Yabchanka relatou que sofre com dores constantes, após sofrer um ferimento, relativamente, de menor gravidade há mais de um mês. Isso o impede de executar suas tarefas como soldado, reduz sua qualidade de vida e não pode ser aliviada com outros medicamentos. “Ainda assim, minha dor não é nada em comparação com a de quem amputou membros ou sofreu ferimentos graves”, disse Yabchanka. O soldado de brigada Mykhailo Bakaliuk, que perdeu a perna devido à explosão de uma mina terrestre, compartilhou no Facebook o relato de sua situação atual. “Tenho terríveis dores físicas e fantasmas (após a amputação de um membro). O uso de analgésicos não as elimina, apenas ameniza durante pouco tempo”, postou no Facebook o militar. O soldado da brigada 47 do exército ucraniano argumentou que o uso da cannabis medicinal como analgésico reduziria de maneira significativa a sensação de dor e reduziria o efeito destrutivo sobre todo seu organismo.
Além de aliviar as dores físicas, o acesso legal à cannabis também ajudaria a lidar com o transtorno de estresse pós-traumático que tem quem tenta voltar à vida civil, quem vive o horror da guerra por testemunhá-la, dizem os militares. “Os psicólogos, que têm que dar suporte a soldados com estresse, estão fracassando. Sem alternativas, como a cannabis medicinal, muitos buscam a outra mais fácil e mais destrutiva, o álcool”, lamentou Igor Kholodylo, que é militar e psicólogo. Vyacheslav Zhukov, um dos coautores do projeto de lei, afirmou que os veteranos ucranianos e os soldados feridos não podem ter uma reabilitação completa na Ucrânia e são obrigados a deixar o país para ter acesso à cannabis medicinal. Ele também afirmou que o texto, apresentado pelo governo da Ucrânia ao Parlamento do país, está próximo das opiniões sobre o tema manifestadas por Zelensky. O presidente manifestou apoio à legalização, com uma pesquisa científica apropriada e a produção supervisionada na Ucrânia”, em discurso proferido no Parlamento em 28 de junho deste ano, quando disse que ajudaria aos ucranianos a tratar “a dor, o estresse e o trauma da guerra”.
Até agora, a legalização havia sido rejeitada no Parlamento, e um projeto de lei não passou em 2021. O texto atual, por sua vez, já está sendo debatido há mais de um ano. A oposição argumenta com estereótipos, que equiparam o uso da cannabis medicinal com a legalização de drogas ilícitas e alegando que pode acontecer um aumento da produção e consumo de drogas na Ucrânia. Ivanenko, diretora-executiva da ONG Pacientes da Ucrânia, garantiu que as chances de legalizar a cannabis são maiores do que nunca, visto que o presidente, o governo, vários parlamentares, o exército e grande parte da população apoiam o projeto. A expectativa é que o texto seja votado na próxima sessão do Parlamento, segundo afirmou nesta quarta-feira o deputado Yaroslav Zhelezniak.
*Com informações da EFE
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