamente o telefone fixo era vinculado ao acesso à internet, o que tornava praticamente obrigatória a sua contratação”, acrescenta.
Tribuna do Norte
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