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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Reino Unido vai parar de financiar projetos de petróleo, gás e carvão pelo mundo

 Boris Johnson

Fonte: BBC

Anfitrião de uma importante cúpula global sobre o clima, o governo do Reino Unido anunciou neste sábado que vai parar de apoiar diretamente projetos de combustíveis fósseis no exterior.

Em outras palavras, a mudança significa que o Reino Unido não financiará mais projetos de exportação ou produção de petróleo, gás ou carvão pelo mundo, informa o correspondente Matt McGrath, da BBC News.

O anúncio acontece no momento em que Reino Unido, França e ONU realizam uma reunião virtual sobre o clima ainda neste sábado (12).

Aproximadamente 75 líderes mundiais devem participar do encontro, que acontece 5 anos depois da assinatura do acordo de Paris, que reúne compromissos globais de reduções de emissões de gases poluentes.

Historicamente visto como uma importante liderança global sobre o tema, o Brasil, até a noite de sexta-feira, constava fora da programação por não ter apresentado metas ambientais consideradas suficientemente ambiciosas, segundo agências internacionais.

Nações como Rússia, EUA e México também não estão na programação.

O fato de o governo do Reino Unido apoiar projetos de combustíveis fósseis no exterior por meio de financiamento à exportação, financiamento de ajuda e promoção comercial gera controvérsia há anos.

À medida que o país se afastou da exploração de carvão, petróleo e gás "dentro de casa", o financiamento de projetos do tipo no exterior era descrito como "hipócrita".

Agora o primeiro ministro Boris Johnson concordou em encerrar esta prática o quanto antes.

"As mudanças climáticas são um dos grandes desafios globais de nossa época e já estão ceifando vidas e meios de subsistência em todo o mundo. Nossas ações como líderes devem ser movidas não pela timidez ou cautela, mas pela ambição em escala verdadeiramente grande", disse Johnson.

"É por isso que o Reino Unido recentemente abriu caminho com um novo e ousado compromisso de reduzir as emissões em pelo menos 68% até 2030, e tenho o prazer de dizer hoje que o Reino Unido encerrará o apoio do contribuinte a projetos de combustíveis fósseis no exterior assim que possível."O anúncio foi feito no momento em que o Reino Unido hospeda uma cúpula sobre ambições climáticas.

O encontro virtual está acontecendo depois que a pandemia resultou no adiamento da Conferência climática que aconteceria em Glasgow neste ano.

Líderes mundiais em Paris

Reunião de Cúpula sem o Brasil

O Reino Unido diz que a curta cúpula deste sábado, voltada para a ação, deve valorizar novos compromissos firmados por países.

Entre os participantes estão o Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres e o Presidente Emmanuel Macron da França. O Papa Francisco também falará no encontro.

O Reino Unido apresentará seu novo compromisso sobre projetos de combustíveis fósseis no exterior, bem como uma nova meta de corte de carbono de 68% até 2030, anunciada na semana passada pelo primeiro-ministro.

A União Europeia também apresentará uma nova meta para 2030 de um corte de 55% nas emissões, acordada após longas negociações nesta semana.

A China e a Índia também participarão, embora não ainda esteja claro o alcance de seus novos compromissos.

Como o Brasil, a Austrália também não deve participar do encontro, assim como Rússia, África do Sul e Arábia Saudita .

"De um ponto de vista processual simbólico, é bom ter todos a bordo", disse o professor Heike Schroeder, da Universidade de East Anglia.

"Mas, de uma forma proativa, criando algum tipo de abordagem de senso de urgência, também faz sentido dizer que 'só queremos ouvir de você se tiver algo de novo a dizer'."

Reino Unido e a UE

Anúncios concretos

O Reino Unido quer que a reunião se foque em países dispostos a fazer novos anúncios sobre emissões-zero, ou que apresentarão planos inéditos para 2030.

Uma série de economias menores e nações insulares estarão entre as que apresentarão novos planos na cúpula.

"Se os países menos desenvolvidos podem fazer isso, os países mais ricos também podem", disse Andrew Norton, do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

"Os grandes emissores, incluindo retardatários como Rússia, Austrália e Brasil, precisam acelerar o ritmo e tomar medidas confiáveis ​​para fazer os cortes que são urgentemente necessários para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 ° C."

Australia

Os cinco anos desde que o acordo de Paris foi adotado foram os mais quentes já registrados, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), e as emissões continuaram a se acumular na atmosfera.

Nesse período, muitos países e empresas iniciaram o processo de descarbonização. O progresso que eles fizeram agora precisa ser reconhecido e incentivado, diz a ex-chefe do clima da ONU, Christiana Figueres.

"Para este sábado, eles estão se concentrando na redução de emissões, e isso é bom porque o progresso que foi visto na economia real deve ser refletido e incentivado ainda mais por esses compromissos adicionais."



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