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sábado, 24 de junho de 2023

Dez anos após início do Pró-Sertão, oficinas batem 1 milhão de peças produzidas por mês



divulgação


Lançado em agosto de 2013, para impulsionar a indústria têxtil e de confecções no interior do Rio Grande do Norte, o programa Pró-Sertão contabiliza bons resultados, embora ainda esteja distante de atingir o nível de crescimento projetado, a princípio, para 2017 – 300 oficinas em atividade. No entanto, em uma década, a evolução é pujante: o número de facções têxteis saltou de 12, em quatro municípios, para 124, em 35 cidades potiguares em 2023. Juntas, elas empregam quase cem vezes mais que no início. Somam cerca de 4.000 empregados ante os 40 de 2013, e, em maio deste ano, superaram a marca de 1 milhão de peças confeccionadas por mês.

Esse volume, informado pela Associação Seridoense de Confecções (Asconf), considerando apenas a produção direcionada para a indústria Guararapes, é 290 vezes maior que o inicial, 3,5 mil peças mensais. E representa algo em torno de 25% da produção da Guararapes.  Os demais dados foram apurados junto às instituições e entidades que formam a cadeia de apoio às oficinas. 

“É importante que a gente enxergue o crescimento permanente desse programa (o Pró-Sertão), inclusive contratando pessoas. Em 2022, fechamos o ano com uma produção superior a 6,3 milhões de peças e mais de R$ 90 milhões circularam dentro dessas oficinas. É um setor industrial que se desenvolveu bastante,  que existe de forma muito sólida, no Estado, por sua capilaridade, pelo número de pessoas, de empresas e de municípios envolvidos”, afirma o diretor regional do Senai RN, Rodrigo Mello.

O Pró-Sertão partiu de uma iniciativa do Governo do Estado, na gestão Rosalba Ciarlini, quando o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico era o atual senador Rogério Marinho (PL), ganhando rapidamente o suporte da Federação das Indústrias do RN (Fiern), do Sebrae e de empresas do setor têxtil, sob liderança do grupo Guararapes, que à época projetava expansão no Estado. A meta do programa era transformar o Seridó potiguar em um polo nacional de confecções.

“Todo o suporte criou um ambiente favorável ao bom desempenho dessas atividades, mas duas coisas foram decisivas. Primeiro, a existência da demanda, naquele momento inicial, especialmente, puxado pelo grupo Guararapes e, agora, por vários atores. Sem ela, isso (o programa) não teria acontecido. E, por outro lado, a natural capacidade empreendedora do povo potiguar. Se não houvesse a demanda, o interesse e a capacidade de montar, de construir a resposta, isso não teria acontecido”, analisa o diretor regional do Senai, instituição que concentra, junto com o Sebrae, a qualificação da mão-de-obra do setor.

O programa nasceu sobre a liderança industrial do grupo Guararapes, mas, atualmente, explica Rodrigo Mello, existe uma gama de empresas, inclusive de outros estados, como Pernambuco e Paraíba, que vêm buscar no RN essa solução de produtos pela qualidade da produção, que evoluiu, nos últimos dez anos, a partir da rede de capacitação estruturada para atender a demanda das oficinas e das empresas contratantes.

“Lá, no princípio, nós (o Senai, junto com o Sebrae) trabalhávamos, especialmente, gerando capacitação em produto para que as pessoas soubessem fazer basicamente aquela primeira entrega. Hoje, nós estamos em um momento totalmente diferente, as nossas qualificações são voltadas à melhoria da eficiência, da produtividade, da qualidade, do controle de processo. Enfim, são palavras de um outro nível, não se trata só de corte e costura, mas de aprender a desenvolver o produto e ganhar mercado”, analisa o diretor regional do Senai.

O secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Torquato, avalia que a vocação e habilidade manual do potiguar deram base às oficinas. “Hoje, a produção das oficinas de costura no interior do Estado é um sucesso, atuando com sustentabilidade, e o governo do Estado está trabalhado com muita dedicação para que o programa cresça ainda mais, porque essas oficinas têm muita importância para a indústria de confecções do Rio Grande do Norte”, afirma Silvio Torquato.

‘Cadeia está em um momento profissional”

O vice-presidente da Associação Seridoense de Confecções (Asconf), Luiz Lupércio, avalia que a cadeia de oficinas de costura do programa Pró-Sertão, atualmente, se encontra num momento profissional. “Ao longo desses dez anos de interiorização da indústria houve uma profissionalização dessa cadeia, e ela evoluiu, talvez não no nível inicialmente projetado, mas evoluiu bem”, analisa o dirigente.

Ela observa que fatores econômicos externos trouxeram cenários muito complexos e, por isso, “o crescimento que se sonhou lá atrás não aconteceu na escala pretendida, mais por prudência, por cuidado com a atividade dos empregos que foram gerados no interior do Estado do Rio Grande do Norte”. 

O programa, que teve momento fragilizado devido à pandemia de covid-19, “está hoje muito fortalecido”. “Eu vejo as pessoas muito confiantes com  a atividade, as oficinas se importando com o que elas geram, com o emprego direto das pessoas nas cidades contempladas”, afirma o dirigente da Asconf. 

Luiz Lupércio comenta que, dez anos após o início do Pró-Sertão, as expectativas são de expansão. “Há uma boa perspectiva para o setor, porque há uma solidez, uma conformidade com as leis, já fomos auditados diversas vezes e a confiabilidade é muito grande, então há lastro para crescer”, afirma. Ele destaca a rede de apoio que se formou, com instituições do Sistema S, que focam na qualificação da mão-de-obra. 

Maria Luciene Pontes, diretora do Centro de Educação e Tecnologias Aluísio Bezerra (CETAB), referência do SENAI em educação profissional na região de Santa Cruz, entende que o Pró-Sertão tem muita margem para crescer. “Nós temos margem primeiro porque nós trabalhamos um programa que não precisa de água, então a nossa seca não vai interferir neste programa, e isso é um ponto positivo. Outra coisa é porque tem toda uma chance de aumentar a nossa produção, de atrair novas empresas que comprem os produtos das nossas oficinas. O Instituto Riachuelo, por exemplo, está investindo fortemente no algodão aqui no Estado, e Jardim do Seridó é o primeiro ponto onde eles estão fazendo isso porque eles pretendem, no futuro, também já fabricar seus próprios tecidos. Esse é mais um outro ponto muito forte”, comenta.

Cadeia de valor exige certificação pela ABVTEC 

Todas as 124 oficinas de costura, vinculadas ao programa Pró-Sertão, são certificadas pela Associação Brasileira do Vestuário (ABVTEC), composta por grandes redes de varejo. “Numa forma de garantir a transparência e a sustentabilidade de sua cadeia essas grandes varejistas criaram esse selo para que seus fornecedores utilizassem. Ele prega pelo trabalho correto, ético, contra o trabalho análogo à  escravidão e o trabalho infantil”, explica Verônica Melo, gestora de projetos da Confecção, do Sebrae/RN. 

Há, segundo ela, há toda uma série de exigências para que as oficinas tenham essa classificação, e desde 2017, as oficinas da cadeia da moda têm esse selo e vêm obtendo as renovações anuais. “Isso é muito importante para fortalecer essa atividade, que tem uma grande relevância para as comunidades porque uma oficina dessa aberta, num município, tem seus 30 funcionários, é muito emprego girando e isso reverbera para a economia local. É uma injeção de recurso muito grande, porque desenvolve também os outros setores da economia, como o mercadinho, o supermercado, a farmácia, o salão de beleza”, disse.

Verônica comenta que ao analisar os gráficos do Pró-Sertão se verifica um crescimento vertiginoso de 2021 para 2022, tanto na abertura de oficinas de costura, como na geração de empregos. Em  2020, eram 78 oficinas, que geravam 2262 empregos; em  2021, o número de oficinas passou para 92 oficinas, com  2668 empregos gerados; em  2022, o programa já contabilizava  111 oficinas  e 3219 empregos gerados. 

“Isso mostra o interesse que essa cadeia gera. É uma estratégia interessante para essas grandes redes de magazine ter o serviço de oficinas de costura na sua cadeia de valor e, principalmente, pensando nessa cadeia produtiva certificada pela ABVTEC”, disse ela. As oficinas, completa a gestora, apresentam-se como um diferencial para essas redes de magazine, porque elas cumprem as exigências, mostrando que trabalham de forma legal e com qualidade. “Então isso é um grande diferencial para as empresas virem produzir aqui no Rio Grande do Norte”, analisa.

Panorama da costura
Evolução do setor têxtil e do programa Pró-Sertão

O setor têxtil antes do programa
90 oficinas de costuras 
230 mil peças por mês
2.250 empregos gerados 

A evolução das oficinas de costura do Pró-Sertão nos últimos 10 anos

Primeiro ano do programa (2013)
12 oficinas de costuras
4 municípios
3,5 mil peças produzidas por mês
40 empregos gerados

Dez anos do programa (2023)
124 oficinas de costuras
35 municípios
1 milhão de peças produzidas por mês
4.000 empregos gerados

25% 
da produção da Guararapes vêm das oficinas do Pró-Sertão

R$ 90 milhões 
foi o volume de recursos financeiros movimentados em 2022 no interior do RN

A Tribuna do Norte publicará outras duas reportagens dentro da série “Tecendo fios, transformando vidas”, nas edições da terça-feira (27) e quarta-feira (28) 

Fontes: Asconf; Senai/RN, Sebrae e Fiern 

 

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