Atletismo: talentos surgem e precisam de condições
Dias atrás coloquei aqui um post falando sobre o desempenho do Brasil no Mundial de Atletismo que aconteceu na Rússia, finalizando sobre a necessidade de um pensamento moderno para que não fiquemos na Idade da Pedra. Recebo logo depois do Ruy Moraes uma foto que considero emblemática dessa situação: Ticiane Bonfim Campeã Baiana Escolar no Salto em Altura treinando. É o fim.
No esporte brasileiro há um bom tempo não faltam verbas, a maioria delas saída dos impostos pagos por todos nós que, temos todo direito, de querermos que esses recursos sejam bem empregados.
Desde que iniciou seu plano de potência olímpica, grande parte dos recursos vai para as modalidades ou categorias top ficando a base com pouca ou nenhuma verba. Aí vale a pergunta: de onde saem os talentos?
Em Jaguarari, norte da Bahia, fica o Flamengo que realmente apoia o esporte amador. A 411 km da capital, o Professor Ferreira forma talentos que levaram a pequena cidade ao título estadual. Ferreirinha como é conhecido revelou além de Ticiane e sua irmã Naviny, um velocista de mão cheia que já participa de provas adultas, pois nas disputas entre 15 e 19 anos ganha absolutamente todas.Ticiane Bonfim - campeã baiana no salto em altura - tem 14 anos e venceu na categoria de 15 a 19Sua irmã Naviny , de 15 anos, segunda colocada numa corrida de rua na categoria adultaMeninos com pares de tênis doados.
Para sua equipe, o Prof. Ferreirinha conseguiu os tênis com o PAC, mas, convenhamos, é muito pouco diante de um potencial como esse. A construção de Centros Esportivos de Seleção e Desenvolvimento na Região Nordeste traria a esses diamantes brutos a chance de se desenvolverem sendo lapidados perto de suas famílias e origens, saindo para grandes centros quando estivessem preparados. Em Cuba o programa de caça ao talento encaminha jovens para as modalidades às quais tenham maior aptidão num ganho de tempo e resultados. Sobre a questão da decadência do vôlei, ela se dá em função do êxodo dos jogadores e jogadoras que quando vão para o exterior ficam um período sem participar de competições e, quando voltam a ter condições de jogo, não podem mais defender a seleção cubana. Vale lembrar que o destaque da equipe feminina já eliminada do Grand Prix tem 13, sim, treze anos. Vargas é mais que uma promessa. É uma certeza.
Aqui pela terra brasilis, Magic Paula, quando foi convidada a participar dos destinos do esporte brasileiro, falou que o foco deveria ser a base e não o topo da pirâmide. Experiente e com resultados inegáveis como atleta e dirigente, Paula não conseguiu convencer os caciques de plantão e pegou seu boné. Montou o Instituto Passe de Mágica e, num acordo com algumas confederações que acreditam em trabalho sério, trouxe patrocínio e resultados para o Brasil. O patrocínio passou a ser cobiçado por outros órgãos e entidades que têm maior interesse na elaboração de relatórios e estruturas administrativas e não na infraestrutura aos atletas.
Posar na foto com um campeão olímpico ou mundial é muito bom, mas dar estrutura a uma geração é muito melhor. Aliás, boas estruturas de formação são os verdadeiros legados do esporte junto à formação educacional. O inverso disso não é o segundo de Naviny na Cidade de Várzea do Poço. É o caminho, sem volta para o fundo dele.
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