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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Tratamentos oferecem mais qualidade de vida ao paciente com Parkinson


  FOTO: Divulgação

Tádzio França
Felipe Salustino

Repórteres

Estima-se que, no Brasil, cerca de 200 mil pessoas acima de 65 anos sofrem da Doença de Parkinson, que é degenerativa e não tem cura. Assim como outras doenças que ocorrem nessa fase da vida, ela não é evitável, mas é possível encontrar tratamentos que ofereçam mais qualidade de vida ao paciente – como a cirurgia DBS, que implanta um marca-passo no cérebro, e é tida como um dos grandes avanços no segmento. É fundamental buscar o diagnóstico, realizar o acompanhamento médico e seguir as recomendações corretamente.


A Doença de Parkinson é caracterizada basicamente por tremor de repouso, tremor nas extremidades, instabilidade postural, rigidez de articulações e lentidão nos movimentos e desequilíbrio. Há também outros sintomas não motores, como a diminuição do olfato, distúrbios do sono, alteração do ritmo intestinal, depressão e alterações na escrita.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o 11 de abril como o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. O neurocirurgião Thiago Alexandre Rocha ressalta o encorajamento ao diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo for esse diagnóstico, mais rápido o paciente será submetido à terapia medicamentosa e reabilitações, diminuindo o impacto na sua qualidade de vida. Quando o diagnóstico é tardio, o impacto é muito maior e há mais risco de complicações”, diz.

A Doença de Parkinson atinge 1% da população mundial e é a segunda causa de doença neurodegenerativa, perdendo apenas para a Doença de Alzheimer. Thiago Rocha ressalta que, apesar de não ser um problema evitável, ter hábitos de vida saudáveis pode contribuir para retardar a progressão. “Pacientes que fazem atividades físicas regulares irão ter uma velocidade de progressão menor que os pacientes sedentários. Não é uma prevenção, mas a tornará mais lenta de evoluir”, completa.

Thiago Rocha destaca a importância de conhecer o diagnóstico cedo e seguir os tratamentos – Foto: Cedida

O neurocirurgião explica que que em torno do quarto ano de doença, 30% dos pacientes não conseguem controlar seus sintomas apenas com o uso de medicamentos. “O paciente apresenta as chamadas flutuações motoras, necessitando de doses cada vez maiores em intervalos curtos entre as tomadas das medicações, sendo muito comum, esses pacientes apresentarem também movimentos involuntários”, diz. A partir desse estágio, é mandatório que esses pacientes passem por testes pré-operatórios para avaliar se são bons candidatos ao tratamento cirúrgico.

Os familiares e cuidadores também são peças fundamentais no tratamento do paciente. Segundo Thiago Rocha, eles devem ficar atentos quanto ao uso correto e horário prescritos das medicações, e a realização de terapias que são fundamentais para o bom controle da doença. “Outra dica importante, é avaliar a mobilidade do paciente, retirar obstáculos do domicílio que possam representar perigo de quedas e ficar atento para pneumonias, muito em função da dificuldade de deglutição que esses pacientes possam apresentar”, ensina.

Huol oferece Implante cerebral DBS
O Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol) oferece, desde 2014, o tratamento gratuito com marca-passo cerebral para casos avançados da Doença de Parkinson. É a chamada Estimulação Cerebral Profunda (DBS, na sigla em inglês), técnica aplicada pelo neurocirurgião Sérgio Dantas, que consiste na implantação de um ou dois eletrodos no cérebro para controlar os sinais motores da doença, como, tremor, lentidão e rigidez.

O acesso ao tratamento na unidade se dá através do sistema de regulação do Estado, e também com o encaminhamento de pacientes feitos via secretarias de municípios do interior, ou postos de saúde da capital.

De acordo com Sérgio Dantas, o médico deverá enviar uma ficha de referência e contrarreferência para que o paciente seja atendido pelo ambulatório do Huol, dedicado exclusivamente à doença de Parkinson.
Os atendimentos são às quintas-feiras, e a equipe é composta por dois neurologistas, os quais, após avaliações, irão encaminhar o paciente a Sérgio Dantas. “A pessoa é avaliada pelo neurologista, que vai confirmar o diagnóstico, observar se o manejo dos medicamentos está correto, fazer teste de levodopa (situação em que a pessoa fica sem remédio para indicar o quanto os sintomas aumentam, bem como para saber os efeitos da medicação após o retorno dela), além de um teste neuropsicológico. Após a avaliação, se o paciente estiver apto, é encaminhado à cirurgia”, detalha.

Os eletrodos, (pequenos chips) são colocados no cérebro e conectados por baixo da pele a um gerador (marca-passo), implantado na região abaixo da clavícula. Durante a cirurgia, ele se conecta aos eletrodos por dois fios. “Entretanto, o gerador não é ligado durante o procedimento. Isso só acontece cerca de 10 dias depois”, explica o médico.

Dantas esclarece que o grau de estímulo aumenta aos poucos, a depender de cada paciente. “Geral-mente, ao passo que isso ocorre, a medicação é reduzida até haver um equilíbrio entre as doses e a estimulação. O objetivo é reduzir o uso de remédios e controlar os sinais motores da doença para garantir mais qualidade de vida e autonomia aos pacientes”, afirma o neurocirurgião. A maioria dos pacientes usa dois eletrodos, uma vez que o procedimento é aplicado quando a doença está avançada.

Após a implantação dos eletrodos, o paciente passa a conviver com os equipamentos por toda a vida, mas haverá a necessidade de trocar o gerador. “A bateria tem uma vida útil variável. Ela fica ligada 24h, com os parâmetros de estimulação (frequência, amplitude, voltagem) variando de paciente para paciente. A depender da forma como a gente estimula, o consumo da bateria oscila, em média, de três a quatro anos. Nesses casos, a gente troca apenas o gerador, em uma cirurgia rápida”, detalha.

O tratamento inicial para a doença se dá com o uso combinado de medicações e reabilitação motora. Os remédios têm como função repôr a dopamina. Responsável pelos impulsos elétricos, esta substância cessa com a morte de células do cérebro e aí surgem os sintomas motores da doença.

“Quando não há mais controle dos sintomas com a medicação – aliás, com o tempo, ela pode causar complicações ao paciente, que fica se contorcendo o tempo todo –, indica-se a cirurgia”, acrescenta o médico. O tratamento, no entanto, pode ter contraindicações. Demência associada ao Parkinson ou outros problemas graves, como alto distúrbio de coagulação, podem inviabilizar a aplicação da técnica.

Tribuna do Norte 



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