Fonte: Jovem Pan
O pico da pandemia da Covid-19 teve um impacto profundo na sociedade e nos negócios. Com a melhora do cenário, especialmente com a retomada gradual da atividade econômica e da circulação de pessoas, novos movimentos e oportunidades de negócios começaram a emergir. O aumento do desemprego e a baixa taxa de juros no Brasil fizeram surgir um interesse maior dos empreendedores por microfranquias, cujo investimento inicial vai de R$ 3 mil a R$ 90 mil. Esse movimento se reflete no maior volume de interessados no tema, na venda de unidades franqueadas e no lançamento de modelos com este perfil por parte de redes tradicionais. Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), operam no país 562 redes com modelo de microfranquia, sendo 63% puras (apenas com este modelo) e 37% mistas (com este modelo e o de franquia tradicional).
Historicamente, de acordo com a ABF, as franquias de baixo investimento já tem uma procura maior, de cerca de 60%. Porém, nos meses de maio, junho e julho de 2020, quando o último estudo sobre o tema foi feito, houve um aumento de 14% em relação aos três meses antecedentes. Atualmente, 40% das páginas mais visitadas do portal da ABF são sobre microfranquias e, pela primeira vez, 80% do público que busca uma franquia declara que tem até R$ 100 mil para investir. “As pessoas realmente estão procurando essa opção pela pandemia e pelos juros baixos, deixar o dinheiro parado não rende mais. Tivemos muita gente que perdeu o emprego, que já tinha um pequeno negócio, ou pessoas que escolheram ter uma diversidade maior para diluir o risco”, explica a diretora de microfranquias da ABF, Adriana Auriemo. Segundo a Associação, há dois perfis principais: profissionais que perderam o emprego e com o dinheiro da rescisão decidem investir, e pequenos empresários que aproveitam a queda dos preços dos aluguéis e a baixa dos juros para abrir novas frentes.
Recuperação do franchising
Depois de um período desafiador no 2º trimestre, o setor de franquias acelerou sua trajetória de recuperação em julho, registrando uma redução média de faturamento de 7,2% em relação ao mesmo período de 2019, segundo levantamento da ABF em parceria com a empresa de pesquisas AGP. Alguns setores registraram um crescimento até maior em comparação com julho do ano passado, como Casa e Construção, que teve um aumento de 36%, e Serviços e Outros Negócios, que cresceu 9%, alavancado por serviços logísticos e B2B. Esse é o caso da microfranquia CredFácil, empresa especializada em empréstimos consignados, que teve uma alta de 300% na venda de novas franquias, e de 30% no faturamento. “Vindo na contramão do mercado, começamos a crescer no início da pandemia. Muitos empresários começaram a migrar de segmentos que exigiam lojas físicas e estoques, e nosso negócio se tornou interessante pelo custo operacional bem menor, além de não necessitar de uma loja física aberta, já que o trabalho é 100% digital e online”, afirma o fundador da CredFácil, André Oliveira.
Entre os associados da ABF, ao menos 13 redes expandiram a venda de unidades de microfranquia nos últimos meses, além de quatro redes tradicionais que lançaram modelos com este perfil. Por exemplo, Acquazero, Ginástica do Cérebro e Pormade apresentaram crescimento na venda de unidades de microfranquia de 40%, 40% e 63%, respectivamente. De outro lado, redes como a Blu Sol Energia Solar, Calçados Bibi, Park Idiomas e Sóbrancelhas lançaram modelos com investimento inicial de até R$ 90 mil. O RapidãoApp, aplicativo de delivery que foi formatado para atender pequenas e médias cidades, também viu os números decolarem. “A pandemia serviu como um acelerador para o nosso negócio. Até fevereiro tínhamos 56 franquias e estimávamos chegar até o final do ano com 300. Agora, já esperamos terminar 2021 com 500 franquias”, conta Wilton Hermes, diretor operacional e cofundador do negócio. Para ele, o isolamento social fez crescer a demanda pelo serviço de delivery, tanto dos consumidores, quanto dos estabelecimentos, que enxergaram isso como uma alternativa à falência.
Procura maior por home based
No início da pandemia, a procura maior, segundo a diretora de microfranquias da ABF, Adriana Auriemo, foi para os setores que tinham relação com as demandas do momento, como serviços de limpeza, tecnologia e marketing digital. A adoção do modelo home office por 46% das empresas brasileiras nesse período, conforme dados da Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise Covid-19, fez crescer o interesse também por modelos home based, que tem como característica principal o trabalho remoto. De acordo com Adriana, outra vantagem observadas no negócio de franquias durante a crise foi o modelo em rede, que possibilita divisão de investimentos e economia em todas as partes da cadeia. Além disso, há algumas garantias, como o auxílio das franqueadores, que tem mais poder para negociar com os fornecedores e com os pontos comerciais. “É uma maneira mais segura e rápida. Às vezes começar sozinho é muito mais demorado. Na franquia a marca já é conhecida, os manuais já são estabelecidos, muita franquias inclusive já tem uma cartela de clientes”, explica. “O risco é menor. Quando falamos de investimento é muito relativo, mas na microfranquia a vantagem é que você consegue encolher de uma maneira mais segura. Quando você tem um negócio maior, em um momento como esse você pode ficar mais prejudicado”, complementa.
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