(Foto: Stuart Rankin/Flickr)
Segundo a reportagem da KCNA, o vice-diretor geral da Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial, Pak Kyong So, afirmou que o lançamento do satélite Malligyong-1 representa o avanço do Partido dos Trabalhadores da Coreia no fortalecimento da defesa nacional, como parte de sua política de exploração do espaço. Ele também mencionou que estão planejados “vários” outros satélites de reconhecimento para este ano. Pak destacou a importância do desenvolvimento da indústria espacial para a construção de um país socialista “poderoso”, impulsionado pela ciência e “tecnologia de ponta”.
“Uma coisa que vimos é que tanto os programas de mísseis como os programas espaciais da República Popular Democrática da Coreia aprendem muito rapidamente com os fracassos, e agora estamos a vê-los a obter cada vez mais sucesso”, disse à Newsweek Marco Langbroek, professor de engenharia aeroespacial da Universidade Delft, na Holanda.
Também ouvido pela reportagem, Sean King, especialista em Ásia e vice-presidente sênior da consultoria Park Strategies, sediada em Nova York, quanto mais satélites Kim colocar em órbita, mais poder ele terá. Além disso, suas capacidades de reconhecimento “serão ampliadas devido à crescente colaboração com Vladimir Putin“.
Kim e Putin se encontraram em setembro de 2023 no Cosmódromo Vostochny, na Rússia, levantando suspeitas de que Moscou estava apoiando Pyongyang em seus programas espaciais, entre outros. O encontro, o primeiro em anos, ocorreu num contexto de necessidade mútua de apoio diante dos desafios apresentados pelo Ocidente: enquanto Kim busca auxílio econômico e tecnológico para acudir um país mergulhado na pobreza, Putin parece interessado em obter equipamento militar para a complicada guerra contra a Ucrânia.
Mais tarde, a agência de inteligência da Coreia do Sul sugeriu que a assistência técnica russa provavelmente contribuiu para o sucesso do lançamento. Como resposta, Seul parcialmente suspendeu um acordo de defesa histórico de 2018, que visava diminuir os riscos de conflito militar na Península Coreana. Isso levou Pyongyang a abandonar completamente o pacto, intensificando ainda mais o congelamento diplomático entre o Norte e o Sul.
Embora Pyongyang e Moscou tenham negado qualquer fornecimento de armas da Coreia do Norte para a Rússia, eles expressaram intenções de fortalecer seus laços militares, incluindo a possibilidade de exercícios conjuntos, além de discutirem a ajuda humanitária russa para a nação insular.
Por que isso importa?
A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.
Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na Península. As negociações para desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.
A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un refutou as tentativas de aproximação diplomática de Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.
A Referência
Nenhum comentário:
Postar um comentário