Fonte: DW
A Grécia se filiou à união monetária europeia em 2001, adotando o euro como moeda. Três anos mais tarde, detectaram-se indícios de que Atenas havia falsificado seus balanços e violado regras relativas à estabilidade da moeda comum. Foi o começo da crise grega.
2009
O governo do premiê Georgios Papandreou revela aquilo que ninguém nas instituições da União Europeia poderia imaginar – nem havia notado: a Grécia tem dívidas no valor de 350 bilhões de euros, o equivalente a 160 vezes seu Produto Interno Bruto (PIB). O déficit orçamentário nacional é de 12,7%, quando o máximo estipulado pelas regras de estabilidade do euro é de 3%.
2010
O PIB da Grécia cai 5%. É aprovado para Atenas um primeiro pacote de ajuda financeira, no valor de 110 bilhões de euros, dos quais 30 bilhões de euros são provenientes do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os chefes de Estado e governo da União Europeia chagam a um acordo quanto à criação de um mecanismo anticrise contendo um "escudo protetor" para o euro, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (Feef), com garantias de até 780 bilhões de euros.
2011
Continua piorando a situação da Grécia, seu PIB cai em cerca de 7%. Diversas agências rebaixam sua classificação de risco de crédito (rating). Em oposição às ajudas financeiras, subordinadas a reformas e medidas de austeridade, ocorrem protestos veementes, em que morrem três pessoas. Uma primeira greve geral aumenta a pressão sobre o governo.
Considera-se a introdução de um imposto sobre imóveis e a venda das últimas reservas de capital, como condição para um corte das dívidas, com os credores privados abrindo mão de 50% de suas exigências. Numa cúpula extraordinária, a UE libera 100 bilhões de euros em novos empréstimos e outros 39 bilhões em garantias de crédito adicionais.
O premiê social-democrata Giorgos Papandreou anuncia a intenção de submeter as medidas de austeridade à votação popular, em referendo, porém, desiste diante dos protestos dos credores. Em seguida, renuncia à chefia de governo. O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Loucas Papademos assume o governo interino.
2012
A economia grega acusa um índice negativo de 6,4%. O segundo pacote de resgate para o país perfaz 130 bilhões de euros. Os ministros de Finanças da UE liberam a maior parte dos créditos e reduzem à metade os juros relativos ao primeiro pacote. Em contrapartida, exigem de Atenas medidas de autoridade rigorosas.
Os cidadãos gregos manifestam nas eleições seguintes seu posicionamento no impasse, aumentando significativamente o apoio à aliança de esquerda Syriza, que rejeita as exigências de austeridade. A legenda se estabelece como a segunda mais forte da Grécia.
O primeiro-ministro eleito é Antonis Samaras, do partido Nova Democracia – segundo observadores, pouco disposto a reformas. A crise permanece, apesar da persecução aos sonegadores de impostos e o confisco das contas bancárias de milionários gregos no exterior.
Cresce o temor de que em breve a Grécia poderá estar falida, além de não ser o único Estado da zona do euro em dificuldades financeiras. O presidente do BCE, Mario Draghi, assegura: "Vamos fazer tudo para manter o euro", o que tranquiliza temporariamente os mercados financeiros. Draghi trabalhara durantes três anos em Londres para a casa de investimentos Goldman Sachs, consultora do governo grego até 2009.
2013
O PIB cai mais 3,9%, as dívidas perfazem 160% da receita anual da Grécia. O desemprego avança: mais da metade dos jovens estão sem trabalho. Cresce a animosidade contra a "troica" de credores – FMI, BCE e Comissão Europeia. As medidas de austeridade implementadas não bastam aos fiscais internacionais.
A resistência é tanta, e a situação tão caótica, que os credores internacionais adiam para o ano seguinte uma auditoria planejada. O novo slogan é: "Deem mais tempo à Grécia." O Parlamento em Atenas aprova medidas contra a crise, que incluem a elevação dos impostos e a demissão de mais de 10 mil funcionários públicos.
2014
Finalmente, um raio de esperança: a economia da Grécia acusa um pequeno crescimento, de 0,6%. Pela primeira vez, os gregos conseguem até mesmo obter crédito no mercado livre de capitais. Samaras está seguro de si: "Não precisamos de novos pacotes de resgate." São transferidos cerca de 8 bilhões de euros, até então bloqueados, referentes aos pacotes de ajuda já aprovados. No fim do ano, fracassa no Parlamento a eleição do novo presidente da República, acarretando uma guinada na política nacional.
2015
Nas eleições legislativas antecipadas de 25 de janeiro, vence a aliança esquerdista Syriza, que forma uma coligação de governo com o partido populista de direita Gregos Independentes. O novo premiê, o chefe de partido Alexis Tsipras, e seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, confirmam a intenção de cumprir a promessa eleitoral de abrandar as imposições de austeridade dos credores internacionais.
Porém, novos problemas se apresentam ao governo recém-eleito: as arrecadações de impostos despencam, metas orçamentárias não são cumpridas. O governo Tsipras adota um curso titubeante: primeiro rejeita um corte de dívidas e a prorrogação do programa de resgate, para depois aceder.
A UE impõe, como condição, que a Grécia apresente uma lista de medidas para estabilização da financeira nacional. A disputa se acirra até a suspensão das negociações, precipitada pelo anúncio de Tsipras de um referendo sobre as medidas de austeridade.
Nesta terça-feira (30/06), o governo grego deveria restituir 1,55 bilhão de euros que deve ao FMI. Para tal, no entanto, seria necessária a próxima parcela, de 7,2 bilhões de euros, do pacote de resgate, cuja liberação foi sustada devido ao atual estado das negociações.
As agências de classificação de risco baixaram a nota do país para CCC-, último estágio antes da falência estatal. Os bancos e bolsas de valores da Grécia estão fechados até a próxima semana, com os saques restritos a 60 euros diários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário