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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Bendine anuncia esforço da Petrobras para recuperar R$ 6,2 bi da corrupção



Fonte: http://www12.senado.leg.br/

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, anunciou nesta terça-feira (28), no Senado, "todos os esforços" do ponto de vista judicial para a recuperação de R$ 6,2 bilhões reconhecidos pela estatal como a média de 3% das propinas pagas por 27 empresas do cartel que atuou em obras e serviços entre 2004 e 2012. Essas empresas são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Bendine foi questionado por 13 senadores em audiência pública das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Serviços de Infraestrutura (CI), que teve início às 10h35 e se encerrou às 15h13. A maioria dos senadores cobrou esclarecimentos sobre as perdas anunciadas pela companhia, cujo balanço aponta um prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano passado.
Em resposta ao senador José Medeiros (PPS-MT), que perguntou se a companhia tinha algum planejamento para se ressarcir das perdas, Bendine disse que a Petrobras atua nesse sentido junto ao Ministério Público e à Polícia Federal. O executivo disse acreditar na recuperação dos valores não só em decorrência da força-tarefa no Paraná, como  também pelos "prováveis acordos de leniência" examinados pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Desvalorização

Outra perda, de R$ 44,6 bilhões, decorre da desvalorização de ativos, atribuída pela Petrobras a três fatores: postergação de projetos na área de refino, declínio dos preços de petróleo e redução de demanda e margens na petroquímica. Só as perdas com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), cujas obras foram paralisadas com 86% do cronograma físico concluídos, chegaram a R$ 21,8 bilhões.
A segunda maior desvalorização de ativos, de R$ 9,1 bilhões, ocorre no chamado Trem 2 da Refinaria do Nordeste (Rnest), também conhecida como Abreu e Lima, que tem 90% do cronograma físico concluído. As perdas da Petrobras foram registradas até nos Estados Unidos, onde o campo de produção Cascade & Chinook foi desvalorizado em R$ 4,2 bilhões.
A Petroquímica Suape, em Pernambuco, sofreu desvalorização de R$ 3 bilhões, enquanto um conjunto de ativos de exploração e produção no Brasil teve queda de R$ 5,6 bilhões em decorrência da redução do preço do petróleo no mercado internacional.

Metodologia

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) questionou o fato de o balanço anunciado recentemente ter apresentado metade da estimativa de desvalorização de ativos feita pela diretoria anterior, presidida por Graças Foster, que era de R$ 88,6 bilhões. Bendine disse que a metodologia usada anteriormente não era adequada, tanto que foi recusada pela auditoria externa responsável pela análise das contas.
Como a Petrobras decidiu postergar alguns projetos, ao mesmo tempo em que enfrentava a queda do preço internacional do petróleo – o barril, que custava US$ 114 em meados do ano passado, baixou para menos de US$ 50 no fim de 2014 –, seus ativos tiveram de ser reavaliados por um conceito contábil chamado de impairment. Essa palavra inglesa significa "deterioração", mas Bendine preferiu defini-la como "imparidade".

Endividamento

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) perguntou por que a Petrobras é "tão dependente" de instituições financeiras públicas, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Ronaldo Caiado questionou a razão de, além de se socorrer nos bancos públicos, a Petrobras demandar recursos dos fundos de pensão.
Após considerar "desprezível" a participação desses bancos no endividamento da Petrobras, Bendine disse que parte dos valores previstos é da modalidade stand by, ou seja, eles estão autorizados para que, diante da necessidade de caixa da empresa até o fim do ano, sejam efetivamente contratados. Quanto aos fundos de pensão, afirmou que eles participam como investidores na companhia.
Também presente à audiência, o gerente executivo de Desempenho Empresarial da Petrobras, Mário Jorge da Silva, disse que o desafio da empresa é reduzir a dívida de R$ 351 bilhões. Segundo Mário Jorge, a companhia teria de operar por cinco anos para se livrar dela.
—  Não é o patamar ideal; nós buscamos 2,5 anos — observou.

Socorro

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) questionou como será possível administrar a dívida "com todas as dificuldades e até mesmo descrédito que a empresa ainda sofre". Perguntou também se a Petrobras conta com a possibilidade de socorro do Tesouro.
Mesmo admitindo que a dívida é elevada, o presidente da Petrobras disse ter crédito de financiadores não só locais, mas principalmente internacionais, que acreditam na capacidade da empresa. Quanto ao socorro do Tesouro, descartou a possibilidade de nova capitalização da estatal de capital misto.

Eletrobras

Em resposta a Ferraço e Tasso, Bendine admitiu impacto no resultado da companhia por conta de provisão no setor de energia. Segundo ele, foram fornecimentos de combustíveis que a Petrobras fez, no ano de 2014, para as termoelétricas da Eletronorte, não quitados até o fim do ano.
O presidente da Petrobras esclareceu que não foi perda, e sim um provisionamento de valor passível de recuperação. O diretor financeiro da companhia, Ivan de Souza Monteiro, manifestou expectativa de que o aumento nas contas de energia forneça os recursos necessários para o pagamento.

Desinvestimento

A Petrobras planeja desinvestimento de US$ 3 bilhões este ano e de US$ 10 bilhões em 2016. São projetos que a empresa pretende vender por desinteresse em sua continuidade e para formação de caixa. Mesmo assim, terá de captar US$ 13 bilhões no mercado financeiro, em 2015, para atender as suas necessidades.
Em resposta a vários senadores, Bendine citou como exemplo poços de petróleo cujo desempenho não atendem as expectativas da empresa. Numa situação dessas, conforme o presidente da Petrobras, uma empresa com outro tipo de tecnologia poderá ter o interesse que a estatal perdeu na iniciativa. Outro exemplo são "campos próximos ao abandono", sem relação custo-benefício adequada.
– É lógico que esse plano de desinvestimento não é suficiente para resolver o problema de caixa; ele simplesmente está dentro do dia a dia da atividade - explicou.
O primeiro caso foi o de um campo na Bacia Austral, na Argentina, que representava pouco mais de US$ 100 milhões e foi vendido pela Petrobras.

Vítima

Antes de encerrar sua participação na audiência, Bendine reconheceu que a empresa passou por momentos difíceis por conta de “malfeitos”, causados por algumas pessoas em atos isolados. Segundo ele, a Petrobras “é vítima do processo” e têm empregados comprometidos com um ideal. Por isso, acrescentou, eles se sentem envergonhados por aqueles que macularam o nome da empresa.
— A Petrobras está fazendo o possível para colaborar com o processo de investigação e queremos reforçar esse compromisso de passar a limpo os malfeitos. O passado nos serve de lição — afirmou.
O executivo pediu que a sociedade entenda o processo de reestruturação em curso para que seja diminuída a ansiedade relativa ao futuro da companhia.
— Não tenho duvida de que, olhando a gestão, doravante a cada mês, a cada trimestre e a cada ano, haverá a retomada da geração de resultados e de valor. Ela só precisa de um voto de confiança — concluiu.
Realizada no Plenário 19 da Ala Alexandre Costa, a audiência pública foi presidida pelos senadores Delcídio do Amaral (PT-MS) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).

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