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terça-feira, 6 de dezembro de 2022

IPCA para 2023 sobe de 5,02% para 5,08%, mas para 2024 segue em 3,50%, diz Focus



Em meio às discussões do governo eleito sobre aumento de gastos no ano que vem, a expectativa para a alta do IPCA - índice de inflação oficial - de 2023 subiu pela terceira semana seguida no Boletim Focus. A projeção para este ano também continuou em alta, enquanto a mediana para 2024 permaneceu parada.
 

A projeção para 2022 avançou de 5,91% para 5,92%, contra 5,63% há um mês. A previsão para 2023 subiu de 5,02% para 5,08%. Para 2024, a mediana permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 4,94% e 3,50%, nessa ordem.

Considerando somente as 98 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 5,93% para 5,94%. Para 2023, variou de 5,00% para 5,11%, com as 97 alterações realizadas na última semana.
As medianas na Focus para a inflação oficial em 2022 e 2023 estão acima do teto da meta para esses horizontes (de 5,00% e 4,75%, nessa ordem), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central. Para 2024, a projeção do mercado está acima do alvo central de 3,00%, mas aquém do limite superior de 4,50%.

Neste momento, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

Na Focus divulgado nesta segunda-feira, 5, a previsão para 2025 permaneceu em 3,00%. A meta para o ano é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

No Copom de outubro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 5,8% em 2022, 4,8% em 2023 e 2,9% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano pela segunda vez seguida.

Meses

Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para o IPCA de novembro no Boletim Focus. O avanço da mediana foi de 0,51% para 0,53%. Há um mês, o porcentual esperado era de 0,40%

Para o IPCA de dezembro, a estimativa continuou em 0,64%, contra 0,66% um mês antes. Para janeiro de 2023, a previsão para o indicador cedeu de 0,56% para 0,55%. Era de 0,54% há quatro semanas.

A expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses variou de 5,27% para 5,28% - há um mês, estava em 5,13%.

PIB
O boletim Focus também mostra que as instituições financeiras elevaram a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - para este ano, de 2,81% para 3,05%.

Para 2023, a expectativa é que a economia brasileira cresça 0,75%, previsão acima da que foi feita na semana anterior (0,70%). Para 2024 e 2025, o mercado financeiro projeta expansões do PIB em 1,71% e 2%, respectivamente.

Taxa de juros
A taxa básica de juros (Selic) deve fechar o ano nos atuais 13,75% ao ano, a mesma previsão da semana anterior. As últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que define a taxa Selic, serão amanhã (6) e quarta-feira (7).

A previsão do boletim Focus para 2023 é que a Selic fique em 11,75%, acima dos 11,5% projetados na semana passada. A estimativa para 2024 também subiu, de 8,25% na última semana para 8,50% nesta semana. Para 2025, foi mantida a previsão da Selic em 8% ao ano.

Câmbio
Em relação à taxa de câmbio, as instituições financeiras preveem que o dólar encerre o ano com cotação de R$ 5,25, abaixo dos R$ 5,27 da semana passada. Em 2023, a projeção de R$ 5,25 foi mantida. Nos dois anos seguintes, houve elevação das projeções: de R$ 5,20 para R$ 5,23 em 2024 e de R$ 5,20 para R$ 5,21 em 2025.

Mercado espera queda da Selic em agosto
Em meio aos planos do governo eleito de aumento de gastos públicos em 2023, o mercado financeiro já projeta manutenção da taxa Selic por mais tempo, prevendo a primeira queda de juros no Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de agosto. Conforme o Sistema de Expectativas de Mercado, de onde são compiladas as projeções do Boletim Focus, até o dia 24 de novembro, a mediana apontava para a primeira queda em junho. 

Agora, a expectativa é que a Selic seja mantida em 13,75% até o sexto mês de 2023 e caia a 13,25% em agosto, terminando o ano que vem em 11,75%. Até a semana passada, o porcentual esperado para os juros básicos no fim de 2023 era de 11,50%.

Para o fim de 2024, a taxa projetada também vem aumentando em meio à percepção de que a taxa neutra pode avançar com a expansão fiscal planejada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto. Na Focus desta segunda-feira, foi de 8,25% para 8,50% ao ano.

Conforme a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo governo eleito para possibilitar o cumprimento de promessas de campanha, o Bolsa Família ficaria fora do teto de gastos por quatro anos, com um custo estimado de R$ 175 bilhões, e ainda haveria a possibilidade de aumentar em R$ 23 bilhões despesas de investimento em obras.

Na avaliação do mercado financeiro, o aumento de gastos proposto pode afetar a inflação e, consequentemente a política monetária, por dois canais principais: o aumento da demanda e o impacto em preços de ativos, como o dólar. Hoje, o Copom mira os anos de 2023 e 2024 para o cumprimento da meta de inflação, mas tem dado ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, hoje o segundo trimestre de 2024.

No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, a mediana para o IPCA - índice de inflação oficial - de 2023 voltou a avançar, de 5,02% para 5,08%, acima do teto da meta de 4,75%. Para 2024, porém, a projeção foi mantida em 3,50%, superior ao alvo central (3,00%), mas dentro da banda que vai até 4,50%.

Na curva de juros, há uma precificação de alta da Selic. Em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir. No questionário pré-Copom de dezembro, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024, assim como pediu as estimativas para o juro neutro.

TRIBUNA DO NORTE

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