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domingo, 11 de dezembro de 2022

Organização liderada por coronel dos EUA entra na mira do Wagner Group na Ucrânia


Nas últimas semanas, uma inusitada rivalidade ganhou corpo nos campos de batalha na Ucrânia. De um lado, o Wagner Group, uma companhia militar privada (PMC, na sigla em inglês) que serve aos interesses da Rússia. Do outro, o Mozart Group, fundado pelo coronel norte-americano aposentado Andy Milburn e que diz não pegar em armas, apenas treinar combatentes ucranianos e prestar assistência humanitária. As informações são da revista Newsweek.

Evgeny Prigozhin, importante aliado do presidente Vladimir Putin e chefe da organização russa, usou o aplicativo de mensagens Telegram para classificar os integrantes do Mozart Group como “mercenários americanos”. O termo é comumente atribuído ao próprio Wagner, porém refutado por Milburn.

“As pessoas nos chamam de PMC porque é tudo o que têm como referência”, declarou o coronel aposentado. “Não carregamos armas, nossas tarefas são humanitárias. Digo, é sério, são legalmente humanitárias”, reforçou, referindo-se ao fato de ter registrado a organização como sendo de caridade.

A manifestação de Prigozhin é mais um indício de que o Wagner Group, e consequentemente o Kremlin, passou a ver o Mozart como uma ameaça. Tanto que as palavras do aliado de Putin viralizaram nas redes sociais e demais meios de comunicação russos. Não demorou muito para o site do grupo norte-americano, com sede no Estado de Wyoming, sofrer um ataque de hackers.

De acordo com Milburn, a informação de que o Mozart está na mira do Wagner se espalhou, e a equipe a serviço do norte-americano passou a ter dificuldade para se hospedar na Ucrânia. “Tivemos três hotéis em que ficamos atingidos por mísseis, o que pode ter sido aleatório”, disse. “Mas podem definitivamente estar mirando na gente, o que parecem ser recursos demais usados em um grupo que faz principalmente trabalho humanitário”.

O coronel reforça essa posição, dizendo que seus funcionários não pegam em armas, embora apliquem treinamento militar a combatentes a serviço de Kiev. “Qualquer mercenário zombaria do que pagamos a nossos homens. Os soldados ucranianos que treinamos recebem mais do que nossos homens”, afirmou.

A organização norte-americana diz que se mantém graças a doações privadas e tem, em seu site oficial, um canal para receber doações. Descreve-se como “uma empresa de responsabilidade limitada registrada em Wyoming” e cita funções que vão além do treinamento militar: evacuação médica, logística, análise de risco, remoção de minas terrestres, extração humanitária de civis e ajuda humanitária em geral.

Abusos revelados

O nome da entidade, que claramente faz um contraponto ao do Wagner, parece uma das razões para colocá-los na mira dos russos. “Mas acho que realmente o que atrai a ira deles não é o nome, é o que estamos relatando”, diz Milburn, citando o fato de ter autorização do governo ucraniano para registrar e divulgar imagens e relatos de abusos cometidos pelas tropas de Moscou.

“Somos os únicos que publicam regularmente fotos e filmagens e relatórios do que está acontecendo, que é uma aniquilação absoluta das cidades ucranianas da linha de frente em uma extensão que não vi na mídia”, afirmou o militar dos EUA.

Apesar da aparente perseguição, os integrantes do Mozart até agora escaparam ilesos dos ataques, a não ser por alguns estilhaços. Quem sofre mesmo, segundo Milburn, são os civis ucranianos, que seguem sob ataque constante e se preparam para enfrentar uma situação ainda mais dramática no inverno.

“Essas pessoas estão presas sem comida, água, calor… Cada janela de cada prédio, sem exagero, está quebrada. É difícil de acreditar”, diz ele, que calcula ter ajudado a evacuar entre 600 e 700 pessoas desde maio, quando a equipe passou a atuar. E, apesar de todas as dificuldades, inclusive financeiras, promete continuar em ação. “Nenhuma dessas ameaças ou das bobagens que jogam no Telegram afetarão nossas operações”.

A REFERÊNCIA




 

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