Foto: Adriano Abreu
O Rio Grande do Norte deve receber investimentos da ordem de R$ 570 milhões no leilão de transmissão LT nº 01/2026, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), marcado para março de 2026. O leilão prevê a instalação de compensadores síncronos nas Subestações de 500 kV Ceará-Mirim II e Açu III. Além disso, segundo a ANEEL, os serviços que serão executados deverão criar cerca de 1.600 empregos na cadeia produtiva durante a implantação da tecnologia.
Anteriormente, quando o edital ainda estava em consulta pública, o Ministério de Minas e Energia (MME) previa um investimento na ordem de R$ 200 milhões. Com a evolução do escopo do leilão, em termos de material e indicadores econômicos, ocorrida entre agosto e novembro, o valor foi atualizado para R$ 570 milhões. “É importante esclarecer que os valores informados pelo MME em agosto deste ano representavam previsões iniciais, estimadas no contexto preparatório do leilão”, afirmou o ministério por meio de nota.
As mudanças feitas no Leilão de Transmissão nº 01/2026 elevaram o investimento total previsto no país de R$ 3,31 bilhões para R$ 5,8 bilhões. O edital foi encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU) no dia 11 de novembro, com previsão de que seja publicado até o final de fevereiro de 2026, após a análise e eventuais ajustes.
A sessão pública do leilão está prevista para 27 de março de 2026, na B3, em São Paulo. Os contratos devem ser assinados até junho de 2026, e as obras, concluídas entre 42 e 60 meses após a assinatura, ou seja, até 2030-2031.
O certame contempla, no Lote 3, a instalação de compensadores síncronos nas Subestações de 500 kV Ceará-Mirim II e Açu III. De acordo com a ANEEL, o serviço irá reforçar a estabilidade da rede e permitir maior escoamento da geração renovável do estado. A Agência pondera, entretanto, que a previsão de geração de empregos “não necessariamente acontecerá toda no estado do Rio Grande do Norte, já que a metodologia utilizada na estimativa considera inclusive profissionais envolvidos na fabricação, etc”.
A versão do edital enviada para o TCU apresenta 10 lotes para a construção e manutenção de 888 quilômetros em linhas de transmissão e de 4.800 mega-volt-ampères (MVA) em capacidade de transformação no Brasil, o que deve gerar 14.224 empregos diretos.
Os empreendimentos serão instalados em 11 estados: Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Após assinarem os contratos, as empresas vencedoras terão entre 42 e 60 meses para concluir as obras.
Atualização do edital
A remodelação do certame ocorreu após a Consulta Pública nº 028/2025, realizada de 21 de agosto a 19 de setembro de 2025, que recebeu 163 contribuições. Em nota, o MME havia informado que a Aneel mudou seus leilões de transmissão em reunião extraordinária no dia 16 de setembro, transferindo cinco lotes do Leilão LT 04/2025 para o LT 01/2026.
A pedido do Ministério, a Aneel incluiu empreendimentos em processo de caducidade, leiloados em 2021 e 2022, com atrasos na construção, o que elevou o número de lotes de cinco para 10. Os cinco novos lotes são de projetos realizados em outros estados.
Segundo o MME, o Leilão 04/2025, em outubro deste ano, licitou três compensadores síncronos no RN (dois na Subestação Açu III e um na Subestação João Câmara III). Anunciado pelo Governo Federal para suprir os gargalos energéticos, o Leilão nº 01/2026 inclui a licitação de mais cinco compensadores síncronos distribuídos entre RN e Ceará.
A ampliação das linhas de transmissão é vista como uma das soluções para estancar os chamados “curtailments”, que são cortes de geração de energia renovável. Esses cortes são determinados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e ocorrem especialmente em dois cenários: quando a energia produzida é maior do que a consumida em determinado horário e quando as linhas de transmissão não conseguem escoar a energia que seria produzida.
“A utilização de compensadores síncronos para obter maior equilíbrio e resiliência da rede elétrica diante da ocorrência de distúrbios ganhou destaque nos últimos leilões de transmissão, especialmente pela capacidade que esses equipamentos possuem de estabilizar os níveis de tensão das linhas de transmissão diante do grande volume de energia renovável”, disse em nota a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec) em matéria publicada pela TN na semana passada.
Também em reportagem da TRIBUNA publicada no último fim de semana, o secretário-adjunto da Sedec-RN, Hugo Fonseca, afirmou que o leilão de transmissão já realizado em 2025 e o previsto para o ano que vem devem provocar uma melhora no cenário. “Isso vai mitigar esses problemas do corte de geração. Vamos ter segurança no sistema elétrico e evitar justamente problemas provocados pelo descompasso entre consumo e geração do sistema elétrico”, disse.
Tribuna do Norte
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