Fonte: https://www.publico.pt
O furacão Matthew, que assola as Caraíbas há quase uma semana, está a deixar um rasto de destruição e morte nas ilhas da região e começou a provocar um êxodo em massa da região costeira dos estados norte-americanos da Florida, Carolina do Sul e Carolina do Norte, onde deverá ter maior intensidade no fim-de-semana. O número de vítimas mortais foi actualizado esta tarde para 108, das quais 104 são no Haiti.
Depois de ter descido da categoria 4 (num máximo de 5 da escala Saffir-Simpson) para a 3 na quarta-feira, o Centro Nacional de Furacões norte-americano (NHC) anunciou esta tarde (meio-dia na região) que o furacão, o mais forte dos últimos dez anos na região, voltou a aumentar de intensidade para a categoria 4, na sua rota de aproximação à Florida, a uma velocidade de cerca de 15 a 20 km/h. A essa hora já estava apenas 290 quilómetros da costa norte-americana.
Ao início da noite de quarta-feira (meia-noite de hoje em Lisboa) o furacão estava a 435 quilómetros a sudeste de Nassau, nas Bahamas com ventos a soprarem a 185 km/h acompanhados de chuvas torrenciais, e o NHC previa que chegasse muito perto da costa Este da Florida esta quinta-feira à noite. Numa conferência de imprensa em Tallahassee, o governador deste estado norte-americano avisou: “Se o Matthew atingir directamente a Florida, a destruição pode ser catastrófica e precisamos estar preparados.”
Além das quatro vítimas mortais na República Dominicana, no Haiti a contagem oficial já vai em 108 mortos à medida que é possível começar a chegar às zonas mais afectadas da ilha. Os dois países dividem a ilha de Hispaniola e do lado do Haiti a tempestade devastou a região sudoeste do país: ondas gigantescas arrastaram barcos e toneladas de lixo para as estradas costeiras e muitas vilas, aldeias e cidades ficaram submersas.
Só na cidade costeira de Roche-a-Bateaux, no sudeste da ilha, morreram 50 pessoas atingidas por árvores, ou objectos e lixo trazidos pelo vento ou ainda afogadas na corrente. "Nunca vi nada assim", admitiu o autarca local Louis Paul Raphael citado pela Reuters. O deputado eleito pela região sul, Ostin Pierre-Louis, contou à AFP que toda a costa sul do Haiti, desde a cidade de Cayes até Tiburon foi devastada".
Numa reunião com uma equipa da ONU que prepara o plano de ajuda de emergência ao Haiti, as autoridades disseram que na região, onde habitam mais de 700 mil pessoas, cerca de 80% das casas ficaram danificadas, e há pelo menos 11 mil pessoas que ficaram em abrigos por terem perdido tudo. Para além das falhas nas comunicações, também os acessos rodoviários foram atingidos. A principal ponte que liga a península sudoeste ao resto do país ficou destruída, impossibilitando a ajuda e até uma análise dos danos.
O Haiti é o país mais pobre do continente americano e a situação tem-se agravado desde 2010 quando um gigantesco terramoto matou mais de 200 mil pessoas e deixou o país quase em ruínas. Dezenas de milhares de pessoas ainda vivem em tendas e haverá pelo menos 350 mil pessoas a precisar de ajuda urgente, estima o Governo. Para além do ressurgimento de casos de cólera, que começam a ser sinalizados no país. O Haiti tem andado a adiar sucessivamente eleições presidenciais que estavam agora marcadas para o próximo domingo, dia 9, mas também já foram desmarcadas devido ao mau tempo.
Em Cuba, apesar de tudo e pelo que se sabe até agora, a passagem doMatthew terá provocado apenas danos materiais. Mas não foram poucos: na turística cidade de Baracoa, considerada a mais antiga do país, há muitas casas sem tecto ou algumas paredes, muros por terra, as ruas estão cheias de vigas de madeira, telhas, cabos de electricidade e árvores arrancadas. “As casas coloniais do centro da cidade [um símbolo nos postais turísticos] ficaram destruídas”, contou à AFP Quirenia Peres, uma dona-de-casa de 35 anos.
Às 2h desta quinta-feira (7h em Lisboa), o furacão estava a 160 quilómetros a sudeste de Nassau, a capital das Bahamas onde os serviços públicos excepto hospitais foram encerrados, tendo acontecido o mesmo em New Providence and Grand Bahama, e os habitantes avisados para se deslocarem para as zonas altas.
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