(Foto: PxHere/Divulgação)
Quando a existência centros de polícia foi revelada, a ONG informou que duas delas operavam o Brasil, sendo uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. No entanto, até então não havia relato de que tivessem sido usadas para assediar cidadãos chineses, somente para prestar eventuais auxílio burocráticos por apoio a turistas e emissão de documentos.
O mais recente relatório da Safegaurd Defenders não faz menção explícita aos centros de polícia chineses em São Paulo e no Rio, mas relata um caso de repatriação forçada a partir do Brasil. Ocorreu em 2017 e teve como alvo uma cidadã identificada como Wang Mouxia, acusada de “crimes econômicos” na China. Ela foi levada de volta ao país asiático como parte da operação “Caça à Raposa” em quatro países, sendo os outros três Vietnã, Mianmar e Nova Zelândia.
À época, a imprensa chinesa afirmou que Wang fez sucessivas encomendas de roupas na China, recebeu as entregas e jamais pagou por elas. Então, com as vítimas em seu encalço, ela teria fugido para o Brasil e foi rastreada pelas autoridades chineses, que conseguiram levá-la de volta ao país natal para responder à Justiça.
“Eles repetidamente persuadiram e mobilizaram Wang através de seus parentes a retornar à China e se render”, diz o relato, sugerindo que Beijing adotou uma tática bastante comum nos casos apurados pela Safeguard Defenders. “A suspeita criminal Wang Mouxia marcou uma reunião com o oficial de ligação policial do Consulado Geral da Embaixada da China no Brasil, em São Paulo, e dirigiu-se ao consulado para explicar a situação e manifestar a sua vontade de regressar ao país.”
Em muitos dos casos apurados, a ONG diz que o governo chinês coloca os acusados em contato com familiares por chamadas de vídeo. Eles, então, descobrem que seus parentes sofrem assédio das autoridades, que chegam a ameaçar cortar serviços estatais como educação e saúde caso o cidadão não concorde em retornar.
Embora Beijing alegue que seus alvos são apenas criminosos, entre as vítimas estão também indivíduos que deixaram a China justamente para fugir da repressão, como cidadãos de Hong Kong ou do Tibete e pessoas da minoria étnica dos uigures. Diz a ONG que Beijing se considera no direito de agir contra toda a diáspora, definida “genericamente como todos os chineses étnicos, independentemente da cidadania.”
A Referência
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