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domingo, 9 de abril de 2017

Trump abre nova frente na guerra síria


Donald Trump fala ao microfone

Fonte: Dw

A vitória militar estava próxima, talvez já estivesse até garantida. De cidade em cidade, de região em região, nos últimos meses o regime sírio, apoiado pela Rússia, o Irã e o Hisbolá, vinha retomando o poder, readquirindo controle sobre os territórios ocupados pelos rebeldes, tanto laicos como fundamentalistas islâmicos.
"Não existe outra opção, senão vencer", declarava o presidente Bashar al-Assad recentemente, em entrevista ao jornal croata Vecernji List. Ele apresentava a vitória como dever político: "Se não vencermos esta guerra, a Síria desaparecerá do mapa." Por isso seu governo não tinha alternativa senão se embrenhar na guerra.
A entrevista se realizou ainda na semana passada, Por que, diante do triunfo militar iminente, poucos dias depois o regime de Assad lançou um ataque com gás tóxico num bairro habitado por civis da cidade de Khan Cheikhun, como sugerem numerosos indícios, é difícil de explicar.
Em princípio, para Assad todos os meios são válidos: as vítimas da ofensiva química se reúnem aos milhões de outros sírios, desalojados, feridos ou mortos pelo regime, pontifica o jornal Al-Araby al-Jadeed.
No entanto o regime deveria saber que estava ultrapassando uma "linha vermelha" com o emprego do gás tóxico. Até porque em 2013 ele já lançara um ataque químico contra a própria população. O então presidente americano, Barack Obama, chegou a anunciar que puniria o ato com sanções, mas não concretizou a ameaça.
Base aérea de Al-Shairat após bombardeio
De vilão a esperança da oposição síria
Em tais circunstâncias, afirma o analista político Abdelrahman al-Rachid, em artigo no jornal Sharq al-Awsat, um único motivo explica a ofensiva com gás tóxico: "Os aliados da Síria, sejam os russos ou os iranianos, querem testar o campo de ação e o poder de determinação de Assad. Possivelmente querem também tentar debilitá-lo. Afinal de contas, o próprio Trump criticara a fraqueza do governo Obama por ocasião do primeiro ataque químico."
Embora russos e iranianos rechacem a tese de um bombardeio químico pelo regime Assad, agora é patente que a administração Trump está decidida a intervir no conflito sírio. O ataque com mísseis contra a base aérea síria de Al-Shairat, ordenado pelo presidente americano na madrugada da sexta-feira (07/04), pode ser interpretado como uma mensagem, a Assad e a ambas as potências que o protegem, de que os Estados Unidos não estão mais dispostos deixá-los agirem sozinhos na Síria e na região.
Essa dinâmica também já se anuncia no campo diplomático: a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, caracterizou o presidente sírio como "criminoso de guerra". Fato que representantes da oposição síria avaliam como sinal positivo.
"De repente, vemos que Assad é tratado com mais seriedade por Trump do que foi por Obama", comenta o oposicionista fundador do Partido da Modernidade e Democracia Firas Qassas, que atualmente vive exilado na Alemanha. Ele não descarta que a ofensiva americana possa reverter a atual evolução do conflito em favor dos interesses da oposição secular síria. "Talvez encontremos em Trump, de fato, um real parceiro para transformar a Síria num país verdadeiramente livre e democrático". especula Qassas.Embaixadora Nikki Haley exibiu na ONU fotos de vitimas do gás tóxico

Ação com consequências em aberto
Outras vozes são menos otimistas. Abdel Bari Atwan, influente colunista da revista online Rai al-Youm, teme que possa ocorrer uma escalada militar, inclusive com uma confrontação entre os EUA e a Rússia, "que poderá se prolongar por anos e adotar uma trajetória imprevisível".
Certo está que há muito em jogo no Oriente Médio. A Síria é o epicentro de um confronto envolvendo protagonistas nacionais, regionais e internacionais. Agora Washington pode ter dado um passo que fará o conflito até então latente desembocar em embate aberto.
 
Assistir ao vídeo01:19

As justificativas de Trump para ataque à Síria

Escrevendo para o jornal Al Hayat, a analista Raghida Dergham presume: Trump pode ter reconhecido que, no contexto da atual situação, não há campo para negociar com seu homólogo russo, Vladimir Putin. Além das razões internas – após uma série de derrotas na política doméstica, Trump precisa urgentemente de vitórias – essa urgência tem sobretudo motivos externos, já que o resultado da guerra da Síria poderá acarretar uma reorganização fundamental da região – para desvantagem dos EUA.
Caso Assad vença, Teerã estará significativamente mais perto da meta de uma faixa de terra de dominação xiita, indo desde o Irã até o Líbano. "A administração Trump não pode aceitar a ligação estreita de Moscou com a Síria e o Irã", explica Dergham. "Pois, em troca de seu engajamento do lado de Moscou, o Irã exigirá que a Rússia abone o projeto da lua crescente xiita."
E isso é justamente o que os EUA, tradicionalmente aliados das nações sunitas, não podem permitir. O país já perdeu grande parte de seu peso político, sobretudo durante os anos Obama, e poderá cair ainda mais, caso mantenha um curso reticente.
Agora Trump reagiu, numa ação com consequências em aberto. Muito é possível, observa Abdelrahman al-Rashid: o ataque poderá suscitar confrontos diretos entre os EUA e a Síria, assim como os aliados desta, ou o recrudescimento do terrorismo xiita. Também não estão descartados ataques contra alvos dos EUA no Iraque e sequestros de cidadãos americanos no Líbano, enumera o politólogo árabe.
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