Foto: José Aldenir - Agora RN
O ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates, que foi senador pelo Rio Grande do Norte entre 2019 e 2022, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) erra ao manter dentro do governo aliados que criam conflitos internos e dificuldades políticas no Congresso.
Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta sexta-feira 6, Prates disse que falta articulação e visão do governo em relação ao espaço dado aos partidos do Centrão. Afirmou ser necessário dar “um basta”.
“Acabamos de ver uma votação em que dois partidos governistas votaram majoritariamente contra medidas do governo. Falta uma visão de guarda-chuva geral, chamar todo mundo e dizer: ‘se você é o partido x e tem o delegado, o coronel, o antilulista, ou você trata com esse cara, ou tem que sair da base do governo. Vai me devolver o ministério’, afirmou o ex-senador.
Segundo Prates, sua demissão, por exemplo, foi resultado de “falsas crises” e “intrigas” criadas por aliados da própria base governista. Segundo o ex-presidente da estatal, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que é filiado ao PSD, foi um dos responsáveis por convencer Lula a demiti-lo. “A oposição hoje está dentro do governo Lula. Toda crise que acontece não é provocada pela oposição, é pela própria base governista”, disse o ex-presidente da estatal.
Questionado sobre o motivo da demissão, Prates afirmou ter contrariado interesses, mas declarou não saber quais. Sobre a nomeação de Magda Chambriard para a presidência da Petrobras, disse acreditar que a indicação se deu por ser uma pessoa que “não vá criar caso” no cargo.
“Haviam alguns interesses envolvidos, provavelmente, que eu certamente não estava atento. Talvez alguma coisa com relação ao próprio plano estratégico, à política, indicação de algumas pessoas na Petrobras que desagradaram. Pontualmente, foram coisas muito pequenas”, declarou o ex-senador.
Afirmou, ainda, não guardar mágoas de Lula pela demissão. Disse acreditar que o presidente estava desgastado com os embates em relação à Petrobras.
“Ele [Lula] estava pressionado e as pessoas ali aproveitaram a circunstância. Não tinha a ver com a Petrobras, nunca teve, na verdade. Não tenho ressentimentos, não existe mágoa com o presidente, nem mesmo com os ministros [Rui Costa e Silveira], porque é o jogo da política. Eu perdi essa batalha”, disse.
Prates foi demitido da petroleira estatal pelo presidente Lula em 14 de maio deste ano. O executivo assumiu logo no início do 3º mandato do petista, mas ficou pouco mais de 16 meses no cargo depois de sofrer um processo de “fritura” por alas do governo que estavam insatisfeitas com o seu desempenho à frente da estatal.
AGORA RN
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