(Foto: The Presidential Press and Information Office/WikiCommons)
O ex-agente duplo russo Sergei Skripal diz acreditar que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi quem deu a ordem para seu envenenamento com Novichok em março de 2018, de acordo com um inquérito relacionado à morte de uma mulher que naquele mesmo ano foi intoxicada acidentalmente pelo agente neurotóxico. As informações são da Reuters.
A declaração de Skripal foi feita durante inquérito sobre a morte de Dawn Sturgess, uma cidadã britânica que morreu acidentalmente quatro meses depois. Ela foi exposta à substância fatal através de um frasco de perfume falsificado encontrado pelo seu companheiro, que a polícia acredita ter sido usado por agentes da inteligência russa para contrabandear o veneno para o país.
Skripal e sua filha, Yulia, sobreviveram ao envenenamento pela substância neurotóxica desenvolvida pela União Soviética nas décadas de 1970 e 1980. Em 4 de março de 2018, eles foram encontrados inconscientes em um banco público na cidade de Salisbury, no sul da Inglaterra, após terem sido expostos ao Novichok, que havia sido aplicado na maçaneta da porta da frente de sua residência.
Em uma nova declaração de testemunha divulgada na audiência em Salisbury na segunda-feira (14), Skripal afirmou acreditar que o presidente russo “deve ter, no mínimo, autorizado o ataque contra mim e Yulia” há seis anos.
“Qualquer comandante do GRU que tomasse uma decisão desse tipo sem a autorização de Putin teria sido duramente punido”, acrescentou Skripal.
O ex-agente da inteligência militar russa (GRU) foi condenado por espionagem a favor do Reino Unido em 2004 na Rússia. Ele teria vendido segredos militares russos a autoridades britânicas, antes de ser libertado em uma troca de prisioneiros em 2010, mudando-se então para o Reino Unido. O ataque a ele gerou uma crise diplomática entre Moscou e Londres que culminou com as expulsões recíprocas de diplomatas pelas duas nações.
O inquérito, que está sendo conduzido em Salisbury nesta semana e será transferido para Londres em 28 de outubro, buscará determinar se Dawn, morta aos 44 anos, faleceu ao ser envolvida no “fogo cruzado de uma tentativa ilegal e escandalosa de assassinato internacional”, afirmou o advogado principal, Andrew O’Connor.
“As evidências sugerem que esta garrafa, que, como ouviremos, continha veneno suficiente para matar milhares de pessoas, deve ter sido deixada em algum lugar público, criando o risco óbvio de que alguém a encontrasse e a levasse para casa”, disse O’Connor.
Outros casos
Em 2016, outro inquérito público britânico concluiu que o governo da Rússia foi responsável pelo envenenamento e consequente morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, ocorrido em novembro de 2006, em Londres. Ele adoeceu repentinamente e foi internado na capital. Os exames posteriormente apontaram envenenamento por polônio, um elemento radioativo altamente tóxico. Ele morreu no dia 23 daquele mesmo mês.
O falecido político de oposição Alexei Navalny também foi vítima de uma tentativa de envenenamento por Novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria. Duas, na verdade. Agentes russos teriam dado uma segunda dose de veneno ao principal opositor do Kremlin antes de ele ser enviado para recuperação na Alemanha, onde passou cinco meses.
A REFRÊNCIA
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