Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
David O'Sullivan, enviado especial da UE para as sanções, disse à Euronews que espera que os EUA voltem a aplicar novas sanções contra Moscovo.
A abordagem do presidente dos EUA, Donald Trump, para pôr fim à guerra da Rússia na Ucrânia dá preferência à negociação e ao envolvimento com Vladimir Putin em vez da aplicação de novas sanções, de acordo com o enviado da UE para as sanções, David O'Sullivan.
No entanto, O'Sullivan disse à Euronews que "é evidente que Putin não está a responder", apesar das várias tentativas para levar o presidente russo à mesa das negociações.
Em agosto, no Alasca, Trump lançou uma grande investida diplomática com o objetivo de persuadir Putin a aceitar um cessar-fogo e uma reunião trilateral com os EUA e a Ucrânia.
Nenhum dos objetivos se concretizou e o presidente dos EUA diz-se profundamente frustrado com a aparente falta de sinceridade de Putin durante o processo.
"Esperamos para ver exatamente como é que o presidente Trump vai reagir a isso, porque ele tem mostrado irritação e até frustração com o presidente Putin", referiu o enviado da UE para as sanções, em declarações à Euronews.
Trump está agora "a falar em enviar ajuda militar adicional à Ucrânia", adiantou O'Sullivan sobre o pedido em curso da Ucrânia para adquirir mísseis de longo alcance para utilização contra a Rússia.
"Esperamos que Trump aprenda com a experiência que teve até agora, de que Putin claramente não quer a paz", notou O'Sullivan.
Entretanto, a UE está prestes a aprovar o seu 19.º pacote de sanções contra a Rússia, que, entre outras coisas, inclui, pela primeira vez, uma futura proibição do gás natural liquefeito (GNL) russo.
O bloco é um dos maiores importadores de GNL russo, e o volume importado para a UE aumentou 11% em 2024 em comparação com 2023, de acordo com um relatório da Greenpeace.
"É verdadequeeles [os EUA] não têm aplicado sanções na mesma medida, nos primeiros meses deste ano, porque queriam colocar o esforço na mediação e na intermediação de um acordo de paz", mas "eles ainda têm sanções substanciais", disse O'Sullivan.
"Entretanto, continuaremos a aplicar as nossas sanções em conjunto com o resto do G7 e esperamos que os EUA se juntem a nós muito em breve", afirmou.
Ativos russos em foco
Bruxelas está também a discutir uma proposta da Comissão Europeia que permitiria à Ucrânia utilizar cerca de 140 mil milhões de euros de ativos russos congelados, mantidos principalmente na Euroclear, um repositório com sede na Bélgica.
A solução jurídica consiste em conceder à Ucrânia um empréstimo baseado nos saldos de caixa associados aos ativos russos já imobilizados. Cada Estado-membro da UE partilharia o risco do empréstimo.
A Comissão Europeia afirma que os ativos em si não serão afetados, a não ser que chegue o momento em que a guerra termine e a Rússia seja convidada a pagar indemnizações pelos danos e pelos custos de reconstrução.
A Ucrânia só pagaria o empréstimo se a Rússia pagasse pela reconstrução.
A UE afirma que os ativos serão utilizados como alavanca para forçar a Rússia a pagar pelos danos causados em muitas partes da Ucrânia.
A Comissão Europeia faz questão de insistir que a proposta não equivale a um confisco dos ativos russos e que Moscovo poderá reclamá-los de volta no final da guerra, assim que efetuar os pagamentos para a reconstrução.
"Não se trata de confisco, porque, exatamente como diz, a Rússia recuperará esses ativos se pagar as reparações", explicou O'Sullivan à Euronews.
Euro News
Nenhum comentário:
Postar um comentário