fonte:novo jornal
Comparada com outras fontes, a energia solar ainda é cara e apresenta pouca competitividade. Contudo, a partir do próximo Leilão de Reserva Energética do Ministério de Minas e Energia, previsto para 31 de outubro, é possível que esse quadro comece a mudar. Pela primeira vez, os projetos fotovoltaicos concorrerão apenas entre si, o que dá a garantia de que vários empreendimentos deste tipo serão viabilizados. Assim como o certame de 2009 deu o pontapé no advento da energia eólica no País, a expectativa é que o próximo leilão crie uma base de sustentação para o crescimento da energia solar. Desta vez, no entanto, o Rio Grande do Norte não aparece à frente do processo, mas registra boa participação.Dos 400 empreendimentos cadastrados interessados em participar do certame, reunidos pela Empresa de Pesquisa Energética, 236 estão na Bahia. Depois aparece Piauí, com 45 projetos, o Pernambuco, com 43, e o RN, em quarta posição, com 42. O número de projetos fotovoltaicos totalizam mais de 10 mil megawatts (MW) de capacidade instalada, dos quais o Rio Grande do Norte detém 1.155 MW. Esses números, todavia, devem passar por uma reavaliação. Após o cadastro na EPE, o Ministério de Minas e Energia passa mais um pente fino e habilita para o certame apenas os projetos que estão com todas as licenças ambientais emitidas, com a situação fundiária do terreno regularizada e a garantia de que há por onde escoar a energia que for produzida. De acordo com Maria Cristina da Rocha Taveira, coordenadora do Núcleo de Parques Eólicos do Idema, órgão responsável pela emissão de todas as licenças ambientais para empreendimentos de energias renováveis, apenas 21 projetos estão licenciados, sendo 19 com licença prévia e 2 com licença simplificada (autoriza instalar e operar o empreendimento).Os projetos estão nos municípios de Guamaré, Areia Branca, Currais Novos, João Câmara, Extremoz, Santana do Matos, Santa Cruz, Jandaíra, Apodi, Caraúbas, Governador Dix Sept Rosado e Alto do Rodrigues. “Não conseguimos liberar todos os processos, pela qualidade dos estudos apresentados. A gente solicitava complemento, mas como o prazo era curto, não deu tempo para todos os projetos interessados”, assinalou Cristina.O coordenador de Desenvolvimento Energético José Mário Gurgel de Oliveira Junior ressalta que o número de projetos cadastrados mostra que a Bahia já tem um programa de energia solar mais arrojado, mas lembra que é preciso analisar a competitividade de cada projeto. Ele destaca ainda que o Rio Grande do Norte tem, sim, um grande potencial. “Não digo o maior potencial, mas um grande potencial. Esta análise ainda tem que ser feita de maneira mais minuciosa”, destacou, confiante de que a energia solar começará a despontar após este leilão. “Queremos que este leilão de 2014 tenha comportamento semelhante ao de 2009. Na hora que tem projetos aprovados, começa a desenvolver toda a indústria” A produção atual de energia solar no Rio Grande do Norte é bastante tímida, ocupando apenas 0,02% da matriz energética estadual. A eólica lidera a produção, com 1.093.403 MW de potência (68,23%), seguida pela termelétrica, com 508.895 MW de capacidade instalada (31,75). Já a potência instalada da energia solar do Rio Grande do Norte, 306 MW, atende apenas aos próprios empreendimentos que a produzem ou funcionam de forma experimental para fins de pesquisa. Consórcio quer levar energia solar para o Seridó Entre os empreendimentos cadastrados no RN, estão os projetos da Helius, consórcio formado por empresas potiguares. De acordo com Raul Dantas, um dos diretores, somam-se 170 MW de capacidade instalada para parques solares nas regiões do Seridó e Oeste Potiguar. Ele explicou que estes projetos já foram apresentados nos últimos leilões, quando se passou a admitir a energia solar como fonte. Contudo, o otimismo de ter os projetos viabilizados pela energia solar cresce agora, em razão da inexistência de concorrência direta com outras fontes mais baratas. “A competitividade não existia”, assinalou. Para ele, a energia solar está a cada dia mais viável. Os preços dos equipamentos, por exemplo, estão baixando. Além disso, ele conclui que a necessidade de ter uma matriz energética diversificada justifica o investimento do Governo em fontes novas, mesmo com tarifas mais caras. “Um dia a energia eólica também foi cara. O intuito do governo é dar um pontapé inicial. Depois disso, toda a cadeia industrial será instalada no Brasil, como já acontece com a energia eólica”. Sobre os projetos, Raul afirmou que estão todos no território potiguar, em áreas onde o índice econômico é bem baixo. São locais em que a aridez do solo impede o desenvolvimento da pecuária ou da agricultura, por exemplo. “Isso vai gerar riqueza na região, mesmo que não gere tantos empregos diretos”, apontou, ressaltando que os parques de energia renováveis são altamente inteligentes e tecnológicos. Por isso, demandam pouca mão de obra.Ele explica que todo o nordeste, com exceção da faixa litorânea, tem grande potencial para a energia solar. Contudo, realça que não é só a insolação que é levada em conta. Também são observados o efeito de temperatura, o solo e a infraestrutura de conexões com a rede, entre outros pontos. Para participar do leilão, assim como já acontece com a energia eólica, é necessário que haja uma garantia de conexão. Problema, segundo Raul, já superado.
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