Lançar poeira da Terra exigiria enormes recursos, embora fosse a maneira mais eficaz de proteger a Terra, dizem os cientistas. Mas poderia ser muito mais barato usar a poeira da Lua. O trabalho deles simulou os efeitos de atirar poeira de uma plataforma na Lua em direção ao Sol. Eles descobriram que as propriedades da poeira que formam a superfície lunar significam que ela funciona efetivamente como um protetor solar – o que é importante, já que muito dela será necessária.
“É incrível contemplar como a poeira lunar – que levou mais de quatro bilhões de anos para ser gerada – pode ajudar a retardar o aumento da temperatura da Terra, um problema que levou menos de 300 anos para ser produzido”, diz o coautor do estudo, Scott Kenyon, da Centro de Astrofísica.
Mas outros cientistas não envolvidos no trabalho disseram que, embora a pesquisa para estabelecer a viabilidade da poeira fosse boa, ela poderia desviar a atenção de maneiras mais fáceis e imediatas de proteger a humanidade.
“Colocar a poeira da lua no ponto médio da gravidade entre a Terra e o Sol pode, de fato, refletir o calor com a forma de partícula certa, no tamanho certo e exatamente no lugar certo”, disse Stuart Haszeldine, da Universidade de Edimburgo. “Mas isso é como tentar equilibrar bolas de gude em uma bola de futebol, em uma semana a maior parte da poeira saiu da órbita estável.
“É por isso que não há acúmulo natural de poeira neste ponto astronômico. Existem métodos mais fáceis para diminuir o aquecimento da Terra, e os humanos agora deveriam estar adotando esses métodos para reparar o clima”.
Joanna Haigh, professora emérita de física atmosférica no Imperial College London, alertou que a pesquisa “cuidadosamente considerada” e “robusta” pode justificar a inação. “Talvez o principal problema, no entanto, seja a sugestão de que a implementação de tais esquemas resolverá a crise climática, enquanto apenas dá aos poluidores uma desculpa para não agir”, disse ela.
“Não somos especialistas em mudanças climáticas ou na ciência espacial necessária para mover massa de um lugar para outro. Estamos apenas explorando diferentes tipos de poeira em uma variedade de órbitas para ver o quão eficaz essa abordagem pode ser. Não queremos perder uma virada de jogo para um problema tão crítico”, disse Ben Bromley, professor de física e astronomia da Universidade de Utah e principal autor do estudo.
Um problema potencial do plano é que a poeira precisa ser reabastecida a cada poucos dias, porque a radiação do Sol a empurra pelo sistema solar e a dispersa. Mas os pesquisadores observam que isso também significaria que o protetor solar é temporário e não cairia na Terra ou bloquearia totalmente o Sol, evitando um cenário distópico em que a Terra se tornasse permanentemente fria e inabitável.
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