Fonte: DW
Eles cooperaram com seus parceiros da União Europeia (UE) para obter uma solução negociada. Desta forma, Irlanda, Espanha e Portugal superaram sua crise financeira com ajuda de programas de resgate e, através de reformas, colocaram a economia de volta aos trilhos. No entanto, o caminho não foi fácil.
Como eles entraram em crise?
Irlanda
A Irlanda, assim como a Grécia, começou a se desestabilizar em 2008. A ilha, no entanto, não ficou à beira da falência devido a um orçamento estatal fragilizado. A crise irlandesa foi provocada por dívidas privadas. Nos anos de boom econômico, os bancos concederam empréstimos de forma imprudente, sobretudo para projetos de construção de casas, criando uma bolha imobiliária.
Quando ela estourou, em 2008, o governo teve que garantir os compromissos dos bancos, para evitar o colapso das instituições financeiras. Somente com o Anglo Irish Bank, o Estado gastou cerca de 30 bilhões de euros. Ao mesmo tempo, o tesouro arrecadava cada vez menos, pois a economia irlandesa entrou em declínio, especialmente o setor de construção.
Espanha
A Espanha também tropeçou numa bolha imobiliária. Durante o tempo de crescimento econômico, os espanhóis construíram cerca de 800 mil novos apartamentos por ano. Os preços dos imóveis triplicaram em dez anos. Muita coisa foi financiada de forma imprudente. A dívida privada chegou a ser em 2008 o dobro do Produto Interno Bruto (PIB). Quando os preços caíram repentinamente, muitos não tiveram como pagar suas dívidas, a economia ficou paralisada. De repente, o Estado teve que gastar anualmente 32 bilhões de euros em auxílio desemprego.
Portugal
Embora o país tenha recebido um grande fluxo de capitais após a introdução do euro, em 2002, a produtividade de Portugal quase não crescia. A indústria do país é considerada atrasada. Mesmo assim, os gastos públicos aumentaram. Segundo os críticos, o país distribuiu benefícios sociais de forma imprudente. A dívida pública aumentou, os credores internacionais passaram a não confiar no país. Em 2010, as agências de classificação de risco foram rebaixando cada vez mais a nota do país. O Estado teve que prometer, temporariamente, juros de até 15%, para conseguir emprestar dinheiro.
Como eles combateram a crise?
Irlanda
Em novembro de 2010, a Irlanda pediu assistência financeira do fundo de resgate europeu e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O país recebeu um empréstimo emergencial de 68 bilhões de euros. Diversos bancos foram estatizados, como o Anglo Irish Bank, em janeiro de 2009. Além disso, o governo estabeleceu um severo programa de austeridade, reduzindo salários dos funcionários públicos, restringindo benefícios sociais e aumentando o imposto sobre valor agregado.
Espanha
Madri recebeu uma ajuda bilionária da UE para seus bancos, a partir de 2012, permitindo que país estabilizasse seu setor bancário. A Espanha não recebeu oficialmente auxílio do fundo de resgate e, portanto, sua política de reforma não teve que ser monitorada por Bruxelas. O governo implementou, mesmo assim, duras medidas de austeridade, que provocaram grandes protestos.
Portugal
Em maio de 2011, os ministros das Finanças da UE montaram um pacote de empréstimo para o Estado português. Assim, Portugal se tornou, depois da Grécia e da Irlanda, o terceiro país a necessitar de um pacote de resgate do euro.
Até 2014, o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI emprestaram a Portugal um total de 78 bilhões de euros. O governo português teve, em contrapartida, que cortar salários dos servidores públicos, reduzir benefícios sociais e aumentar o imposto sobre valor agregado.
Como eles estão hoje?
Portugal
Em maio de 2014, após três anos de ajuda, Portugal deixou o fundo de resgate europeu. Pela primeira vez, a economia do país voltou a crescer, ainda que apenas 0,9%. O governo prometeu continuar suas políticas de reforma. Mas a alta média de idade da população é um problema. Além do mais, os portugueses ainda continuam no último lugar na Europa Ocidental no quesito bem-estar social.
Irlanda
Para os defensores da austeridade, a Irlanda é um bom exemplo do sucesso dessas medidas. O país foi o primeiro beneficiário do fundo de resgate europeu a abrir mão da ajuda, em 2013. A economia cresceu cerca de 5% em 2014, mais fortemente que em qualquer outro país da UE. Hoje, o PIB irlandês atingiu de novo quase o nível de antes da crise. E os executivos do Anglo Irish Bank, que quase levaram o país à ruína, enfrentam agora os tribunais, no maior processo da história irlandesa.
Espanha
Em janeiro de 2014, o programa europeu de ajuda aos bancos da Espanha, no valor de 40 bilhões de euros, chegou ao fim. O governo do país prevê crescimento de cerca de 3% neste ano. Madri parece ter encontrado o caminho para sair da crise. No entanto, quase um em cada quatro cidadãos ainda está desempregado na Espanha. Partidos críticos das severas medidas de austeridade obtiveram bons resultados eleitorais no ano passado.
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