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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

UM DOS MAIORES POLOS EÓLICOS DO BRASIL: LAJES JÁ LIDERA EM PRODUÇÃO NOS PRÓXIMOS ANOS

Cláudio Oliveira
Repórter
Tribuna do Norte

Sobrevoando acima da crise econômica que afetou diversos setores, os ventos do Rio Grande do Norte elevaram o potencial energético nas usinas eólicas e estão mudando a economia dos municípios. Nesta semana, o Estado atingiu a marca histórica de 5GW (GigaWatts) em potência instalada na geração de energia com fonte eólica, consolidando sua liderança nacional. Isso equivale a quase 3% da capacidade instalada no país juntando todas as fontes de energia. Este desempenho faz surgir novos polos de produção de energia renovável, como o município de Lajes, na região Central, que já lidera em produção contratada para os próximos anos.

Os números estão no Boletim Trimestral da Fonte Eólica, divulgado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDEC), com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “O Rio Grande do Norte é o líder em capacidade instalada e, quando soma com o que já está instalado e mais o que está em construção, é líder em geração eólica no país pelos investimentos que recebeu nos últimos dez anos e mais fortemente nos últimos cinco,  seis anos”, diz Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica - Associação Brasileira de Energia Eólica .

Lajes é hoje responsável por 36% da potência contratada para novos projetos eólicos no RN, seguido por Pedro Avelino, na mesma região, com 12%. Neste cenário, o município se tornará um dos maiores polos de geração de energia eólica do país, com mais de 2,3 GW em potência instalada.

O prefeito Felipe Menezes, relatou que, com os empreendimentos eólicos, mudanças significativas estão ocorrendo na cidade. "Estão trazendo oportunidades de trabalho, expandindo o mercado imobiliário, aquecendo o comércio local, demandando mais mão de obra no setor de serviços, atraindo novos investidores, alavancando novas possibilidades que favorecem diretamente a economia local", disse.

Muitos lajenses estão tendo a oportunidade de assinar a carteira de trabalho pela primeira vez com os postos de trabalho abertos no setor. Os investimentos têm possibilitado um incremento na arrecadação própria que, segundo o prefeito, é significativamente maior que nos anos anteriores ao surgimento dos empreendimentos eólicos. "Isso está dando margem para a reorganização das finanças municipais, contribuindo para feitos inéditos no âmbito da administração pública local e gerando mais qualidade de vida aos munícipes", declarou Felipe Menezes.

Este cenário deve permanecer pelos próximos anos com a implantação de novos parques já contratados. Como é comum acontecer em municípios que recebem grandes investimentos, há a expectativa de que a população da cidade cresça. "Nosso desafio será garantir que os serviços públicos acompanhem esse crescimento e atendam a população de forma satisfatória. Temos a consciência que precisamos recuperar o tempo perdido nos últimos anos, para melhor capacitar a mão de obra local e, assim, conseguiremos, de fato, gerar uma melhoria significativa na renda das famílias lajenses, garantindo que estejam aptos a ocupar os espaços que estão surgindo através dessa atividade econômica", concluiu o prefeito Felipe Menezes.

Aumento do PIB

Junto a Lajes, os municípios de Serra do Mel e João Câmara se consolidam como os novos polos de geração de energia eólica do estado, com 32,6% da potência instalada em operação. Em João Câmara, na Região do Mato Grande, é onde há a maior quantidade de aerogeradores por metro quadrado. O impacto da atividade fez o PIB Per Capita de lá, ou seja, o valor das riquezas produzidas dividido pela população, subir mais de 40 posições no ranking estadual, passando do 48° para o 7° lugar entre 2010 e 2018.

A cidade é a segunda na lista de municípios com maior número de parques eólicos em operação, com 9,86%, atrás de Serra do Mel (12,24%), e tem a terceira maior potência instalada no estado com 741,6 MW. Os números se traduzem na paisagem, onde a agricultura de subsistência e pastagens deu lugar aos aerogeradores que cortam a vista do horizonte.

"Temos um total de 29 parques eólicos, totalizando 327 aerogeradores concentrando maior número por metro quadrado. Isso tem trazido benefícios para a cidade. Em termos de arrecadação própria houve um incremento de 600% do que antes da implantação desses parques. Seja através de alvarás, de ISS e das outras atividades geradas a partir dessa atividade", declarou o prefeito de João Câmara, Manoel Bernardo.

Com mais dinheiro arrecadado, a gestão pode destinar investimentos na infraestrutura da cidade e nos serviços públicos. "Permite que a gente realize obras como pavimentação de ruas, serviços de saúde e de educação. A realidade hoje na cidade é de mudança no comércio e serviços em geral que começaram a ganhar uma cara nova para a nova para a cidade que começou a se desenvolver", destacou o prefeito camarense.

Ele pontuou que, entre as novas modalidades de negócios que surgiram, houve um aumento no setor de aluguel de imóveis por conta da procura de pessoas de fora da cidade. O aluguel dos terrenos onde estão os aerogeradores é outra fonte de renda para diversas famílias que, com mais poder de compra, ajudam a movimentar a economia.

Já o boom de empregos ocorreu de forma direta durante a montagem dos parques que, depois, necessitam do serviço de manutenção feito pela própria empresa, sem muitos funcionários.  "Porém, nossa cidade também exporta trabalhadores para parques eólicos em construção na região. Há em torno de 500 pessoas que saem daqui para outras cidades. Em João Câmara estão as sedes das principais empresas eólicas que têm parques na região", frisou o prefeito.  

RN é líder em todo o país em geração


De acordo com o Boletim Trimestral da Fonte Eólica, somente no primeiro trimestre de 2021, seis novos parques eólicos entraram em operação, representando um crescimento de 6% na potência instalada do estado. Também houve aumento de 9% no número de empreendimentos em construção.

Apesar do mercado livre estar se destacando como o principal ambiente de contratação de novos projetos no Rio Grande do Norte, o maior volume de contratação de energia ainda está no mercado regulado. Somando a potência contratada nos dois ambientes, são 4.191,64MW (MegaWatts) em projetos futuros.

"O Estado hoje é líder nacional em potência instalada e superamos a barreira dos 5GW, nos tornando o primeiro estado a alcançar essa marca, que está acima da de vários países na produção de energia", ressaltou Hugo Fonseca, coordenador de Desenvolvimento Energético da SEDEC.

Atualmente, o RN possui 177 usinas eólicas e 2.268 turbinas em operação, com uma injeção de mais de R$ 7 bilhões no setor nos últimos dois anos.

O reflexo desse crescimento está na manutenção dos investimentos. São mais de 20 empresas de geração de energia com projetos em operação. Entre elas, destacam-se os complexos eólicos da Voltalia, Copel e CPFL Renováveis, este último sendo o maior gerador de energia eólica do estado.

O coordenador da SEDEC destacou que foram mais de 80 projetos contratados no primeiro semestre, ativando a economia no interior do estado e movimentando diversos serviços nos municípios que recebem os empreendimentos. "São projetos a serem construídos para a geração de energia e que promoverão grande movimentação financeira na economia local, mobilizando toda uma cadeia. Cada MegaWatt produzido gera de 4 a 5 empregos que podemos observar na construção civil, que engloba também essas estruturas", explicou.


Hugo Fonseca ressaltou que, para chegar a este ponto, foi preciso haver todo um planejamento energético, tornando o ambiente de negócios favorável, desde a concessão de incentivos fiscais da parte do Poder Público e celeridade nos licenciamentos até a garantia de capacidade de conexão com o sistema elétrico nacional, fatores que não dependem de um único ente administrativo. “Vamos começar a instalar no município de Jandaíra a maior torre anemométrica do país, com 170 metros, para mensurar a estimativa de potenciais eólicos. Estamos contratando os estudos de transmissão, tendo como horizonte a chegada de investimentos no mercado offshore, ou seja, a produção eólica no mar", acrescentou.



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