O município de Poço Branco foi criado no dia 26 de julho de 1963, pela Lei nº. 2.899, desmembrando-se do município de Taipu e se tornando uma cidade do RN. O ato foi assinado pelo então governador em exercício do RN, Roberto Pereira Varela (ex-deputado estadual e ex-prefeito de Ceará Mirim). Para concluir este processo, o poçobranquense Cícero Freitas foi indicado como o primeiro prefeito da cidade. Até o governo de Aluízio Alves (1961-1966) já havia se tentado desmembrar Poço Branco de Taipu por algumas vezes, mas todas sem sucesso. A origem de seu nome está datada por volta de 1890, quando os primeiros moradores do povoado deram este nome ao lugar devido aos poços de água cristalina que existiam à margem do rio Ceará Mirim.
A história da cidade começa, de fato, com a construção da Barragem Engenheiro José Batista do Rego Pereira, iniciada em julho de 1959 e inaugurada em Dezembro de 1969. Durante esses dez anos foi concluído o processo de indenização das famílias que moravam no curso do rio Ceará Mirim e passaram a habitar a nova cidade. A obra foi executada pela construtora Nóbrega & Machado que também planejou a cidade, suas ruas e avenidas. Por muitos anos, Poço Branco foi, junto com Brasília/DF, uma das poucas cidades planejadas do país. A sua população foi formada basicamente pela miscigenação entre os antigos moradores de Poço Branco Velho e os funcionários da construtora da barragem, já que muitos deles constituíram família em solo poçobranquense.
O processo de emancipação de Poço Branco teve início no final dos anos 50, tendo à frente os senhores José Francisco de Souza (Zé Igapó) e Ivan Cardoso de Carvalho. Outros nomes como Cícero de Freitas, Manoel Targino, Eráquio Alves, Raimundo Rodrigues, Antonio Pereira, Raimundo Nonato, João Teixeira, Sebastião Rodrigues, dentre alguns outros, encabeçaram o movimento que separou Poço Branco de Taipu. Como em todo movimento separatista, este também teve alguma oposição. A população de Taipu não chegou a se insuflar contra a separação, mas os políticos taipuenses eram contrários.
Não há documentos oficiais que comprovem, de fato, quais foram os verdadeiros fundadores de Poço Branco, enquanto povoado. O que há são apenas suposições. O livro do ilustre poçobranquense Raimundo Rodrigues da Silva (Raimundo Caxiado) é uma das poucas “fontes vivas” da história da cidade, embora a publicação mencione, com maior ênfase, o período pós-povoado. Antes de 1900, existia um pequeno aglomerado de casas, pouco urbano, às margens de um pequeno rio. “Era uma casa aqui, outra acolá e muitos serrotes de pedra e mata”, conta o morador José Cícero de Oliveira (Ciço de Filó).
Aos poucos, o pequeno povoado foi ganhando novos moradores devido, principalmente, às grandes secas por que passava o sertão potiguar. Para Poço Branco Velho vieram e passaram alguns viajantes, famílias nômades (ciganos) e boiadeiros em busca de um bom lugar pra se estabelecer. Nesse período, o povoado ainda não tinha um nome de consenso, mas acabou sendo chamado inicialmente de Jacaré. No inverno, as cheias do rio criavam belas fontes cristalinas d’água: as cachoeiras e os poços. Talvez tenha vindo daí a origem mais aceita do nome que deu origem ao atual município.
BREVE CRONOLOGIA
O tempo passou e, entre secas e invernos, a pequena população de Poço Branco Velho levava uma vida simples – regada ao trabalho nos roçados e pouca vida social. Aos poucos, o lugar foi recebendo novos moradores e sua população foi crescendo. No início do século passado os hábitos do povo se limitavam a trabalhar, freqüentar uma feira livre (de Taipu ou Baixa Verde), rezar novenas e, para quem possuía condições financeiras, fazer uma romaria ao Pe. Cícero - no Juazeiro do Norte/CE.
Somente por volta de 1940 a vida do povoado começou a sofrer transformações importantes. Os primeiros funcionários do extinto DNOS/DNOCS começaram a colher amostras e medições topográficas para iniciar a construção de uma barragem, cuja função maior seria a de represar as grandes cheias de inverno que alagavam e prejudicavam o cultivo de cana-de-açúcar no Vale do Ceará Mirim. Naquele período, os usineiros do vale tinham muitos prejuízos com o alagamento de suas áreas produtoras. Este foi, talvez, o mais importante motivo que fez o Governo Federal liberar, inicialmente, “60 mil contos de réis” para iniciar a construção da então barragem de Taipu - segundo relatos do funcionário aposentado do DNOS/DNOCS, o saudoso José de Freitas Sobrinho.
Uma construção dessas necessitava de uma construtora de grande porte, mas as leis da época não permitiam consórcios de empresas - como atualmente é comum. Então, o Banco do Brasil financiou o dobro do necessário para que a construtora Nóbrega & Machado iniciasse a construção. José de Freitas, que depois se tornou funcionário do DNOCS, sempre lembrava que a construtora só trouxe uma caçamba velha e dois tratores para começar a construção. Foi preciso, então, utilizar tropas de jumentos para transportar o barro, areia e pedras para as fundações da obra. “Quem tinha um burrinho podia arrendá-lo à firma e teria uma fonte de renda”, comenta Zé Cacheado (outro morador fiel à história do município).
Com o início das obras da barragem, ainda na condição de distrito de Taipu, Poço Branco não recebia a devida assistência e atenção da Prefeitura de Taipu e, como já se tornara um povoado em desenvolvimento, alguns poucos moradores começaram a acreditar na possibilidade de sua emancipação. Mas foi com a chegada dos operários da construção da barragem que o centro financeiro da região se deslocou da sede (Taipu) para Poço Branco Velho. Vários comerciantes e prestadores de serviços fixaram moradia no povoado e o crescimento da economia local despertou as pretensões políticas de pessoas influentes do lugar.
DADOS POPULACIONAIS E ECONÔMICOS
Os dados mais recentes do IBGE, até 2010, mostravam Poço Branco com uma população de 13.947 habitantes. Os homens somam 7.051 e as mulheres representam 6.896 habitantes. No município, pouco mais de 53% continuam morando na sede. O município sobrevive, principalmente, das receitas que recebe dos governos federal e estadual. A principal delas, o FPM (Fundo de Participação do Município), sofreu, nos últimos anos, sucessivas quedas, mas ainda corresponde a maior parte de tudo que o município arrecada anualmente. Outros repasses (como Royalties, IPI e ICMS, IRPF, IPVA) e os impostos e taxas de natureza municipal formam a malha financeira do município.
Com a estabilidade econômica vivida no Brasil, Poço Branco teve um considerado crescimento em seu Produto Interno Bruto (PIB) e seu comércio foi o principal beneficiado. A cidade conta com supermercados, mercadinhos, pequenas lojas, restaurantes, lanchonetes, mas ainda não possui uma estrutura de hospedagem para atender uma futura necessidade turística. A pecuária, a pesca, a agricultura, os empregos públicos e a prestação de serviços são as outras fontes de sobrevivência de sua população que, como a maioria dos municípios brasileiros, depende muito das ações de sua Prefeitura. Poço Branco também acabou criando uma mão-de-obra especializada na construção civil, com a formação de reconhecidos profissionais nesta área. O município praticamente não possui produção industrial e/ou intelectual provenientes da sua população ou de seus recursos naturais.
Poço Branco está localizado na região do Mato Grande, entre os municípios de Ceará Mirim e João Câmara, a uma distância de 60 km de Natal, a capital do estado. A BR 406 (Natal a Macau) leva o visitante à cidade dos coqueirais, como também é conhecida. A Sangria da Barragem (foto), o Carnaval, a Festa de Emancipação Política (em julho) e a Festa do Padroeiro (em outubro) ainda são as principais atrações festivas do município. Além destes, não se deve deixar de provar da culinária regional (galinha caipira, bode, carneiro, etc.), os diversos forrós e uma visita à feira livre da cidade (aos domingos). Em seus distritos, as festas religiosas e de outras naturezas ainda são a principal atração. Destacam-se as Festas dos Padroeiros do Contador, da Lagoa do Serrote e da Pouza.
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