Oficialmente está criado um assentamento do MST em plena zona urbana da capital potiguar. Cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) permanecem acampados por tempo indeterminado na Central de Comercialização da Agricultura Familiar, prédio localizado no cruzamento das avenidas Jaguarari e Capitão-mor Gouveia. Com um detalhe: o prédio não possui habite-se. Conforme relatou Érica Rodrigues, integrante da juventude do movimento, além de coordenadora da equipe de comunicação do grupo, a principal reivindicação dos revoltosos é a liberação do prédio para que os agricultores possam vender seus produtos – propósito original da Central de Comercialização.
Segundo ela, as pessoas que ergueram morada no prédio, administrado pela Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape), vieram de assentamentos situados em municípios de todas as regiões do Rio Grande do Norte, como Canguaretama, Ceará-Mirim e Extremoz.“Vamos transformar isso em um espaço produtivo. Toda segunda e sexta-feira serão realizadas feiras livres, que batizamos como ‘Feiras da Reforma Agrária’, nas quais os produtores comercializarão seus produtos com preços abaixo do mercado. Além disso, as hortaliças, legumes e frutas são produzidos sem o uso de pesticidas ou agrotóxicos, garantido a qualidade dos itens”, afirmou.
Nem todos os trabalhadores sem terra, no entanto, exercem o título que ostentam. Alguns dos integrantes do Movimento, por exemplo, já possuem lotes de terra, além de receberem benefícios federais, como o Bolsa-Família. Há casos, inclusive, de integrantes do MST acampados na Central de Comercialização que exercem outras atividades, paralelamente à agricultura. Durante a presença da reportagem, um dos manifestantes negociava a compra de um automóvel, afirmando que “negociava com carros”.
De acordo com Érica Rodrigues, o cerne da discussão está na ausência de políticas públicas de desenvolvimento que auxiliem esses trabalhadores a conquistarem espaço no mercado, segundo ela, monopolizado pelos grandes produtores industriais de monocultura. “É uma concorrência desleal, por isso estamos protestando. A população em geral tem nos apoiado, assim como alguns representantes da classe política. Hoje somos 800, mas estamos esperando muito mais gente para os próximos dias. Não vamos sair daqui”, arrematou.
Um dos produtores rurais presentes ao “assentamento urbano”, Manoel Gomes de Araújo afirmou que caso as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas, o maior beneficiado será o consumidor final, que poderá contar com um produto de qualidade e a preços justos. Hoje ele não é assentado, vive em um acampamento de estrada e trabalha em terra arrendada, onde produz feijão carioquinha e macaxeira. Como o lote onde planta é muito pequeno, a produção gira em torno dos 350 kg por safra. “Mas nossa causa é justa.Se atenderem nossas reivindicações e liberarem os lotes de terra espero ampliar minhas plantações e colher pelo menos 70 ou 80 toneladas só de macaxeira, mais umas 12 t de feijão”, projetou.
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