Unsplash/ John Schnobrich
Na última década, as plataformas digitais têm gerado mudanças estruturais na economia global. O Brasil não é exceção. O aumento exponencial da conectividade trouxe consigo o crescimento do trabalho em aplicativos, reduzindo o desemprego no país.
A conclusão é de um estudo do pesquisador Daniel Duque, do FGV/Ibre, mostra que, sem as plataformas digitais, a taxa de desemprego atual do Brasil seria cerca de 1 ponto percentual maior.
O país tem hoje a menor taxa de desocupação da história, de 5,6% no trimestre encerrado em setembro, repetindo a menor taxa da série histórica que teve início em 2012.
De acordo com o estudo, a ocupação entre o grupo considerado altamente exposto à tecnologia aumentou na última década, atingindo cerca de 3 p.p. (ponto percentual) em relação aos pouco expostos. O grupo daqueles que mais utilizam as ferramentas digitais é formado predominantemente por homens moradores de capitais e que possuem entre 25 e 29 anos.
"A pandemia expandiu fortemente a demanda por entregas e mobilidade sob demanda, elevando a densidade dos mercados de plataforma. Com mais usuários e mais trabalhadores, o matching ficou mais rápido e previsível", escreve Duque em seu estudo.
Entre 2015 e 2025, enquanto a população ocupada no país cresceu cerca de 10%, o número de trabalhadores por aplicativos aumentou 170%, passando de cerca de 770 mil para 2,1 milhões, segundo dados do BC (Banco Central).
Além dos efeitos no mercado de trabalho, o estudo também trouxe diferença na renda daqueles que trabalham em aplicativos. O resultado aponta para um rendimento mensal R$ 300 mais alto do que a média da população com menor probabilidade de atuar nas plataformas.
"Parte do crescimento pode refletir mais horas trabalhadas (extensiva/intensiva) em vez de maior preço por hora; mesmo assim, do ponto de vista do bem-estar do domicílio, o aumento de renda e a queda de volatilidade são relevantes", pontua o pesquisador.
No entanto, o pesquisador chama a atenção para as diferenças geográficas e de infraestrutura. Segundo ele, os efeitos médios nulos sobre a taxa de domicílios abaixo de meio salário mínimo no agregado indicam que a margem de alívio concentra-se em locais com boa infraestrutura digital, o que levanta a agenda de desigualdade territorial.
CNN
Nenhum comentário:
Postar um comentário