Refugiado, senador boliviano desembarca em Brasília; Bolívia fala em "fuga"
O senador opositor boliviano Roger Pinto, 53, asilado havia mais de um ano na embaixada brasileira em La Paz, desembarcou em Brasília, na madrugada deste domingo (25). A informação é do canal de TV "GloboNews".
Roger Pinto chegou por volta da 1h ao aeroporto de Brasília em um jatinho particular vindo de Corumbá (MS) e estava acompanhado do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
À "GloboNews", no desembarque, Roger Pinto não quis comentar a vinda para o Brasil sem o salvo-conduto do governo boliviano (permissão necessária para deixar o país), apenas fez um agradecimento ao governo brasileiro. "Devo agradecer ao Brasil e às autoridades brasileiras", declarou.
Ainda segundo a "GloboNews", o senador boliviano viajou neste sábado (24) da embaixada brasileira na Bolívia em um veículo da chancelaria nacional escoltado por fuzileiros navais e policiais federais. Na capital federal, Roger Pinto ficará hospedado na casa de Ricardo Ferraço.
Existe a expectativa de que o senador conceda uma entrevista coletiva nas próximas horas de hoje, em Brasília, segundo declaração à agência Efe de um dos advogados de Roger Pinto, o brasileiro Fernando Tibúrcio. "[O senador] já está no Brasil e nas próximas 48 horas convocará uma entrevista coletiva, que possivelmente será em Brasília", disse.
Ainda de acordo com a agência Efe, a família do senador está a caminho de Brasília e deve se reunir com ele também neste domingo (25).
Acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, o opositor refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012, e, em junho, recebeu asilo político com o argumento de que é perseguido pelo governo Evo Morales.
"Tempestade diplomática"
O senador veio para o Brasil salvaguardado pelo governo brasileiro, já que não possui o salvo-conduto da Bolívia (permissão necessária para deixar o país), em uma decisão que pode culminar numa "tempestade diplomática" entre os dois países. Essa é a opinião de fontes consultadas pela agência Efe.
A aposta desses analistas é a de que a Bolívia prepara uma "resposta duríssima" para a saída de Pinto da embaixada, e que em La Paz se considera que houve uma "ruptura" da "confiança" entre ambos os governos.
Bolívia fala em "fuga"
Neste domingo (25), o governo boliviano confirmou a vinda do senador opositor ao Brasil, em um primeiro pronunciamento oficial sobre o assunto, e, em um breve comunicado, tratou Roger Pinto como "fugitivo".
"Depois de estabelecer contatos com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores do Estado Plurinacional da Bolívia informou o público que o Sr. Roger Pinto Molina fugiu do país para a República Federativa do Brasil", diz a nota.
No entendimento do governo boliviano, "a fuga do país torna o Sr. Pinto um fugitivo da Justiça".
Neste sábado (24), rumores da vinda de Pinto ao Brasil foram ventilados publicamente pela deputada opositora Norma Piérola: "uma pessoa de confiança me disse que Pinto está no Brasil".
Consultada sobre o caso, no momento, a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Dávila, disse que "oficialmente, e até que o Brasil informe o contrário por via diplomática, o senador Pinto está na embaixada do Brasil na Bolívia, porque o governo boliviano não concedeu qualquer salvo-conduto para o senador, para viajar ao Brasil ou a qualquer outro país".
Senador é acusado de corrupção
O senador, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012.
Após dez dias de ser recebido na embaixada, o governo brasileiro concedeu ao senador o status de asilado político.
A Bolívia, no entanto, não forneceu o salvo-conduto necessário para Pinto viajar ao Brasil, sob a alegação de que o senador deve responder a diversas acusações de corrupção.
Em junho, o político foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano, que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse dias depois que o governo da presidente Dilma Rousseff "garantia" a segurança do senador boliviano.
O chanceler também explicou que o governo prosseguia com negociações "confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar solucionar a situação. (Com agências internacionais)
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