Operação Assepsia: Nota do ministério público confirma o que se disse aqui sobre Micarla de Sousa
O dia todo ocupado, em viagem e sala de aula, e não pude comentar a nota do Ministério Público do RN, divulgada na manhã de hoje e que confirma as informações prestadas pelo blog no que se refere à denúncia do contrato do ITCI no contexto da Operação Assepsia.
O MP esclareceu, conforme já havíamos antecipado, que os indícios contra Micarla aparecem no contexto de outras investigações da Operação cujas denúncias ainda não foram apresentadas. Além disso, a denúncia sobre os contratos da prefeitura de Natal com o ITCI já havia sido apresentada e recebida em outubro passado pela justiça estadual - antes que o juiz responsável pelo caso declinasse da competência e remetesse o processo para a justiça federal.
A nota, que reproduzo a seguir, provocou reclamações. Muitos se doeram. Houve quem se referisse a mim como "acusado de incendiar ônibus".
Estava ali assistindo a entrevista que Alberto Dines conduzia em seu Observatório da Imprensa com o ex-ministro Franklin Martins. Ambos concordaram com uma definição capaz de distinguir o bom do mau jornalismo: apegar-se viceralmente aos fatos.
Prefiro a noção de acontecimento, mas a ideia faz todo sentido. Não acredito na possibilidade de jornalismo imparcial, não confio nas noções de neutralidade. Digo a meus alunos que lancem no lixo tais ideias e reforcem a compreensão da coerência e do respeito às normas e técnicas do nosso campo. Assim, aferrar-se aos fatos é basilar nas técnicas e normas éticas do jornalismo.
No episódio em questão, uma falha que, acredito, não tenha sido produzida por má-fé foi conduzida em edições e enquadramentos interessados para distorcer os fatos.
A falha: não perceber que a denúncia da Operação Assepsia publicizada pelo juiz federal Mário Jambo era a mesma já feita e recebida na justiça estadual em outubro de 2012, quando Micarla ainda era prefeita. Ali, como agora, Micarla não constava como denunciada. Pelo foro, inclusive, a então prefeita estava sendo investigada sob responsabilidade do Procurador Geral de Justiça no contexto de outros contratos analisados na Operação Assepsia.
Acredito que falhas assim, e vemos isso muito costumeiramente na cobertura da mídia e na literatura da área, ocorrem quando, diante da rotina de trabalho dos jornalistas, eles se dedicam a diversos assuntos diferentes e, muitas vezes, não se aprofundam no conhecimento de um tema específico. Desse modo, não se pode crucificar um profissional que, na correria diária, não for capaz de realizar o vínculo entre um fato jurídico de maio de 2013 com algo ocorrido sete meses atrás.
O enquadramento e a má-fé: ainda não é difícil imaginar que os partidários de Micarla - ou simplesmente aqueles que pretendem desqualificar as ações do MP - reforçassem o enquadramento da questão com base na falha básica. Foi assim que parte da imprensa fez de Micarla uma injustiçada de uma hora para a outra.
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