Foto: MAGNUS NASCIMENTO
O aumento nos preços de medicamentos, com destaque para remédios essenciais, como Rivaroxabana e Prednisolona, tem impactado o orçamento das famílias brasileiras. Especialistas apontam fatores como câmbio, custos logísticos e alta demanda como principais causas. Com altas que superam os 300% em 2024 (janeiro a dezembro), consumidores relatam dificuldades para manter tratamentos de saúde e recorrem a promoções e pesquisas de preços para contornar a situação.
Dados da CliqueFarma, plataforma de comparação de preços, revelam que o remédio Rivaroxabana, utilizado no tratamento e prevenção de tromboses, liderou os aumentos, com um salto de 359%. Outros medicamentos amplamente utilizados também registraram altas significativas, como o Prednisolona (340%), usado para tratar inflamações e doenças autoimunes, e o Tadalafila (328%), indicado para disfunção erétil e hipertensão arterial pulmonar.
Também figuram na lista dos que mais subiram, medicamentos como ácido fólico (311%), utilizado na prevenção de anemias, Paracetamol (272%), recomendado para dores, e Citrato de Tamoxifeno, indicado para tratamento de câncer de mama sensível a hormônios. Esses aumentos representam um desafio crescente para as famílias brasileiras, especialmente para aquelas que dependem de tratamentos contínuos.
Para muitos consumidores, o impacto é sentido no dia a dia. Hilton Donato, aposentado, descreve o peso no orçamento. “Sempre compro para fazer um tratamento e realmente vem pesando no orçamento. E não é só remédio, é tudo mesmo; medicamentos, supermercado. Acredito que a política tenha influência nessa questão. O remédio que costumo comprar aumentou, mas são os outros remédios também, de maneira geral. Uma ida à farmácia tem ficado muito cara”, afirma.
Situações semelhantes também são enfrentadas por quem precisa adquirir remédios para familiares. Edineide Fernandes, que compra medicamentos para a mãe, de 82 anos, relata a dificuldade. “Compro sempre os remédios da minha mãe, ela toma para pressão e coração e, a cada dia, a gente percebe esses aumentos absurdos. Ela teve infecção urinária e foi mais um gasto. A sorte é que meu pai é aposentado da Petrobras e consegue ajudar. Mas imagine quem não tem. É um absurdo que pesa muito para quem é de baixa renda”, pontua.
Os impactos não são limitados a medicamentos de uso específico. Remédios comuns, como Paracetamol, que registrou alta de 272%, também afetam diretamente o orçamento de quem depende de medicamentos de uso contínuo. “Os preços dos remédios estão ficando difíceis de acompanhar. Os medicamentos subiram muito, e isso pesa bastante no orçamento, especialmente para quem depende de remédios de uso contínuo. A gente acaba tendo que recorrer a alguma promoção, pesquisas, porque só assim”, afirmou Erivan Terto, servidor público.
De acordo com o economista Helder Cavalcanti Vieira, os aumentos refletem fatores variados, desde os custos logísticos até a influência do câmbio. “Os medicamentos têm um órgão regulador específico que estabelece os preços máximos, mas entra novamente todo o impacto do dólar, as questões logísticas e o custo dos insumos”, explica.
- Medicamentos que mais subiram em 2024
- Rivaroxabana: +359% (anticoagulante utilizado para prevenir e tratar tromboses);
- Prednisolona: +340% (corticosteroide para tratar inflamações e doenças autoimunes);
- Tadalafila: +328% (tratamento de disfunção erétil, hiperplasia prostática benigna e hipertensão arterial pulmonar);
- Ácido Fólico: +311% (indicado na formação do DNA e prevenção de anemias);
- Paracetamol: +272% (analgésico para dores moderadas a intensas);
- Citrato de Tamoxifeno: +271% (tratamento de câncer de mama sensível a hormônios);
- Hidroclorotiazida: +268% (hipertensão arterial);
- Cloridrato de Clomipramina: +251% (antidepressivo para transtornos depressivos e obsessivo-compulsivos);
- Cloranfenicol, Fibrinolisina, Desoxirribonuclease: +249% infecções cutâneas, auxiliando na cicatrização);
- Letrozol: +248% (tratamento de câncer de mama em mulheres pós-menopausa).
Fonte do levantamento: CliqueFarma
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