Fonte: Congresso em Foco
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta sexta-feira (1º) a 27ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Carbono 14, para investigar a prática dos crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Velhos personagens da política brasileira voltaram a aparecer nesta etapa da Lava Jato. Os dois mandados de prisão temporária foram expedidos contra o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC – onde a PF faz busca e apreensão – e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, também envolvido no escândalo do mensalão. O ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, condenado no mensalão, foi levado coercitivamente para depor.
Ao todo, 50 policiais estão nas ruas para cumprir, segundo PF, 12 ordens judiciais, todas no estado de São Paulo. Em nota, a força-tarefa da Lava-Jato afirmou que a “Carbono 14” investiga esquema de lavagem de cerca de R$ 6 milhões “provenientes do crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin, cujo prejuízo foi posteriormente suportado pela Petrobras”. Segundo a Procuradoria da República do Paraná, durante as investigações, constatou-se que o pecuarista José Carlos Bumlai contraiu um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões em 2004 junto ao banco.
O empréstimo tinha por finalidade o pagamento de dívidas do Partido dos Trabalhadores e foi quitado por intermédio da contratação fraudulenta – e sem licitação – da Schain como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao preço de US$ 1,6 bilhão.
De acordo com o Ministério Público, “há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu inicialmente por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorífico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema”.
Este empresário do Rio, segundo a Lava Jato, fez transferências direta para a Expresso Nova Santo André, empresa de Ronan, além de outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário – entre eles, o então dono do Diário do Grande ABC, de quem Ronan comprou o veículo de imprensa. Os investigadores ainda suspeitam que parte das ações do jornal foi comprada com dinheiro proveniente do Schahin, através de contratos simulados.
Marcos Valério
Esta etapa da operação apresentou relação com um depoimento prestado pelo pivô do escândalo do mensalão, Marcos Valério, em 2012. Segundo ele, houve uma operação política em 2002 com o objetivo de comprar o silêncio de Ronan Pinto sobre denúncias de irregularidades na Prefeitura de Santo André. À época, Celso Daniel era coordenador da campanha de Lula à Presidência e revelações sobre irregularidades na prefeitura poderiam impactar na corrida eleitoral.
O nome “Carbono 14”, segundo a PF, é referência a procedimentos “utilizados pela ciência para a datação de itens e a investigação de fatos antigos”. Os presos serão levados para Curitiba, base da Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal.
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