Fonte: Veja
Em depoimento na sede da Polícia Federal em São Paulo na tarde de ontem, a jornalista Mirian Dutra, ex-amante de Fernando Henrique Cardoso, mudou sua versão para a origem dos pagamentos feitos pelo ex-presidente a ela no exterior. Ela depôs durante mais de cinco horas na condição de informante no inquérito policial que investiga as remessas de FHC à jornalista, cujo filho, Tomas Dutra Schmidt, de 24 anos, o ex-presidente chegou a assumir como seu, em 2009. Mais tarde, dois testes de DNA apontaram que FHC não é o pai biológico de Tomás. O tucano manteve mesmo assim os laços com o rapaz.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em fevereiro, Mirian Dutra afirmou que havia se valido de um contrato fictício com a Brasif S.A Exportação e Importação, empresa que explora lojas de duty-free em aeroportos, para receber 3.000 dólares mensais do ex-presidente entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006.
Ontem, ao contrário do que disse ao jornal, a jornalista relatou, segundo seu advogado, José Diogo Bastos, que FHC lhe enviou cerca de 3.000 dólares de duas maneiras distintas: "Inicialmente através de entrega dos valores necessários, seguido de depósito em conta bancária titulada pela mãe". Os pagamentos se destinavam ao custeio dos estudos de Tomas "desde o ingresso na escola até os presentes dias nos quais cursa mestrado em ciências econômicas". De acordo com o advogado da jornalista, ela relatou aos investigadores que FHC continua a bancar os estudos do jovem e "nos dias atuais o faz diretamente na conta do filho Tomas".
A respeito do contrato fictício com a Brasif, Mirian Dutra disse que "foi funcionária da rede Globo por mais de trinta anos em regime de exclusividade, cessando o vínculo em dezembro de 2015". Segundo a jornalista, ela viveu "de seu próprio salário, não tendo recebido do ex-Presidente recursos outros se não os estritamente destinados à educação de Tomas".
À Folha de S. Paulo, no entanto, ela apresentou um contrato assinado por ela em 16 de dezembro de 2002 com a Eurotrade Ltd, empresa ligada à Brasif, pelo qual receberia 3.000 dólares por "serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a viajantes". Mirian Dutra afirmou à Folha que "jamais pisou" em uma loja convencional ou duty-free para trabalhar.
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