Divulgação: UNICA
Realizado em Busan, na Coreia do Sul, no final de agosto, o 16º Clean Energy Ministerial (CEM16) reuniu ministros, reguladores, especialistas e empresas de diversos países para discutir cooperação internacional e soluções para acelerar a transição energética.
O CEM16 é um dos fóruns mais importantes sobre o futuro da energia. Integrante da delegação brasileira, o presidente da União de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Evandro Gussi, destacou a importância de reforçar o papel estratégico do etanol e dos biocombustíveis na descarbonização do transporte e na preparação para a COP30, que será sediada pelo Brasil, em novembro, na cidade de Belém (PA).
Nesta entrevista à CNN, Gussi dá mais detalhes sobre os temas discutidos no fórum da Coreia do Sul e que devem reverberar na COP30.
Qual a importância do encontro internacional realizado em Busan, na Coreia do Sul?
O CEM16 é hoje um dos fóruns mais relevantes do mundo para debater o futuro da energia. Para nós, representa a oportunidade de mostrar que o Brasil não é apenas parte da transição energética global, mas um protagonista.
Temos resultados concretos, uma experiência de décadas com o etanol e os biocombustíveis e um modelo que pode inspirar outras regiões a acelerarem suas metas de descarbonização.
Além disso, trata-se de um encontro que antecede a COP30 e que ajuda a preparar terreno para que o Brasil chegue à cúpula ainda mais fortalecido, levando propostas e exemplos que unem sustentabilidade e desenvolvimento.
Quais os principais objetivos da UNICA no encontro?
Nossa participação teve como missão reforçar três pontos essenciais: apresentar ao mundo os resultados do setor sucroenergético brasileiro, com destaque para o etanol e demais biocombustíveis; defender regras internacionais justas e harmonizadas para cálculo de emissões; e abrir espaço para que o modelo de bioenergia do Brasil seja reconhecido como uma referência capaz de orientar a transição energética em escala global.
Que balanço o senhor faz dessa participação?
O balanço é extremamente positivo. O Brasil tem mostrado ao mundo que é possível unir competitividade com sustentabilidade.
Em Busan, reforçamos o papel do nosso setor como referência em energia limpa, ampliamos diálogos estratégicos com outros países e consolidamos a mensagem de que os biocombustíveis brasileiros são parte essencial da solução para uma transição justa, inclusiva e sustentável.
Qual a importância da presença brasileira neste encontro?
A presença do Brasil é estratégica porque dá voz a uma experiência única no mundo: a de um país que já possui, em larga escala, uma matriz energética limpa, inovadora e acessível.
Estar em Busan significa mostrar ao mundo que o Brasil pode liderar esse debate, oferecendo soluções reais que unem desenvolvimento econômico, geração de empregos e preservação ambiental, defendendo uma abordagem agnóstica, tecnologicamente neutra e adequada às diferentes realidades para a transição energética.
Quais foram os principais temas discutidos no evento em Busan?
O CEM16 tratou dos grandes desafios da transição energética global. Foram debatidos cooperação internacional, combustíveis do futuro, com destaque para biocombustíveis e hidrogênio, inovação tecnológica, modernização das redes elétricas, mobilidade de baixo carbono e estratégias para atender à crescente demanda de energia, especialmente diante do avanço da inteligência artificial.
Também foi lançada uma declaração histórica sobre estilos de vida sustentáveis e justiça energética, da qual o Brasil foi signatário, reforçando a importância de uma transição que seja inclusiva e adequada à realidade de cada país. Houve ainda um fórum inédito de reguladores, para dar mais segurança jurídica às políticas de descarbonização.
No campo da bioenergia, tiveram destaque as discussões promovidas pela Biofuture Campaign, iniciativa do CEM que promove a colaboração entre governos, indústrias e sociedade civil para acelerar a transição para uma bioeconomia circular e sustentável.
Nesse campo, defendemos a adoção de metodologias internacionais baseadas em ciência, como a análise de ciclo de vida, para medir emissões com transparência. Esse é um passo fundamental para garantir que os atributos ambientais do etanol brasileiro sejam reconhecidos e valorizados globalmente.
CNN
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