FONTE:BBC
O presidente Donald Trump saudou o "grande retorno americano" em um discurso no Congresso que expôs divisões acentuadas no topo da política americana.
Em seu discurso anual sobre o Estado da União, Trump expôs seu caso por mais quatro anos no cargo.
Ele estava falando às vésperas de sua suposta absolvição por acusações de corrupção em seu julgamento de impeachment.
A certa altura, a presidente da Câmara Democrática, Nancy Pelosi, rasgou uma cópia de seu discurso atrás dele.
O presidente republicano proferiu o discurso nacionalmente televisionado na noite de terça-feira na Câmara dos Deputados, controlada por democratas, onde foi preso em dezembro.
Seu julgamento na câmara alta, o Senado, culmina na quarta-feira, mas com os republicanos no comando lá, ele tem quase certeza de ser liberado e escapar do cargo.
Trump não mencionou o impeachment em seu discurso, apesar de ter batido nos democratas.
Os parlamentares republicanos gritaram "mais quatro anos" enquanto Trump se preparava para falar, pedindo-o para a eleição de novembro na Casa Branca.
Por que Trump e Pelosi se chocaram?
Pelosi foi uma das críticas mais ferozes do presidente - foi ela quem lançou os esforços formais de impeachment no ano passado. Trump frequentemente a insulta como "Nancy Louca".
Foi a primeira vez que os dois ficaram cara a cara desde que ela saiu de uma reunião da Casa Branca há quatro meses.
Antes de Trump começar a falar no pódio no poço da Câmara, ele pareceu desprezar a mão estendida da senhora Pelosi, a mais poderosa democrata eleita dos Estados Unidos.
Os críticos notaram que o orador da Câmara pulou a introdução tradicional de boas-vindas ao presidente como uma "honra distinta".
Quando o presidente acusou os democratas de planejar forçar os contribuintes americanos a fornecer assistência médica gratuita e ilimitada a imigrantes sem documentos, Pelosi foi observada duas vezes dizendo: "Não é verdade".
Ela surpreendeu os espectadores ao rasgar uma cópia dos comentários do presidente quando ele concluiu.
Pelosi disse aos repórteres depois que seu gesto era "a coisa cortês a se fazer, considerando as alternativas".
Ela se levantou para aplaudir o presidente mais de uma vez, inclusive quando ele promoveu seu projeto de investimento em infraestrutura, uma possível área de cooperação bipartidária.
O que mais o presidente disse?
Trump fez uma nota otimista em um discurso com duração de uma hora e 18 minutos que contrastava fortemente com seu lamento de "carnificina americana" em seu discurso presidencial de 2017.
Em uma repreensão implícita ao seu antecessor Barack Obama, o presidente disse à platéia: "Em apenas três curtos anos, destruímos a mentalidade do declínio americano e rejeitamos a redução do tamanho do destino americano.
"Estamos avançando em um ritmo inimaginável há pouco tempo, e nunca mais voltaremos!"
Trump passou várias vezes contra os democratas, incluindo candidatos de esquerda como Bernie Sanders, que disputam desafiá-lo à presidência.
"Nunca deixaremos o socialismo destruir os cuidados de saúde americanos!" disse o presidente, cujos críticos apontam que ele não apresentou um plano de saúde próprio.
Quem mais estava lá?
Como é tradição, o presidente convidou vários convidados especiais, incluindo o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó, veteranos militares e irmão de um homem morto por um imigrante sem documentos.
Em uma medida que enfurecerá os críticos liberais, Trump anunciou que concederia a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honra civil da América, a firmar o radialista conservador Rush Limbaugh, que revelou esta semana que tem câncer de pulmão.
A primeira-dama Melania Trump concedeu a honra a um emocionado Sr. Limbaugh enquanto o presidente falava.
Um manifestante foi escoltado da câmara enquanto Trump defendia os direitos das armas. Foi Fred Guttenberg, pai de Jaime Guttenberg, um estudante morto em um tiroteio em uma escola de massa em Parkland, Flórida, em fevereiro de 2018.
Guttenberg foi convidado da senhora deputada Pelosi.
Como os democratas reagiram?
Todos os anos após o discurso do Estado da União, um membro do principal partido da oposição é encarregado de responder e este ano cabe ao governador de Michigan, Gretchen Whitmer.
Ela acusou o presidente de não conseguir resolver os problemas da América. "As pessoas que sofrem bullying no Twitter não consertam pontes - elas as queimam", disse ela.
Como fizeram no ano passado, muitas democratas do sexo feminino - incluindo Pelosi - vestiram branco como homenagem aos sufragistas que conquistaram o voto para as mulheres americanas há um século.
Vários parlamentares democratas liberais, incluindo Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, e Maxine Waters, da Califórnia, boicotaram o discurso de Trump.
Ocasio-Cortez twittou que "não usaria minha presença em uma cerimônia estadual para normalizar a conduta ilegal de Trump e a subversão da Constituição".
Outros democratas de esquerda, incluindo Rashida Tlaib, de Michigan, saíram durante o discurso de Trump.
Quem foi o sobrevivente designado?
Como é tradicional no Estado da União, um membro do gabinete do presidente não compareceu ao discurso.
Ele ou ela permanece em um local secreto para garantir que o governo possa continuar caso a calamidade aconteça ao presidente, vice-presidente e outros líderes do país.
Essa pessoa, conhecida como sobrevivente designado, era o secretário do Interior David Bernhardt na noite de terça-feira.
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