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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sunitas propõem acordo a novo premiê para combater extremistas no Iraque


Sunitas no Iraque (AFP)

Alguns líderes da minoria sunita do Iraque disseram estar dispostos a trabalhar com o novo primeiro-ministro, Haider al-Abadi, o que pode ajudar a encerrar um entrave político no país.
O atual governo formado majoritariamente por muçulmanos xiitas está em conflito neste momento com o Estado Islâmico (EI), um grupo extremista sunita que lidera uma insurreição no norte.O combate se intensificou principalmente na província de Anbar, que é dominada por sunitas, ao leste de Bagdá. Partes da província estão sob o controle do EI.
Em Nova York, a ONU anunciou sanções ao EI e a outro grupo.
O Conselho de Segurança aprovou por unanimidade uma resolução nomeando seis pessoas associadas com o EI ou o grupo Nursa Front, que é baseado na Síria. Elas não poderão fazer viagens internacionais, terão seus bens congelados e serão submetidas a um embargo de armas.
O conselho da ONU também ameaçou com sanções aqueles que financiam, recrutam ou fornecem armamentos aos militantes.

'Atrocidades e abusos'

A União Europeia também criticou o EI pelas "atrocidades e abusos" cometidos contra minorias religiosas.
Integrantes de minorias cristãs e yazidi no norte do Iraque têm sido perseguidos por jihadistas, fazendo com que os Estados Unidos realizem ataques aéreos e leve ajuda humanitária à região.Numa reunião de emergência entre os 28 Estados que integram o bloco europeu, os países puderam decidir individualmente se deveriam ser fornecidas armas para os curdos no Iraque, que são os principais oponentes do EI no norte.
A violência perpetrada pelo EI já levou aproximadamente 1,2 milhão de pessoas a deixarem suas casas. Comunidades yazidis e cristãs inteiras foram forçadas a fugir para o norte, assim como iraquianos xiitas, que não são considerados muçulmanos pelo EI.
O Ayatollah Ali al-Sistani, o clérigo xiita mais influente do Iraque, anunciou seu apoio ao novo primeiro-ministro do país nesta sexta-feira.

Exigências

Um grupo de líderes de províncias sunitas divulgou conjuntamente um comunicado endereçado a Abadi, que assumiu como premiê depois da renúncia de Nouri al-Maliki na quinta-feira.
Eles disseram que podem se unir ao novo governo se a administração de segurança e civil em suas áreas tiver o mesmo status que a do governo central.
Também exigiram que as autoridades iraquianas parem com os bombardeios de províncias e cidades sunitas, e afirmaram que o povo local deve ter o direito de governar estas províncias.
Estes líderes ainda quererem uma reforma do Exército iraquiano, a liberação de presos políticos, o fim de execuções e a retirada de milícias de cidades sunitas.
Uma fonte em Anbar disse ao serviço árabe da BBC que o comunicado foi escrito por líderes sunitas de seis províncias e havia sido aprovado por tribos e conselhos militares.
Ao mesmo tempo, um dos mais poderosos líderes tribais sunitas, Ali Hatem Suleiman, disse estar pronto para trabalhar com o novo primeiro-ministro se ele proteger os direitos de minorias.
Ele acrescentou que a decisão sobre combater ou não o EI virá depois.

Fio de esperança

A renúncia de Maliki, que era odiado pela maioria dos sunitas, criou um fio de esperança na crise do Iraque, diz Sebastian Usher, editor de Oriente Médio do serviço mundial da BBC.
Não há dúvidas de que as tribos sunitas são essenciais para se encontrar uma solução, mas será preciso um grande acordo para reestabelecer sua confiança no governo central, diz Usher, destacando que líderes sunitas já disseram que a transição política em curso é insignificante.
Yazidis (BBC)
Segundo a agência de notícias AFP, o líder tribal sunita Sheikh Abduljabbar Abu Risha disse que uma "revolta" estava em curso contra o EI. O chefe de polícia de Anbar, Maj-Gen Ahmed Saddak, disse que forças de segurança estavam apoiando a luta contra para expulsar o grupo.
Jim Muir, correspondente da BBC News no norte do Iraque, afirma que para conquistar o apoio dos sunitas será preciso não apenas dar a eles assentos no governo, mas também permitir que eles tenham autonomia nas áreas onde vivem.
"Muitos disseram que assim eles se voltariam contra os radicais islâmicos, e há sinais de que isso já está ocorrendo em alguns locais", diz Muir.
"Em 2007, os sunitas expulsaram a al-Qaeda do oeste do Iraque, mas desta vez a missão será mais dura. Para ter alguma chance, os sunitas precisam de toda ajuda que os governos iraquiano e americano puderem oferecer."

Envio de armas

Em Bruxelas, os ministros europeus disseram em um comunicado que "a União Europeia está seriamente preocupada com a deterioração da situação no Iraque e condena veementemente os ataques perpetrados pelo EI e outros grupos armados".
O Reino Unidos disse ver com bons olhos qualquer pedido de envio de armas para os curdos, enquanto o governo tcheco disse que poderia começar a entregar munição no fim deste mês.
A Alemanha está impedida legalmente de fornecer armas aos países envolvidos no conflito, mas seu ministro de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, disse que iria até o limite do que é "legalmente e politicamente ppossível" para ajudar os curdos e que viajará em breve ao norte do Iraque.
Os ministros europeus concordaram em formar uma ponte aérea humanitária para ajudar os refugiados, mas disseram que não há ainda detalhes sobre como isso será financiado ou quando será feito, afirmou Gavin Hewitt, editor para Europa da BBC.

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