fonte:bbc brasil
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira esperar que um cessar-fogo seja estabelecido entre forças do governo ucraniano e rebeldes pró-Rússia até a sexta-feira.
Em declarações durante uma visita à Mongólia, Putin pediu que os rebeldes colaborem e suspendam seu avanço militar no leste ucraniano. Por outro lado, ele também pediu que forças do governo de Kiev se retirem da área.O líder russo propôs um plano com sete pontos (veja tabela abaixo) para chegar ao cessar-fogo que teria sido apoiado pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko. Os dois conversaram por telefone.
"Nossas visões sobre como resolver o conflito, assim me parece, são muito próximas", disse Putin.
A proposta deverá ser discutida na sexta-feira em uma reunião em Minsk, capital de Belarus, entre representantes da Rússia, dos rebeldes e da Ucrânia.
Pressão
A divulgação da proposta ocorre em um momento em que a Rússia é pressionada pela União Europeia, que discute a adoção de novas sanções contra o país, e após a decisão da França de suspender da venda de um navio de guerra a Moscou.
Segundo o correspondente da BBC em Moscou Oleg Boldyrev, se aprovado, o plano de Putin deve ser desfavorável à Ucrânia na medida em que consolidará as posições de separatistas pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Luhansk.
Há algumas semanas as discussões sobre um possível cessar-fogo tinham como ponto principal a saída dos rebeldes dessas regiões.
Cerca de 2,6 mil pessoas foram mortas e mais de 1 milhão foram deslocadas de suas regiões desde que o conflito começou, em abril.Logo após a divulgação do plano de Putin, autoridades russas afirmaram que ele não abre caminho para um cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia.
"Putin e Poroshenko realmente discutiram os passos que podem contribuir para um cessar-fogo entre a milícia e as forças ucranianas. A Rússia não pode fisicamente concordar com um cessar-fogo porque não faz parte do conflito", teria dito o secretário de imprensa de Putin, Dmitry Peskov, à agência de notícias RIA Novosti.
Apesar de Putin ter afirmado que o presidente ucraniano tem uma visão muito próxima à sua sobre um cessar-fogo, o premiê da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, rejeitou o plano e disse que ele é uma tentativa russa de iludir o Ocidente.
O premiê afirmou que, com essa ação Moscou, tenta confundir a comunidade internacional às vésperas da reunião de cúpula da Otan – que ocorrerá na quinta-feira no País de Gales – e no momento em que a União Europeia prepara uma nova onda de sanções.
"O melhor plano para acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia deve ter apenas um elemento: que a Rússia retire suas tropas, seus mercenários e seus terroristas do território ucraniano", afirmou Yatsenyuk.
Já os rebeldes pró-Rússia afirmaram que apoiam as propostas de Putin, mas não acreditam que o presidente da Ucrânia cumprirá o cessar-fogo.
Obama
A caminho do País de Gales para a cúpula do Otan, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou que há indícios “comprovados” de que tropas russas estão lutando em território ucraniano.
A afirmação foi feita durante um discurso em Tallinn, capital da Estónia, no qual Obama assegurou que a Otan protegerá todos os seus Estados-membros em caso de conflito.
O presidente americano disse que defender as capitais das repúblicas bálticas seria tão importante quanto proteger Paris, Berlim e Londres.
Ele afirmou que o cenário de uma Europa unida e pacífica está sendo ameaçado por uma tentativa de Moscou de alterar as fronteiras na região por meio das armas. Ele também incentivou os membros da aliança militar a sinalizar também seu apoio ao governo ucraniano.
A reunião de cúpula da Otan deve discutir na quinta-feira a criação de uma força militar de resposta rápida para proteger os países-membros contra uma eventual agressão russa.
Segundo o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, essa força teria tropas enviadas pelos Estados-membros em um sistema rotativo e poderia entrar em ação em 48 horas.
Para que ela possa entrar em funcionamento, a Otan deve armazenar armas e suprimentos em locais estratégicos nos territórios dos Estados-membros. A ideia é que esses recursos permitam que as tropas possam viajar rapidamente e atacar com força total se necessário.
Segundo a Otan, dessa forma seria possível proteger seus membros do leste europeu sem violar tratados que impedem o estabelecimento de bases permanentes tanto russas como da Otan na região.
Também nesta quinta-feira a Polônia revelou detalhes de exercícios militares liderados pelos Estados Unidos que envolverão tropas da Otan na região.
O Ministério da Defesa polonês afirmou que o exercício anual da Otan chamado "Rapid Trident 14" será realizado na Ucrânia – que não é membro da aliança.
A manobra envolverá centenas de militares de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Polônia, Alemanha e Lituânia.
A Rússia, por sua vez, também anunciou a realização de exercícios militares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário