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domingo, 24 de novembro de 2019

Merkel enfrenta resistência dentro da CDU devido à Huawei


Estande da companhia chinesa Huawei numa feira de tecnologia realizada em Lisboa, em novembro de 2019

Fonte: Agência de Notícias DW 

Membros do partido querem forçar a chanceler federal a permitir que o Bundestag vote se os chineses devem construir uma rede 5G no país. Segundo imprensa, moção tem apoio da líder partidária, Annegret Kramp-Karrenbauer.
Na Alemanha, há receios de que a chinesa Huawei inclua chamadas "backdoors" na infraestrutura de comunicação do país
Membros do alto escalão da União Democrata-Cristã (CDU) presentes na convenção anual da legenda conservadora desafiaram a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, ao apoiarem uma moção que visa garantir que o Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) tenha voz na política do governo federal em relação à construção de uma rede 5G por parte da empresa chinesa Huawei.
Vários departamentos do governo alemão estão confinados num debate sobre até que ponto a gigante chinesa de telecomunicações deve receber a permissão para instalar uma rede 5G na Alemanha.
Alguns parlamentares da CDU apresentaram uma moção em que pedem que a Huawei seja excluída da construção da nova rede 5G. Embora uma emenda tenha removido essa demanda, a moção ainda contém a insistência de que o governo federal "rapidamente" apresente um projeto de lei referente ao tema ao Parlamento alemão.
De acordo com a reportagem do tabloide alemão Bild, a moção alterada – a ser votada na convenção do partido em Leipzig, neste fim de semana – tem o apoio de vários membros da CDU no Bundestag, incluindo personalidades importantes como o ex-ministro do Meio Ambiente Norbert Röttgen e o secretário-geral do partido, Paul Ziemiak.
Citando fontes não identificadas do partido, o Bild afirmou que a sucessora de Merkel como líder da CDU, a ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer, também apoiou a moção. Na quinta-feira, Kramp-Karrenbauer disse à emissora RTL que a versão reeditada da moção representava um bom compromisso.
"Vamos definir o padrão de segurança e verificaremos se ele será cumprido", afirmou. "Acho que é uma base boa e estável para os diferentes pontos de vista sobre esse assunto."
Um delegado na convenção da CDU em Leipzig negou que o partido estivesse desafiando a chanceler federal. "Vamos apoiar a chanceler federal em seu curso, embora haja opiniões divergentes e alas diferentes no partido", disse Jennifer Gross, da delegação da CDU da Renânia-Palatinado, em entrevista à DW. "Estou curiosa em ver os resultados."
Röttgen insistiu ao Bild que "a emenda é marginal". Mas, no entanto, a inclusão do Bundestag no processo de tomada de decisão provavelmente irritará a Merkel. A medida também complicará os já embaraçados procedimentos governamentais e detalhes técnicos, que estão sendo negociados em relação à implementação de uma rede 5G no país.
Ainda não foi tomada uma decisão final sobre a possibilidade de a Huawei instalar a rede, mas há receios persistentes de que a empresa chinesa inclua chamadas backdoors (porta dos fundos – método de escapar de uma autenticação ou criptografia num sistema computacional) na infraestrutura de comunicação da Alemanha, que poderiam permitir o acesso da rede pelo Estado chinês.
Critério de segurança
A linha adotada por Merkel em relação a construção da infraestrutura da rede 5G – considerada vital para o país se manter economicamente competitivo – é de que nenhum licitante deve ser excluído desde que cumpra um catálogo específico de critérios de segurança elaborado pelas duas autoridades relacionadas à internet na Alemanha: o Departamento Federal de Tecnologia de Informação (BSI) e a Agência federal de Rede (BnetzA).
Mas em entrevista ao jornal Tagesspiegel no início desta semana, Röttgen argumentou que "não devemos permitir nenhuma influência estatal chinesa na rede 5G" e sugeriu que, em vez disso, a Alemanha aproveitasse a oportunidade para apoiar a inovação tecnológica europeia.
Röttgen, que preside o comitê de relações exteriores do Bundestag, acrescentou que compreende o interesse em manter boas relações comerciais com a China, mas disse que a segurança nacional representa uma prioridade mais importante.
No entanto, a Vodafone Alemanha, um dos maiores provedores de serviços de internet e telefonia do país, disse que a tecnologia da Huawei já é vital para a infraestrutura 5G da Europa e bastante utilizada.
"Todo o setor europeu de telecomunicações teria dificuldades se os dispositivos de rede da Huawei não fossem mais permitidos", disse a empresa à DW via comunicado. "A proibição de produtos da Huawei na Alemanha significaria que a instalação da rede 5G seria significativamente mais cara e seria adiada – especialmente nas regiões rurais."
A Vodafone usa antenas 2G, 3G e 4G na Alemanha, e a empresa comunicou que cerca da metade das antenas 5G instaladas em 60 "localizações pioneiras" em meados deste ano também foram fabricadas pela gigante chinesa. A Vodafone afirmou ainda que instala produtos Huawei na Alemanha há mais de dez anos.
"As verificações contínuas de segurança da Vodafone Alemanha, que também aplicamos aos elementos de rede da Huawei, e outros testes de segurança permanentemente realizados no Reino Unido, não encontraram nenhuma preocupação de segurança ou evidência de abuso da rede por parte da Huawei", concluiu o comunicado.

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