Fonte: Novo
A Adutora do Alto Oeste finalmente entrou em operação, após três anos de atividade suspensa. A obra, considerada uma das mais importantes do interior do Rio Grande do Norte, vai abastecer 26 municípios da região, beneficiando mais de 208 mil pessoas. O valor investido para o sistema de abastecimento é de R$ 168,9 milhões. Desse total, R$ 11,9 milhões foram de contrapartida da atual gestão.
O governador Robinson Faria visitou 11 municípios do Alto Oeste no último dia 29 de dezembro e deu início à operação da adutora. Os municípios visitados foram Taboleiro Grande, Itaú, Rodolfo Fernandes, Severiano Melo, Riacho da Cruz, Umarizal, Olho d'água do Borges, Lucrécia, Frutuoso Gomes, Antônio Martins e João Dias.
Foi em Antônio Martins que o governador deu início à operação do equipamento de booster – ele impulsiona a água captada –, liberando a vazão de água que, afirmou Robinson, fará a diferença no cotidiano da comunidade local. Em João Dias – o último município visitado – o chefe do Executivo estadual disse estar satisfeito por finalizar esta obra, iniciada em gestões anteriores e com mais recursos. Ele classificou esse como um momento histórico.
“Governamos em meio a uma crise econômica, mas estamos conseguindo terminar essa obra tão significativa. O Rio Grande do Norte está de pé diante dessa crise sem precedentes, enquanto outros estados até mais desenvolvidos estão em situação menos favorecida. Estou executando uma obra que não prometi, mas que não tinha como deixar de lado, levando em consideração os cinco anos de seca que castigam a nossa população”, declarou Robinson.
Segundo a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), a adutora ainda está passando por uma fase de testes, começando exatamente pelos municípios de Antônio Martins e João Dias. A empresa estadual informou à reportagem que os municípios estão recebendo água, mas ainda não na capacidade total. Por isso ainda não saíram da situação de colapso no abastecimento.
No caso de Antônio Martins, localizado a 357 quilômetros de Natal, a previsão é que essa fase dure ainda por cerca de 30 dias. Já João Dias, a 372 km da capital, esse prazo se estende por 45 dias. Ao todo, de acordo com o titular da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Mairton França, a EIT – empresa que fez a obra da adutora – pediu dois meses para finalizar totalmente os testes e repassar a gerência das operações à Caern.
A adutora é abastecida pela barragem de Santa Cruz do Apodi, em Apodi, na Região Oeste. A Semarh está em alerta, já que o reservatório está com 19,25% de seu volume total. Mas Mairton França garante que isso não deve prejudicar a operação e o abastecimento dos sistemas dependentes dessa barragem. A Santa Cruz do Apodi ainda tem capacidade para operar nos próximos 25 meses, caso não chova na região, esclareceu o secretário.
Mairton França comemorou o início da operação da Alto Oeste. “O governador Robinson Faria retomou essa obra como prioridade número um devido à sua importância e urgência, já que a maioria dos municípios em colapso é da região do Alto Oeste”, comentou o secretário.
Desde 2009 segue a saga da adutora do Alto Oeste. Naquele ano as obras começaram, mas em 2010 foram paralisadas. Após reinícios e novas suspensões na construção, em 2015, após dois anos totalmente parado, o serviço voltou definitivamente, até sua conclusão em dezembro de 2016.
Chuvas devem cair em fevereiro
Uma das estratégias mais utilizadas no interior do estado para driblar a seca que já dura cinco anos é a perfuração de poços. Em 2016, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) implantou 698 poços, o que beneficiou em torno de 155 mil pessoas. A pasta ampliou em 63% o número de perfurações em relação a 2015, quando foram construídas 427 estruturas, o que beneficiou 95,5 mil pessoas. A expectativa para este ano é que 500 poços sejam perfurados.
Essa é a alternativa utilizada no interior enquanto não chove. O secretário de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Mairton França, afirma que a expectativa é que a chuva venha em fevereiro. Apesar de dizer que não sabe se será o suficiente para aliviar a situação atual de seca, o secretário espera que os reservatórios do estado ganhem uma recarga. Já no final de janeiro as primeiras precipitações devem chegar ao sertão, aponta França, baseado nos relatórios meteorológicos apresentados pela Emparn à secretaria.
As chuvas que caíram há algumas semanas, conta Mairton, não foram suficientes para recarregar os açudes potiguares. A barragem de Santa Cruz do Apodi, por exemplo, que abastece a adutora do Alto Oeste, está com apenas 19,25% de sua capacidade. Isso não preocupa, por enquanto.
Um reservatório considerado importante para o Rio Grande do Norte e está em situação crítica é a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, uma das maiores do estado. São 2,4 bilhões de metros cúbicos de água que podem ser armazenados. Ela abastece 37 cidades e quatro grandes adutoras potiguares. Entretanto, no momento ela está apenas 14,93% cheia e deve entrar em seu volume morto em junho deste ano, se não chover até lá.
“O nível da Armando Ribeiro Gonçalves nunca esteve tão baixo”, lamentou Mairton França, acrescentando, porém, que por enquanto não há previsão da operação no reservatório ser cortada.
Adutora deve tirar municípios do colapso
O Rio Grande do Norte possui atualmente 18 municípios em estado de colapso no seu abastecimento de água. A informação consta no boletim mais atualizado da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), de 30 de dezembro. A maioria dessas cidades está exatamente na região do Alto Oeste, mas a assessoria de imprensa do órgão gestor de águas explicou que a adutora, apesar de ter entrado em operação, ainda está em testes, não atuando com toda sua capacidade.
Somente com o reinício das obras da adutora do Alto Oeste, no início de 2015, seis cidades da região já saíram do colapso. Consta no relatório da Caern que 14 municípios da mesma região permanecem colapsados. Eles deverão sair dessa lista exatamente devido à operação integral da nova adutora do Alto Oeste, nos próximos meses. Completam o grupo de colapsadas outras quatro cidades do Seridó: Bodó, Cruzeta, Lagoa Nova, e Tenente Laurentino, aponta a Caern.
A empresa também indicou que 75 municípios passam por rodízio em seu abastecimento. Novamente, o Alto Oeste domina a lista, com 20 cidades. A população de outros 17 municípios do Seridó, 13 do Agreste, 13 do Oeste e 12 da região Central Potiguar também só possuem água nas torneiras de suas residências por meio de rodízio.
Carnaúba dos Dantas, por exemplo, só tem 24 horas de abastecimento. A distribuição de água na cidade do Seridó, localizada a 219 quilômetros de Natal, é cortada nas 24h seguintes, seguindo essa alternância durante a semana. Espírito Santo, no Agreste – a 69 km da capital potiguar –, tem 12h de abastecimento e 36h sem. Fernando Pedroza, na região Central e a 160 km de Natal, fica desabastecida todas as quartas e quintas-feiras. Por todo o interior do estado seguem sistemas de rodízio e de racionamento desse tipo.
[BOX] Municípios em colapso no abastecimento:
Região Alto Oeste:
1. Almino Afonso
2. Antônio Martins
3. Francisco Dantas
4. João Dias
5. José da Penha
6. Luiz Gomes
7. Marcelino Vieira
8. Paraná
9. Pilões
10. Rafael Fernandes
11. São Miguel
12. Serrinha dos Pintos
13. Tenente Ananias
14. Venha Ver
Região Seridó:
1. Bodó
2. Cruzeta
3. Lagoa Nova
4. Tenente Laurentino
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