A difícil rotina sem eletricidade
Christina Ruta e Maryan Bartels - Deustche Welle
Berlim - Até 2030, todos os habitantes do planeta devem ter acesso à eletricidade e a participação das fontes renováveis no total de energia produzida deve dobrar. Esse é o obejtivo estabelecido pelas Nações Unidas e Banco Mundial. Uma meta inalcansável se as mudanças seguirem no ritmo atual, avaliou o próprio Banco Mundial em um estudo publicado na semana passada, em Viena, capital da Áustria.
Nos últimos 20 anos, cerca de 1,7 bilhão de pessoas receberam pela primeira vez acesso à rede elétrica. Ainda assim, aproximadamente 1,2 bilhão ainda vivem sem eletricidade – quase a população da Índia. Ao mesmo tempo, a população mundial aumentou em 1,6 bilhão nas últimas duas décadas. Para alcançar a meta, é preciso dobrar a velocidade de conexão às redes distribuidoras dos que vivem no escuro.
No Brasil, segundo o Banco Mundial, a eletricidade chega para 98,3% da população. O país emergente também é o sétimo maior consumidor – China, Estados Unidos e Rússia são os primeiros do ranking.
Na Nigéria e no Afeganistão, por exemplo, quase a metade da população não tem acesso à eletricidade, segundo dados da entidade. Na Índia, há mais de 300 milhões de pessoas nas mesmas condições, mesmo depois da ampliação das redes elétricas nas últimas décadas.
“O que pode ser medido também pode ser implementado”, diz Rachel Kyte, do Banco Mundial. Em um primeiro momento, defende, dados precisam ser coletados e, em seguida, uma solução deve ser encontrada para colocar o objetivo em prática.
Esse também é o ponto de vista de Claudia Kemfert, do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica, em Berlim. “Esse é um relatório importante para reconhecer onde sucessos foram alcançados e quais ajustes ainda precisam ser feitos para que a meta principal seja atingida.”
Detalhes obscuros
Ainda não está muito claro como exatamente essas pessoas devem ganhar acesso à energia elétrica – que provavelmente não será da forma mais sustentável. Stefan Schleicher, do Centro Wegener para Clima e Mudanças Globais, em Graz, na Áustria, enfatizou em entrevista à DW que a descentralização da distribuição de energia é a melhor estratégia. “Em áreas rurais, a construção de redes de transmissão é completamente inútil.” Os países já deixaram a telefonia fixa para começar diretamente com celulares. A mesma coisa pode ser feita no setor de eletricidade, opina.
Claudia Kemfert defende a importância do fornecimento de unidades descentralizadas. “Se uma tecnologia mais moderna como biomassa sustentável e energias renováveis for fornecida, ao invés de antigos geradores a diesel, já é um grande progresso.” Depois daria para pensar em uma conexão à rede, adiciona a especialista.
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