Foto: Reprodução/NASA/Dan Bartlett
Um cometa visto no céu 50 mil anos atrás poderá ser visualizado novamente a olho nu, da Terra, nesta semana. Pesquisadores dizem que, embora não seja tão fácil encontrá-lo, algumas dicas podem facilitar a experiência.
O “cometa verde” – C/2022 E3 (ZTF) – foi detectado em março de 2022, quando transitava nas proximidades da órbita de Júpiter. Ele ficará visível da Terra por cerca de duas semanas.
Ele não é verde, de fato, mas ganhou o apelido pela coloração observada da Terra e que seria causada por uma reação química que emite luz de cor verde ao redor do núcleo dele.
Astrofísico e professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Dias do Nascimento publicou orientações para quem quer ver o cometa a partir do Rio Grande do Norte e outros estados do Nordeste.
Segundo ele, o primeiro passo é procurar um local com boa escuridão. A visualização será melhor no próximo sábado (4), por volta das 21h.
“O cometa está com um brilho no limite do que o olho humano consegue captar. Luzes ou mesmo a lua, que segue na sua fase crescente, podem atrapalhar. Para ver com nitidez, o ideal é utilizar um binóculo, mas também é possível enxergar a olho nu”, diz.
Também é importante que o céu esteja limpo, sem nuvens. O professor ainda orienta o uso de aplicativos gratuitos para smartphones, como o Stellarium e o Star Walk, que permitem localizar os astros no céu, em tempo real, de acordo com a localidade na qual o usuário se encontra.
“Procure a estrela Capela por volta do dia 4 de fevereiro, siga na direção norte e procure abaixo dela”, orienta o professor.
Segundo ele, no Rio Grande do Norte, o cometa aparecerá um pouco mais alto no céu. Desde a quarta-feira (1º), ele pode ser visto perto do horizonte. Mas a partir do dia 4, os potiguares já conseguirão encontrar o cometa a uma altura boa o suficiente para observação a olho nu.
No dia 10, o cometa será visível proximo a Marte, porém, o professor ressalta que ele já não estará tão próximo e visível como no dia 4.
Cometas
José Dias do Nascimento explica que cometas são grandes corpos feitos basicamente de poeira e gelo, que orbitam o sol e que desaceleram à medida que se aproximam de sua posição mais próxima da estrela. Em seguida, eles seguem sua viagem para os confins do sistema solar.
O “período do cometa”, explica o professor, é o tempo que ele leva para completar uma órbita em torno do sol.
Alguns possuem período curto e podem passar a cada 200 anos ou menos. Porém, outros cometas, com “período longo”, podem levar até 250 mil anos para voltar ao centro do sistema solar.
“Alguns chegam a viajar 50 mil vezes mais longe do que os cometas de curto período. Esses cometas de longo período são originário do que nós, astrônomos, chamamos de nuvem de Oort. Esta é uma faixa de detritos reunidos na borda do sistema solar”, explica o professor.
E a cor verde?
Segundo o professor, acredita-se que o fenômeno é fruto de uma interação entre a luz do sol e uma sequência de reações relacionadas com carbono diatômico.
“O carbono diatômico é uma forma instável e gasosa do elemento no qual os átomos de carbono estão ligados em pares. Com a luz solar na cabeça do cometa, substâncias são decompostas à medida que o cometa se aproxima do sol. É a reação química de excitação por raios ultravioleta que emite luz no comprimento de onda verde, que é visto ao redor do núcleo do cometa”, pontua.
Outro ponto que chama atenção dos observadores é relacionada às caudas dos cometas. Uma é feita de poeira, que é expelida do cometa pelo vento solar. A outra é do gás proveniente de dentro do cometa.
“O lado misterioso deste cometa é que em 21 de janeiro astrofotógrafos na Dinamarca e Itália, tiraram fotos do cometa verde com uma terceira cauda apontada para o Sol, o que quebra completamente o esperado pela física”, diz o professor.
Por G1 RN.
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