por: João Barone
Em 1939, ninguém acreditava que uma nova guerra explodiria, mas os sinais enviados pela Alemanha nazista não foram poucos. Ingleses e franceses cederam à todas as pressões de Hitler em retomar territórios que a Alemanha perdeu depois da Primeira Guerra. Os alemães se rearmaram burlando as restrições do Tratado de Versalhes e a invasão da Polônia foi o começo oficial do conflito. Alemanha, Itália e Japão formaram o Eixo, unidos e em sintonia com seus ideais de supremacia racial, invasão de territórios, confisco de riquezas e demais atrocidades. Mussolini alertou seu amigo Vargas, num telefonema, para que levasse de volta ao Brasil seu filho Luthero, que estudava medicina na Alemanha.
Uma cidade polonesa intacta a partir do cockpit de um avião bombardeiro médio alemão, provavelmente um Heinkel He 111 P, em 1939. (Biblioteca do Congresso Americano).
Os Estados Unidos - ainda isolados do conflito - empreendiam uma campanha diplomática preventiva para unir as Américas contra qualquer ameaça externa, iniciada com a conhecida "política da boa vizinhança" de Roosevelt, no final dos anos 30. O agravamento das hostilidades na Europa refreou os investimentos que os alemães pretendiam fazer no Brasil, mas havia a promessa de retomá-los assim que terminassem sua Blitzkrieg. Em 1940, o grande sucesso da ofensiva alemã - que conquistou quase toda a Europa Ocidental em poucos meses - parecia validar as ambições da nova ordem nazifascista. Os americanos continuavam sem ofertar muita coisa ao Brasil, quando em setembro, Vargas proferiu um discurso que foi entendido pela maioria como um aceno aos regimes das "nações fortes", o que assustou os americanos, temerosos com a possibilidade de um núcleo nazifascista em plena América Latina. O resultado deste episódio foi que os americanos resolveram dar todo apoio possível ao Brasil, afastando de vez a chance de uma aproximação maior com o Eixo. Empréstimos do governo e financiamentos de bancos americanos foram liberados e finalmente o Brasil receberia a sua primeira usina siderúrgica. Muitos atribuem esse triunfo político-econômico como resultado da astúcia de Vargas, que depois de namorar os regimes fascistas, agora pendia sua balança para o lado da maior democracia do mundo, que tinha muito mais a ofertar.
Ataque japonês à Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941.
A aproximação do Brasil com os Estados Unidos abalou as relações diplomáticas com Berlim e Roma. Apesar disso, Vargas procurou manter as relações comerciais e a neutralidade. Navios alemães foram capturados e afundados pelos ingleses em águas brasileiras, enquanto navios brasileiros ainda navegavam entre as rotas da Europa e Américas. O Japão sofria um embargo econômico pelos Estados Unidos em represália à invasão da China, o que privou o país de importantes matérias primas como petróleo e aço. Em represália, no famigerado 7 de dezembro de 1941, ocorre o ataque surpresa dos japoneses à Pearl Harbor - uma base naval americana que ficava numa ilha à mais de 12 mil quilômetros do Brasil – que trouxe os americanos para a Segunda Guerra e serviu como ponto de inclinação na gangorra oportunista de Vargas entre Roosevelt e os nazifascistas. O sorrateiro ataque à frota naval americana estacionada no meio do Pacífico representou a inaceitável agressão externa ao bloco americano. Na conferência de chanceleres de janeiro de 1942, realizada no Rio de Janeiro, o Brasil rompia relações diplomáticas com os países do Eixo, o que já representava um estado de guerra informal. Ninguém acreditava que dentro de alguns meses, o Brasil estaria em guerra de verdade contra eles.
Fotos: Blog do Chico Miranda
do site:http://seuhistory.com/noticias/guerra-cada-vez-mais-perto
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