(Foto: facebook.com/statedept)
“Apoiamos as Filipinas e mantemos nossos firmes compromissos de defesa, inclusive no âmbito do Tratado de Defesa Mútua”, disse Blinken, segundo a agência Associated Press (AP). “Temos uma preocupação comum sobre as ações da RPC (República Popular da China) que ameaçam a nossa visão comum de um Indo-Pacífico livre e aberto, incluindo no Mar da China Meridional e na zona econômica exclusiva das Filipinas.”
Apesar da tensão crescente, o líder filipino refutou, no início do mês, a necessidade de acionar o Tratado de Defesa Mútua, destacando que não considera o momento apropriado nem vê razão para invocar o pacto, firmado em 1951. Segundo o acordo, as Forças Armadas norte-americanas devem agir em caso de um ataque estrangeiro contra as tropas, aeronaves ou navios filipinos.
As palavras de Blinken foram devidamente contestadas por Beijing, através do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian. “Os EUA não são parte na questão do Mar da China Meridional e não têm o direito de intervir nas questões marítimas entre China e Filipinas”, disse ele. “A China continuará a tomar as medidas necessárias para defender firmemente a sua soberania territorial e os seus direitos e interesses marítimos e manter a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China.”
A disputa pelas ilhas do Pacífico
A questão filipina, entretanto, não é a única que tem exigido intervenção frequente dos EUA na região. Uma preocupação paralela é com o aumento da presença da China nas nações insulares do Indo-Pacífico, firmando acordos de investimento e segurança que preocupam acima de tudo as nações vizinhas, como Austrália e Nova Zelândia.
Para não perder ainda mais espaço, o Legislativo norte-americano aprovou na semana passada uma lei que oferece US$ 7,1 bilhões em investimentos, ao longo de 20 anos, a Palau, Micronésia e Ilhas Marshall, três pequenas nações insulares que vinham sofrendo pressão para aceitar propostas semelhantes de Beijing.
Surangel Whipps Jr., presidente de Palau, disse em fevereiro que a demora norte-americana em aprovar a lei levou a população local a cobrá-lo para que aceitasse uma parceria com a China, disposta a aquecer o setor turístico local e a investir no projeto de um call center que geraria empregos e renda.
Taylor Ruggles, conselheiro do Departamento de Estado para a implementação do pacto com as ilhas do Pacífico, disse que o investimento era “prioridade máxima” para o governo Biden. Apesar do valor pequeno quando comparado a outros investimentos feitos por Washington, como os pacotes de armas para a Ucrânia, é inegável que o Pacífico é prioritário.
Pouco dinheiro, muito poder
Desde 2008, Beijing investiu US$ 3,9 bilhões em nações insulares do Pacífico, segundo estudo do Instituto Lowy, um think tank australiano. O valor, pequeno para os padrões chineses, esconde o tamanho da influência chinesa na região.
Um símbolo do sucesso da estratégia é as Ilhas Salomão, com quem a China firmou em 2022 um acordo de segurança com a perspectiva de que uma base militar seja instalada ali. A influência chinesa na nação insular é crescente, a ponto de Honiara ter suspendido temporariamente, em agosto de 2022, todas as visitas de embarcações norte-americanas a seus portos.
Em artigo publicado na revista Foreign Policy em dezembro de 2022, Hayley Channer, ex-funcionária do governo australiano, alertou que a estratégia chinesas tem desdobramentos mais importantes do que se pode notar em um primeiro momento. Justamente como vem ocorrendo nas Ilhas Salomão.
“Se for bem-sucedida, a China aumentará muito seu alcance militar e alcance para intimidar aliados dos EUA, como Austrália e Nova Zelândia”, disse ela, que advertiu. “Chegou a hora de a Austrália e seus aliados liderarem, e não perseguirem, infraestrutura e investimentos no Pacífico. Caso contrário, eles estão presos em um jogo que não podem mais jogar.”
A Referência
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