Os brasileiros tem que esperar até três meses para agendar a perícia médica e conseguir um benefício do INSS. O INSS admite que precisaria de quase dois mil peritos a mais para dar conta do serviço.
A agricultora Antônia Correia Sousa vem perdendo os movimentos dos braços e pernas e não pode mais trabalhar. "Eu vou para o roçado, mas como é que trabalha? Quando eu chego lá, não posso apanhar feijão porque é com a mão que eu apanho, e não dá".
Ela teve que esperar três meses para começar a receber o auxílio doença do INSS. "Esses agendamentos eram feitos e atendidos dentro do mesmo mês. Agora é feito o agendamento e passa dois, três meses até para serem atendidos esses trabalhadores", conta Alfredo Paz, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Canindé.
O problema é que faltam peritos no Brasil. O último concurso para o cargo foi realizado há três anos, quando 516 médicos foram contratados. Só que neste período o número de peritos que deixaram de trabalhar por aposentadoria, morte ou exoneração foi quase o triplo: 1.411.
Atualmente o país tem 4.105 peritos médicos. De acordo com o INSS, seriam necessários quase seis mil para atender a demanda.
Essa a falta de médicos impõe uma dificuldade financeira no momento em que a pessoa mais precisa de dinheiro. "Quando você está com saúde, você vai planejando sua dívida, seus pagamentos. Na hora que você adoece, além de você ficar parado, você aumenta sua despesa", lembra o sindicalista Josué Cândido, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Russas.
A agricultora Maria de Abreu Melo esperou dois meses pelo atendimento. Ficou mais de três horas na agência do INSS e saiu de lá ainda mais aflita. Mesmo com sequelas de uma tuberculose, o benefício foi negado. O médico entendeu que ela pode sim trabalhar, e agora dona Maria vai ter que esperar mais dois meses por uma nova perícia. "Já gastei R$ 800, pedindo emprestado. Tem que fazer consulta médica, tem que pagar exame. Estou esperando esse resultado daqui para poder pagar as pessoas".
Fonte: G1
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