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domingo, 24 de janeiro de 2016

Esperança jogada fora


Fonte: IstoÉ

Enquanto cerca de mil e quinhentas pessoas, muitas das quais entre a vida e a morte, aguardam até 36 meses na fila por um transplante, medulas ósseas doadas por voluntários têm sido descartadas no País por absoluto descaso. A gravíssima e ao mesmo tempo desalentadora e triste revelação foi feita em outubro, em Brasília, durante reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No encontro destinado a discutir os problemas enfrentados pelos gestores da área, o presidente do Conass, João Gabbardo dos Reis, representante do Rio Grande do Sul no colegiado, expôs o tétrico problema. Segundo ele, por falta de recursos, Secretarias de Saúde estão deixando de realizar os testes de compatibilidade em parte do material coletado entre os voluntários. Com isso, o material doado é descartado, jogado fora. Disse Gabbardo: “Como é que nós faríamos uma campanha de doação (de medula óssea), de estimulação para uma campanha de doação se eu não consigo nem mesmo fazer os exames, os testes das pessoas que fizeram a doação?”, questionou ele, segundo ata à qual ISTOÉ teve acesso. De acordo com o secretário de Saúde gaúcho, o Rio Grande do Sul contabilizava mais de três mil amostras na mesma situação no ano passado. Ou seja, com material coletado, depois desprezado, por não ter sido submetido aos testes indicativos da identidade genética entre indivíduos. “Têm vários estados que durante o ano tiveram quantitativo de doação muito superior àquilo que é estabelecido pelo Ministério da Saúde”, afirmou.
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O Ministério da Saúde limita a quantidade de novos potenciais doadores a serem incluídos nos bancos de medula óssea. Existe no País o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Hoje, são mais de 4 milhões de pessoas cadastradas no sistema - em 2003, eram apenas 300 mil. A partir de 2012, por considerar a base ampla, o governo federal decidiu dar prioridade ao que chamou de “melhoria da qualidade das doações” com o objetivo de contemplar a diversidade genética da população brasileira. Dessa forma, desacelerou a expansão do cadastro, impondo cotas aos estados. As cotas significam que, por ano, as unidades da federação devem obedecer a um limite de novos cadastramentos. Os exames de compatibilidade, ao custo unitário de cerca de R$ 400, são realizados com dinheiro do SUS, mas os repasses financeiros aos estados estão limitados às cotas. Como consequência, amostras recolhidas que extrapolam esse limite deixam de ser testadas. Situação existente, por exemplo, no Rio Grande do Sul. “O cidadão que tem um familiar com problema de saúde não quer saber de cota”, afirmou o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), que participou da reunião do Conass. “Nós temos que saber tratar. Estamos falando com voluntários.”
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À ESPERA DE UM VOLUNTÁRIO 
Milhares de pessoas aguardam ansiosamente às doações. Elas podem salvar vidas.
Albuquerque enfrentou um drama familiar num momento em que a realidade dos bancos de medula óssea no Brasil era bem diferente, com um número bem reduzido de doadores cadastrados. E passou a militar no tema, inclusive com atuação legislativa. Albuquerque defende um remanejamento de cotas entre as unidades da federação. Enquanto alguns estados as extrapolam, outros nem as atinge. No Conass, ele sugeriu aos secretários de Saúde que se mobilizem. E fez um alerta: “Não cometamos o crime – eu vou chamar de crime –, de incinerar aquilo que já foi coletado. Você coleta 10 ml de uma pessoa que se voluntariou para ser cadastrado como doador. Agora, por causa da tal da cota eu vou desprezar isso que eu recolhi do cara?”. Perguntado sobre a possibilidade de que material coletado de potenciais doadores eventualmente esteja sendo descartado pelos estados por falta de cota, o Ministério da Saúde não respondeu. De acordo com a pasta, foram identificados nove unidades da federação em que o número de doadores que entraram no cadastro em 2015 superou o limite definido pelo governo. Em contrapartida, segundo o ministério, 18 unidades da federação não realizaram a totalidade dos exames pactuados. “As cotas anuais atualmente definidas para cadastro de doadores voluntários de medula óssea poderão ser reavaliadas, caso seja necessário, levando em consideração o resultado de estudos de composição genética do banco”, afirmou a instituição.
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