fOTO: ALEX REGIS
Felipe Salustino
Repórter
Com uma movimentação de US$ 259,9 milhões, as exportações do Rio Grande do Norte cresceram 14,5% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram movimentados US$ 227 milhões em vendas para o exterior, conforme dados da Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. Considerando-se somente o mês de março deste ano (com US$ 39,9 milhões em exportação), no entanto, houve uma queda de 63,05% se comparado ao mês anterior (fevereiro de 2025 movimentou US$ 108 milhões em itens exportados).
O saldo do trimestre, que é a diferença entre as exportações e importações, teve superávit de US$ 127,9 milhões. O bom desempenho do RN nos três primeiros meses do ano foi puxado pelas vendas de óleos combustíveis de petróleo ou minerais betuminosos (exceto óleos brutos), que responderam por 48% das exportações do Estado. Em seguida, entre os destaques das exportações no trimestre figuraram as vendas de frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (representando 32% das vendas para fora), além dos açúcares e melaços (3,6% das exportações) e o pescado inteiro (que representaram 3,1%).
O secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec),Hugo Fonseca, disse que o desempenho do Estado no primeiro trimestre deste ano está dentro das expectativas. “Observamos um crescimento da balança nos últimos sete anos, com avanços exponenciais em 2024, quando batemos vários recordes, tanto de exportações quanto de importações. Importante frisar que, quando falamos em exportação, falamos de setores importantes para o desenvolvimento econômico do RN e para a geração de emprego e renda”, destaca Fonseca.
Segundo a Comex Stat, as importações do Estado tiveram alta de 15% no primeiro trimestre deste ano, com uma movimentação de R$ 132 milhões (em 2024, foram US$ 114,7 milhões no mesmo recorte). Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos), representaram a maioria das importações de 2025 até março (22%), seguidos de válvulas e tubos (17%), trigo e centeio não moídos (11%) e máquinas de energia elétrica (4,9%).
Sobre o desempenho do RN em março passado (com queda nas exportações), Hugo Fonseca, da Sedec-RN, disse que o quadro já é esperado em razão do período de entressafra da fruticultura, que começa neste período. Ainda assim, as frutas foram o destaque do mês passado e representaram 58,6% do total exportado no mês, juntamente com o açúcar. O Boletim da Balança Comercial da Sedec aponta que o açúcar movimentou R$ US$ 7,1 milhões em exportações no mês de março.
NÚMERO
US$ 127,9 mi
Foi o superávit do 1º trimestre, diferença entre exportações e importações.
Melão, melancia e mamão se destacam
Ainda de acordo com o boletim, melões frescos (US$ 6,5 milhões), outros produtos de origem animal impróprios para alimentação humana (US$ 4,3 milhões), melancias frescas (US$ 3,2 milhões) e mamões frescos (US$ 2,3 milhões) vêm em seguida ao açúcar como os itens mais vendidos para o exterior no primeiro trimestre. Luiz Roberto Barcelos, diretor institucional da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), avalia que a participação da fruticultura nas exportações indica a importância que o setor representa para a economia do RN.
Ele projeta que a safra 2024/2025, que está em fase de finalização, deve crescer 8% em faturamento e 6% em volume. Os dados ainda não estão consolidados. “Nossa avaliação é positiva. A fruticultura tem despontado como uma vocação natural do Estado, pelas condições climáticas, geográficas e hidrológicas. Ao mesmo tempo que nos deixa com uma responsabilidade maior em relação ao escoamento da produção. Então, é preciso investir em estradas e no porto de Natal, principalmente, para que ele possa continuar operando, bem como na capacitação de mão de obra”, diz Barcelos.
Ainda sobre os números de março, Hugo Fonseca, secretário-adjunto da Sedec, explica que o cenário tem a ver com os preços do óleo, o principal produto de exportação, que é afetado pelo preço do dólar por tratar-se de uma commodity. “Essa redução no mês passado é natural e já era esperada”, pontua Fonseca.
Pedro Albuquerque, assessor técnico do Observatório da Industria Mais RN, da Federação das Indústrias (Fiern), afirma que a queda registrada em março não significa um ponto fora da curva. “O RN é grande exportador de frutas frescas, mas a safra é concentrada no segundo semestre, o que reduz naturalmente os volumes exportados. Já os óleos combustíveis têm exportações irregulares, com embarques que podem ser concentrados em determinados meses por questões logísticas e operacionais. Portanto, essa queda em março não é, em si, uma anomalia — é compatível com padrões sazonais. A título de exemplo, março de 2023 alcançou valor de US$ 31 milhões”, detalha.
Alinne Dantas, gerente da unidade de Gestão Estratégica do Sebrae-RN, avalia que a expectativa para os próximos meses é de estabilização nas exportações de frutas, acompanhando o ritmo da produção. Também é esperada, segundo ela, a manutenção da participação do óleo, que historicamente tem variado entre 40% e 50% da pauta exportadora estadual. “A retomada mais expressiva das exportações de fruta costuma ocorrer entre os meses de agosto e fevereiro, período em que se concentra a safra principal. Até lá, é esperado um ritmo mais moderado nas vendas internacionais”, comenta Alinne Dantas.
O secretário Hugo Fonseca prevê que as exportações continuarão a crescer, embora em meio a um cenário de incertezas devido às tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump. “Existe uma nuvem de incertezas em relação ao que ocorrerá nos próximos meses. Mas o setor de frutas ainda vem crescendo. Um fator também importante é nós estarmos abrindo uma nova rota comercial marítima, que liga o Porto de Natal ao de Setúbal, em Portugal. Isso significa que nós vamos ter duas entradas na Europa, porque, até então, nossa principal porta era apenas Roterdã, na Holanda”, analisa o secretário.
Tribuna do Norte