Na quinta-feira (6), um cidadão turco foi condenado na Suécia por tentativa de extorsão em nome do grupo militante PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos). A decisão do tribunal de Estocolmo pode ser utilizada pelo governo sueco para pressionar a Turquia a ratificar seu pedido de adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O episódio ocorre a menos de uma semana de uma reunião crítica entre os países sobre o ingresso do país escandinavo na aliança militar. As informações são da rede europeia Euractiv.
Yahya Gungor, o homem em questão, foi sentenciado a quatro anos e seis meses de prisão também por posse ilegal de armas e tentativa de arrecadar fundos para o grupo considerado extremista por Turquia, EUA e União Europeia (UE). Após cumprir sua pena, ele será extraditado para o país natal.
“A investigação mostra, como o tribunal distrital avalia, que o PKK realiza extensas atividades de arrecadação de fundos na Europa usando, entre outras coisas, a extorsão de comerciantes curdos”, disse o presidente do tribunal, conselheiro-chefe Måns Wigén, em entrevista coletiva realizada após a decisão.
Durante a conferência de imprensa, Wigén enfatizou que a decisão do tribunal foi independente da recente oferta de adesão da Suécia à Otan e das exigências da Turquia para ações mais severas contra o PKK como condição para o apoio turco à adesão. A Turquia e a Hungria são os únicos países que bloqueiam a aspiração da Suécia de ingressar na aliança.
O ministro da Justiça sueco, Gunnar Sören Folke Strömmer, não fez nenhum comentário sobre a decisão.
Embora não relacionada diretamente à decisão, vários observadores consideram o momento favorável para a Suécia, apesar da recente queima do Alcorão por um imigrante cristão iraquiano, um incidente semelhante envolvendo o político dinamarquês-sueco radical Rasmus Paludan no começo do ano e a consequente reação do mundo islâmico, incluindo a Turquia.
O veredito saiu no mesmo dia em que ministros das Relações Exteriores da Finlândia e da Suécia se encontraram com colegas turcos na sede da Otan em Bruxelas. Eles buscavam persuadir o governo turco a ratificar o pedido da Suécia de ingressar na aliança militar. No entanto, a Turquia recusou-se a fazê-lo, argumentando que a Suécia não tomou medidas suficientes para combater as atividades de grupos terroristas como o PKK.
A novela sueca na Otan
Desde maio de 2022, o presidente turco Recep Erdogan vem se mostrando um obstáculo nas pretensões suecas. Ele cobra do país escandinavo uma postura mais clara sobre o que Ancara considera “terrorismo”, referindo-se à tolerância sueca com indivíduos acusados de serem membros de milícias curdas.
Para ingressar na Otan, um país precisa de aprovação unânime dos membros. No caso da Suécia, faltam os avais de Turquia e Hungria.
Na negociação para contar com o “sim” de Ancara”, Estocolmo cedeu parcialmente às exigência ao anunciar, em dezembro de 2022, a extradição para a Turquia de Mahmut Tat, igualmente acusado de ligação com o PKK. Porém, outras demandas turcas não foram atendidas pela Justiça sueca, e o governo já afirmou mais de uma vez que não vai interferi em decisões do Judiciário.
A Finlândia, que apresentou a candidatura ao mesmo tempo que a Suécia, conseguiu romper a resistência inicial e teve sua bandeira hasteada na sede da Otan em abril, oficializando o aguardado ingresso na aliança militar transatlântica.
Quem também impede atualmente a adesão sueca é a Hungria. Porém, Budapeste já deu indícios de que não colocará empecilhos caso a Turquia dê sua aprovação. O “sim” húngaro deve vir assim que Ancara fizer o mesmo.
A expectativa da comunidade internacional é de que a Turquia acelere o processo de aprovação agora que Erdogan foi reeleito.
A REFERÊNCIA
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