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quinta-feira, 20 de junho de 2024

Natal é a capital do Nordeste como maior percentual de diabéticos


 Foto: Marcelo Casall

Felipe Salustino
Repórter

Com índice de 11,8%, Natal é a capital do Nordeste com maior percentual de diabéticos, de acordo com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023), do Ministério da Saúde. Com esse percentual, a cidade é a quarta capital do país com maior índice de pessoas acima de 18 anos diagnosticadas com a doença. A classificação inclui, além das capitais de todos os estados, o Distrito Federal. No Brasil, somente o DF (12,1%), São Paulo (12,1%) e Porto Alegre (12%) têm índices maiores do que Natal.


A psicóloga Vitoria Costa, de 27 anos, é uma delas. A descoberta da doença aconteceu aos 9 anos, fato que trouxe inúmeras alterações para a vida da natalense. “Eu estava me alimentando bem, mas, ao mesmo tempo, tinha muita perda de peso. Minha família desconfiou de que algo não ia bem e me levou para fazer exames. Minha glicose deu muito alta e eu me internei imediatamente para dar início ao tratamento”, conta.


Ela diz que teve dificuldades para aceitar a doença. “Tive impactos nos hábitos alimentares, sociais e no campo psicológico. Eu escondia que tinha a doença, sem contar que era muito difícil ir a festinhas de aniversário”, relata. Hoje, Vitória toma dois tipos de insulina para manter a doença sob controle. “Um dos tipos [de insulina] eu aplico antes das refeições principais, três vezes ao dia. O outro, eu uso uma vez, diariamente. Graças a isso, a doença está sob controle e não tenho qualquer problema decorrente da diabetes”, explica.


A médica endocrinologista Camila Pereira, da Promater, esclarece que há variações da doença, mas as principais no Brasil são as tipagens 1 e 2. “O tipo 1 acontece quando nosso sistema limnológico ataca as células beta, no pâncreas. Elas são as responsáveis por produzir insulina, hormônio regulador da glicose”, esclarece.


Quando essas células são destruídas, há uma produção menor do hormônio e a glicose sobe. O tratamento consiste em repor insulina. O tipo 2 compreende cerca de 90% pessoas com diabetes em todo o mundo. “Nela, é como se a insulina não funcionasse como deveria. É mais comum em adultos e está associada a doenças, como obesidade, que dificulta a ação do hormônio”, comenta.


O tratamento, segundo a médica, envolve reeducação alimentar, prática de exercícios físicos regulares e até uso de medicamentos (comprimido e insulina, esta última para diabetes tipo 1 e em episódios mais avançados do tipo 2). “É importante lembrar que não há cura para a doença. Existe remissão ou controle, feito com acompanhamento junto a especialistas, como endocrinologistas, nutricionistas e educadores físicos”, orienta Camila Pereira.


Uma das principais causas da doença é a obesidade, por isso, os caos de diabetes tipo 2 são os mais comuns em todo o mundo. O descontrole da glicose pode levar a inúmeras alterações, conforme ela explica. “A doença pode prejudicar a função dos rins, alterar a retina (causando cegueira), muda o perfil do colestrol do paciente e eleva o risco de eventos cardiovasculares”, alerta.


O médico cardiologista Filipe Rêgo, afirma que o diabetes também dobra o risco de uma pessoa ter infarto ou derrames. “Quando uma pessoa tem diabetes, normalmente ela é mais inflamada. E essa inflamação aumenta a chance de eventos cardíacos. Então, é fundamental que o paciente seja bem medicado, tenha hábitos de vida saudável, pratique atividade física regular, tenha um sono de qualidade e uma alimentação equilibrada”, ensina.


Cuidados esses que Vitória Costa garante que segue à risca, junto à medicação e aponta melhora na qualidade de vida. “Não importa o lugar, estou sempre medindo minha glicose ou tomando minha insulina, que sou eu mesma quem aplica”, afirma a psicóloga.

Tribuna do Norte 



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