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sábado, 27 de agosto de 2022

Reino Unido anuncia novo premiê em 10 dias; veja 5 fatos para entender a eleição


Faltando dez dias para que o novo primeiro-ministro do Reino Unido seja anunciado, as pesquisas indicam que o Partido Conservador deve escolher a secretária de Relações Exteriores de Boris Johnson, Liz Truss, como sua líder.

Cerca de 200 mil membros do partido estão votando entre um dos dois competidores, enquanto Truss e Sunak cumprem agenda de campanha. O resultado será anunciado em 5 de setembro.

Confira abaixo cinco fatores que ajudam a entender a decisão:

1) O que está em jogo

Após renunciar a um mandato repleto de escândalos, Boris Johnson deixará o governo do Reino Unido em meio a uma alta histórica dos preços.

inflação anual atingiu 10,1% em julho, segundo dados publicados pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) — atingindo um novo recorde em 40 anos.

No início do mês, o Banco da Inglaterra elevou as taxas de juros em 50 pontos-base para 1,75% — o maior aumento em 27 anos — e disse que espera que a economia britânica entre em recessão até o fim do ano.

A nação enfrenta ainda uma disparada nas contas de energia desde que os preços subiram na Europa no último outono, conforme a demanda aumentava com a suspensão das restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a crise se acentuou.

O Escritório de Estatísticas Nacionais disse na última semana que os preços do gás natural no Reino Unido subiram quase 96% no ano até julho, enquanto os preços da eletricidade subiram 54%.

Em visita a Kiev, na Ucrânia, nesta semana, Boris Johnson culpou o presidente russo, Vladimir Putin, pelo cenário. “E eu vim do Reino Unido, onde estamos lutando contra a inflação que está sendo impulsionada pelo aumento nos preços da energia causado pela guerra de Putin”, disse.

A inflação anual dos preços ao consumidor de gás e eletricidade no Reino Unido deve subir para uma média de cerca de 80% este ano, em comparação com uma média de 40% nos 19 países que usam o euro, segundo análise do Deutsche Bank.

2) Quem são os candidatos

Pelas regras do sistema britânico, quando um premiê não cumpre todo o mandato, o partido do qual ele faz parte deve escolher um novo líder. Nesse caso, o Partido Conservador é responsável por escolher o próximo primeiro-ministro até que ocorram eleições gerais novamente.

A corrida pela liderança na legenda começou com dez candidatos e, após cinco rodadas de votação, Liz Truss e Rishi Sunak foram escolhidos, em 20 de julho, como finalistas. Sunak ganhou 137 votos contra 113 de Truss na rodada final.

Liz Truss


A candidata acompanha Johnson desde o início de seu governo, permanecendo após todos os escândalos que perpassaram o mandato iniciado em 2019. Na polêmica final que levou à renúncia de Johnson e de uma série de membros do governo, envolvendo a nomeação de Chris Pincher, ela justificou que se manteria no cargo por estar coordenando a resposta do Reino Unido à invasão da Ucrânia.

Durante o Brexit, a conservadora votou pela permanência do Reino Unido na União Europeia. Agora, Truss apoia o acordo, considerando que seus receios de que a saída poderia causar “interrupção” não estavam certos.

Em sua campanha para assumir a liderança do partido e, consequentemente, o posto de primeira-ministra, a secretária tem defendido uma agenda conservadora, se comprometendo a reduzir impostos, romper as regulamentações da UE e incentivar o crescimento do setor privado com impostos corporativos baixos.

Truss também se diz determinada a entregar o projeto de lei do Protocolo da Irlanda do Norte — relativo a um desacordo com a UE sobre como lidar com acordos alfandegários de mercadorias que viajam entre Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.

Rishi Sunak

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Recentemente, foi pressionado por questões ligadas à situação fiscal de sua esposa, Akshata Murthy, uma multimilionária que mora na Índia. Caso vença a disputa, também deve ser criticado pela oposição por ter sido multado no mesmo evento do “Partygate” em que Johnson esteve, durante o lockdown provocado pela pandemia.

Assim como Truss, o candidato também pode ser questionado por sua lealdade a Johnson, embora, em seu caso, tenha renunciado no escândalo envolvendo Pincher. Porém, diferentemente de sua adversária, no que diz respeito ao Brexit, Sunak defendeu a saída do Reino Unido do bloco enquanto andava o acordo.

Recentemente, em uma entrevista à revista “Spectator”, o ex-ministro das finanças criticou as medidas adotadas em combate à pandemia. Sunak disse que o governo estava “errado em assustar as pessoas” sobre o coronavírus.

3) Como funciona a votação

Para eleger o novo líder do partido e primeiro-ministro do Reino Unido, os conservadores podem votar até as 17h da próxima sexta-feira, 2 de setembro. De acordo com informações da legenda, os votos recebidos após esse horário não serão contabilizados.

O membro votante precisa ter ao menos três meses integrando a legenda, contados anteriormente ao dia em que se encerra a eleição, para estar apto a participar. Isso significa que serão considerados apenas os partidários atuais que ingressaram em ou antes de 3 de junho de 2022 — o que resulta em cerca de 200 mil pessoas.

As cédulas de votação estão sendo enviadas por correio.

4) O que dizem as pesquisas

Logo após os finalistas serem escolhidos, Sunak chegou a ser apontado como favorito. Mas as pesquisas de intenção de voto demostraram o contrário, e Truss lidera a disputa com ampla vantagem.

Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto YouGov para a Sky News, divulgada no último dia 18, a secretária de Relações Exteriores está 32 pontos percentuais a frente de seu adversário. Truss estava com 66% das intenções de voto, enquanto Sunak tinha 34% e 13% disseram estar indecisos ou que não votarão.

Em 13 de agosto, uma pesquisa da Opinium Research apontou uma diferença de 22 pontos percentuais entre os dois candidatos: de 450 membros do Partido Conservador que decidiram seus votos nas eleições de liderança em andamento, Truss apresentava 61% das intenções, enquanto Sunak tinha 39%.

De acordo com a Opinium, as três principais razões para apoiar Truss foram a antipatia por Sunak, a percepção de que ela era mais confiável e sua lealdade a Johnson. Já os que defendem o ex-ministro das Finanças dizem que ele é melhor na economia e o mais competente ou inteligente dos dois candidatos.

5) Quais são as propostas da favorita

A principal aposta de Liz Truss para lidar com a situação econômica do Reino Unido, caso vença a disputa, é investir no corte de impostos. A conservadora pretende aplicar um conjunto de cortes de impostos de renda pessoal e empresarial no valor de mais de 30 bilhões de euros (o equivalente a cerca de R$ 151 bilhões na cotação atual), de acordo com estimativas do Instituto de Estudos Fiscais.

Truss pretende ainda reverter um aumento do imposto de renda (que foi estabelecido em abril) e não cumprir os planos de aumentar os impostos sobre empresas no próximo ano de 19% para 25% — como medida para lidar com o pós-pandemia.

A secretária de Relações Exteriores propõe também aumentar os gastos com defesa, sob a justificativa de “proteger as fronteiras”, e expandir o contingente policial.

“É uma visão de uma economia de impostos baixos com uma administração econômica sólida, que coloca a liberdade e a responsabilidade pessoais no centro de tudo o que fazemos e está do lado das pessoas trabalhadoras”, resume sua proposta.

 

*Com informações de Anna Cooban, Jack Guy e Luke McGee, da CNN, e da Reuters


 

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