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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Ministério da Barganha


Celso Pansera, novo ministro da Ciência e Tecnologia. Prioridade é dar continuidade por Aldo Rebelo (Foto: Agência Brasil)

Fonte: Época

“Ministério da Ciência, da Tecnologia da Informação e do Planejamento Futuro”. É o nome do ministério da Coreia do Sul que cuida do desenvolvimento tecnológico e da inovação do país asiático. Diz muito sobre a visão dos coreanos sobre o papel estratégico da inovação.

A Coreia do Sul sabe como poucas nações como é importante investir em ciência e tecnologia para se desenvolver. Até a década de 1970, coreanos e brasileiros viviam em condições parecidas. A infraestrutura das cidades e até a renda per capita dos países eram similares. De lá para cá, o filme é conhecido: a Coreia do Sul tornou-se um país rico investindo em duas frentes principais: educação e inovação tecnológica. O Brasil se desenvolveu em velocidade bastante inferior e hoje vê seu crescimento econômico patinar.

Números que mostram a disparidade entre os dois países nesta área não faltam. O principal: a Coreia investe 4% do seu produto interno bruto em áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação. O Brasil investe 1,2% (quase metade da média mundial). Não vou me alongar no diagnóstico. Meu colega Bruno Calixto, que cobre o assunto no site da revista ÉPOCA, publicou uma reportagem que resume a situação em que o país se encontra. O título é autoexplicativo: o Brasil está à beira de um apagão científico. Também entrevistou a bióloga Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Vocês podem ler e tirar as suas conclusões.

Velhos ares
Tomou posse nesta semana o novo ministro da Ciência e Tecnologia do Brasil, Celso Pansera, do PMDB do Rio de Janeiro. Ele era membro titular da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática. Participou de debates de questões envolvendo o setor de telecomunicações. Mas, segundo reportagem de O Globo, sua atuação parlamentar é pequena. Em oito meses de mandato como deputado federal, não apresentou nenhum projeto de lei. Sua principal ocupação foi fazer requerimentos relativos à CPI da Petrobras, onde um dos depoentes, o doleiro Alberto Youssef, o chamou de “pau-mandado” de Eduardo Cunha. Pansera era um desconhecido da maioria dos brasileiros até então.

Gaúcho de São Valentim, Pansera é formado em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Em 1988, tornou-se secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), quando era filiado ao Partido dos Trabalhadores. De lá, fundou a Frente Revolucionária, que deu origem ao PSTU. Em 2001, migrou para o PSB.Já dentro do partido, ocupou diferentes cargos na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) até chegar à presidência da entidade. Ficou no cargo por sete anos. Foi multado algumas vezes pelo Tribunal de Contas do Rio de Janeiro por problemas administrativos. Foi secretário de Ciência e Tecnologia do estado. Em 2013, mudou para o PMDB.

Em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora, Pansera falou sobre a sua qualificação para o cargo de ministro: “Tenho trabalhado na educação, não sou pesquisador, mas milito nessa área (...). Tenho atuação em projetos de acesso à internet em comunidades”. Talvez pela timidez de seus feitos na área de Ciência e Tecnologia, o que acabou mais chamando a atenção na biografia de Pansera foi a propriedade de um restaurante "self-service" em Duque de Caxias, no Rio, com um nome curioso: Barganha.

Pansera diz que entre as suas prioridades está “dar continuidade ao que era feito pelo ministro Aldo Rebelo (PC do B), ouvir a comunidade acadêmica e a presidente Dilma”. Como mostra a reportagem do colega Bruno Calixto, a trajetória recente do país mostra que o continuismo na pasta de Ciência e Tecnologia pode não ser a melhor estratégia para um futuro mais promissor.

É uma pena que um ministério tão importante tenha entrado na lista de cargos destinados a preservar a paz com o PMDB. Fosse na Coreia do Sul, Pansera teria o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Planejamento Futuro. No Brasil, podemos adaptar o nome para ministro da Ciência, da Tecnologia... e da Barganha.

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