(Foto: Peace for Afrin/Divulgação)
Em julho de 2023, uma operação conjunta realizada pelas polícias da Alemanha e da Holanda levou à prisão de terroristas que diziam servir ao EI-K. Os indivíduos eram cidadãos de países da Ásia Central, a maioria do Tadjiquistão, de onde também vieram os autores do ataque da última sexta-feira (22) em Moscou. Os demais eram do Turcomenistão e do Quirguistão.
Segundo as agências de inteligência de Alemanha e Holanda, os detidos já haviam feito o reconhecimento dos locais onde realizariam os ataques e foram presos quando tentavam obter as armas de que necessitavam. Eles entraram na União Europeia (UE) através da Polônia, fazendo-se passar por refugiados de guerra.
Também do Tadjiquistão vieram os terroristas presos em dezembro do ano passado em uma operação conjunta realizada pelas polícias espanhola, austríaca e alemã. Os alvos, nesse caso, seriam igrejas e outros estabelecimentos católicos nos três países.
O alvo preferencial do EI-K, entretanto, parece ser a França. Após o terrível ataque de Moscou, o presidente Emmanuel Macron disse que em mais de uma oportunidade suas forças de segurança frustraram ações do grupo terrorista.
Embora Macron não tenha citado em quais ocasiões o EI-K esteve por trás da ameaça, a polícia chegou a realizar operações de evacuação no Museu do Louvre e no Palácio de Versalhes, duas das principais atrações turísticas francesas, devido a suspeitas de bomba em outubro de 2023.
Ataques na Europa
Nem todas as ações de contraterrorismo, porém, foram bem sucedidas. Em 16 de outubro do ano passado, dois cidadãos suecos foram mortos em Bruxelas, na Bélgica, por um tunisiano que vivia ilegalmente no país e que alegou ter cometido o ato em nome do EI, que confirmou a filiação.
O agressor, Abdesalem Lassoued, mais tarde morto pela polícia belga, disse que agiu motivado pelo sentimento de vingança devido aos episódios de queima do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, ocorridos na Suécia no ano passado. Por isso, os alvos dele foram cidadãos suecos, que visitavam a Bélgica por conta de uma partida de futebol.
Mais tarde, em novembro, Bruxelas entrou em alerta novamente após uma ameaça de bomba que levou ao fechamento por um dia de 27 escolas. Viena, na Áustria, viveu situação semelhante em novembro, com diversas escolas evacuadas devido a uma ameaça de bomba em nome do EI. Entretanto, em nenhum desses casos as autoridades fizeram menção à facção afegã da organização terrorista.
O mais recente episódio ocorreu em Moscou, com ao menos 137 pessoas mortas na casa de espetáculos Crocus City Hall. Quatro homens com rifles automáticos invadiram o local antes da apresentação de uma banda que foi popular nos tempos da extinta União Soviética, segundo a agência Associated Press (AP). O show estava prestes a começar quando os homens começaram a disparar contra a multidão.
A violência extremista, entretanto, não pegou o governo russo totalmente de surpresa. No início do mês, a embaixada norte-americana em Moscou alertou seus cidadãos para o risco de atentados na cidade. Após o ataque, o Kremlin chegou a sugerir o envolvimento da Ucrânia, que prontamente negou. Kiev recebeu o apoio de Washington em suas negativas.
No domingo (24), dois dias depois do ataque, quatro indivíduos foram apresentados pelas autoridades russas durante uma audiência. Seriam os responsáveis pelo atentado, todos com hematomas visíveis no rosto. Acusados de terrorismo, podem pegar prisão perpétua.
Por que isso importa?
Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do EI. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.
Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pela facção de Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.
Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), quando as bombas do grupo mataram 183 pessoas na região do aeroporto de Cabul.
Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.
A Referência
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