Fonte: O Globo
Os Estados Unidos acusaram a Rússia nesta terça-feira de estar desenvolvendo novas armas para uso no espaço. Entre elas, citaram um sistema móvel de lasers para destruir satélites, o Peresvet, e o lançamento de um novo satélite de inspeção que estaria agindo de forma "anormal".
A acusação foi feita por Yleem Poblete, secretária assistente de Estado para Controle e Verificação de Armas, na Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento, órgão permanente com sede em Genebra. A conferência discute há dez anos anos um novo tratado, proposto justamente por Rússia e China, cujo objetivo seria evitar uma corrida armamentista no espaço.
Poblete disse não confiar no projeto sino-russo, chamado de "Tratado sobre a Prevenção de Armas no Espaço e sobre a Ameaça do Uso da Força contra Objetos Espaciais". E acrescentou que o governo dos EUA quer garantir a "segurança e a estabilidade do espaço".
— Esse tratado não é o mecanismo apropriado para garantir a segurança espacial. Esforços vazios e hipócritas não são a resposta — afirmou.
Ela criticou Rússia e China por terem apresentado o texto do acordo em 2008 e o revisarem seis anos depois:
— É um documento imperfeito.
Na semana passada, o governo de Donald Trump anunciou a criação do sexto ramo das Forças Armadas americanas, a Força Espacial, com o argumento de que China e Rússia estariam desenvolvendo armas para destruir satélites.
O representante da Rússia na Conferência sobre Desarmamento, Alexander Deyneko, insinuou que as críticas de Poblete seriam uma cortina de fumaça para desviar a atenção do projeto de Trump, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso.
— Toda vez que eles (os americanos) querem dissimular suas intenções, atraem a atenção para outra questão — afirmou.
Deyneko disse que as acusações da secretária americana não procedem:
— São as mesmas acusações de sempre, infundadas, calúnias baseadas em suspeitas e suposições.
Segundo ele, os Estados Unidos, embora critiquem o texto do acordo apresentado por Rússia e China, não propuseram qualquer emenda.
— Percebemos que o lado americano expressa sérios temores sobre a Rússia. Mas é o caso de pensar que eles deveriam ser os primeiros a apoiar nossa iniciativa — afirmou o diplomata russo. — Deveriam se empenhar para elaborar um acordo que satisfizesse os interesses de segurança do povo americano. Mas não fizeram essa contribuição construtiva.
LAVROV E PUTIN
Em fevereiro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse na Conferência sobre Desarmamento que era prioritária a prevenção de uma corrida armamentista no espaço.
Mas, segundo Poblete, "as ações russas não traduzem suas palavras". Referindo-se um "aparato de inspeção espacial" cujo lançamento foi anunciado pelo Ministério da Defesa russo em outubro de 2017, a secretária americana comentou:
— A única certeza que temos é que esse sistema foi posto em órbita.
Ela afirmou que o comportamento do sistema em órbita é diferente de tudo que já foi visto antes, incluindo outros satélites russos.
A busca russa por armamentos espaciais seria preocupante por causa do "recente comportamento maligno" do país, acrescentou Poblete, e o tratado proposto por China e Rússia, segundo ela, não impediria e produção e o armazenamento de armas antissatélite.
POSIÇÃO CHINESA
Por sua vez, o embaixador chinês na Conferência, Fu Cong, conclamou os presentes a um debate profundo sobre o espaço sideral, que leve a negociações entre os países.
— A China sempre defendeu o uso pacífico do espaço, e somos contra armas lá. Também somos contra a ideia de transformar o espaço num campo de batalha — disse Fu.
Estados Unidos, Rússia e China já são membros do Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe o estacionamento de armas de destruição em massa no espaço e permite a exploração de corpos celestes apenas para fins pacíficos. Mas, na prática, analistas dizem que o tratado não está sendo cumprido por vários lados.
— O espaço já está militarizado há muito tempo. Há satélites, tecnologias e mísseis cada vez mais potentes no espaço. Tentar acreditar que o tratado consegue evitar o uso militar destas tecnologias chega a ser ingênuo — disse Juan Carlos Hidalgo, analista de políticas públicas do coservador Cato Institute, ao GLOBO.
Trump anuncia criação de força militar espacial
A Força Espacial está a caminho”, escreveu no Twitter o presidente Donald Trump, no início da tarde desta quinta-feira, para anunciar seu novo projeto: usar o espaço de forma bélica, como base para as ações de defesa americana. A medida muda a exploração espacial mundial, até agora sempre baseada no uso pacífico.
“Estou orientando o Departamento de Defesa e o Pentágono a iniciar imediatamente o processo necessário para estabelecer uma força espacial como o sexto ramo das forças armadas”, escreveu Trump no memorando que foi distribuído pela Casa Branca.
Se o projeto for aprovado pelo Congresso, este será de fato o sexto departamento militar americano, juntamente com o Exército, as Forças Aéreas, a Marinha, o Corpo de Fuzileiros Navais e a Guarda Costeira. De acordo com o governo americano, a nova diivisão começará a ser montada já. Segundo um discurso do vice-presidente Mike Pence, a força poderá estar em operação em 2020.
NOVA GERAÇÃO DE ARMAS PARA O ESPAÇO
A Casa Branca informou que será criada uma Agência de Desenvolvimento Espacial para desenvolver uma nova geração de armas espaciais e que haverá uma aceleração da tecnologia voltada para o espaço. O governo também estabeleceu que será fundado um Comando Espacial dos Estados Unidos, para planejar e aperfeiçoar “guerras espaciais”.
“Infelizmente, potenciais adversários reconhecem a importância do espaço para o nosso país e estão desenvolvendo ativamente maneiras de negar o uso do mesmo numa crise. O diretor de Inteligência Nacional alertou que vários países, incluindo a Rússia e a China, estão desenvolvendo armas antissatélite destrutivas e não destrutivas que podem entrar em operação dentro de alguns anos. A comunidade de segurança nacional dos Estados Unidos reconhece a necessidade de desenvolver novas tecnologias para o espaço, a fim de defender-se de uma crescente gama de ameaças”, afirma o comunicado da Casa Branca.
A acusação foi feita por Yleem Poblete, secretária assistente de Estado para Controle e Verificação de Armas, na Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento, órgão permanente com sede em Genebra. A conferência discute há dez anos anos um novo tratado, proposto justamente por Rússia e China, cujo objetivo seria evitar uma corrida armamentista no espaço.
Poblete disse não confiar no projeto sino-russo, chamado de "Tratado sobre a Prevenção de Armas no Espaço e sobre a Ameaça do Uso da Força contra Objetos Espaciais". E acrescentou que o governo dos EUA quer garantir a "segurança e a estabilidade do espaço".
— Esse tratado não é o mecanismo apropriado para garantir a segurança espacial. Esforços vazios e hipócritas não são a resposta — afirmou.
Ela criticou Rússia e China por terem apresentado o texto do acordo em 2008 e o revisarem seis anos depois:
— É um documento imperfeito.
Na semana passada, o governo de Donald Trump anunciou a criação do sexto ramo das Forças Armadas americanas, a Força Espacial, com o argumento de que China e Rússia estariam desenvolvendo armas para destruir satélites.
O representante da Rússia na Conferência sobre Desarmamento, Alexander Deyneko, insinuou que as críticas de Poblete seriam uma cortina de fumaça para desviar a atenção do projeto de Trump, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso.
— Toda vez que eles (os americanos) querem dissimular suas intenções, atraem a atenção para outra questão — afirmou.
Deyneko disse que as acusações da secretária americana não procedem:
— São as mesmas acusações de sempre, infundadas, calúnias baseadas em suspeitas e suposições.
Segundo ele, os Estados Unidos, embora critiquem o texto do acordo apresentado por Rússia e China, não propuseram qualquer emenda.
— Percebemos que o lado americano expressa sérios temores sobre a Rússia. Mas é o caso de pensar que eles deveriam ser os primeiros a apoiar nossa iniciativa — afirmou o diplomata russo. — Deveriam se empenhar para elaborar um acordo que satisfizesse os interesses de segurança do povo americano. Mas não fizeram essa contribuição construtiva.
LAVROV E PUTIN
Em fevereiro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse na Conferência sobre Desarmamento que era prioritária a prevenção de uma corrida armamentista no espaço.
Mas, segundo Poblete, "as ações russas não traduzem suas palavras". Referindo-se um "aparato de inspeção espacial" cujo lançamento foi anunciado pelo Ministério da Defesa russo em outubro de 2017, a secretária americana comentou:
— A única certeza que temos é que esse sistema foi posto em órbita.
Ela afirmou que o comportamento do sistema em órbita é diferente de tudo que já foi visto antes, incluindo outros satélites russos.
A busca russa por armamentos espaciais seria preocupante por causa do "recente comportamento maligno" do país, acrescentou Poblete, e o tratado proposto por China e Rússia, segundo ela, não impediria e produção e o armazenamento de armas antissatélite.
POSIÇÃO CHINESA
Por sua vez, o embaixador chinês na Conferência, Fu Cong, conclamou os presentes a um debate profundo sobre o espaço sideral, que leve a negociações entre os países.
— A China sempre defendeu o uso pacífico do espaço, e somos contra armas lá. Também somos contra a ideia de transformar o espaço num campo de batalha — disse Fu.
Estados Unidos, Rússia e China já são membros do Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe o estacionamento de armas de destruição em massa no espaço e permite a exploração de corpos celestes apenas para fins pacíficos. Mas, na prática, analistas dizem que o tratado não está sendo cumprido por vários lados.
— O espaço já está militarizado há muito tempo. Há satélites, tecnologias e mísseis cada vez mais potentes no espaço. Tentar acreditar que o tratado consegue evitar o uso militar destas tecnologias chega a ser ingênuo — disse Juan Carlos Hidalgo, analista de políticas públicas do coservador Cato Institute, ao GLOBO.
Trump anuncia criação de força militar espacial
A Força Espacial está a caminho”, escreveu no Twitter o presidente Donald Trump, no início da tarde desta quinta-feira, para anunciar seu novo projeto: usar o espaço de forma bélica, como base para as ações de defesa americana. A medida muda a exploração espacial mundial, até agora sempre baseada no uso pacífico.
“Estou orientando o Departamento de Defesa e o Pentágono a iniciar imediatamente o processo necessário para estabelecer uma força espacial como o sexto ramo das forças armadas”, escreveu Trump no memorando que foi distribuído pela Casa Branca.
Se o projeto for aprovado pelo Congresso, este será de fato o sexto departamento militar americano, juntamente com o Exército, as Forças Aéreas, a Marinha, o Corpo de Fuzileiros Navais e a Guarda Costeira. De acordo com o governo americano, a nova diivisão começará a ser montada já. Segundo um discurso do vice-presidente Mike Pence, a força poderá estar em operação em 2020.
NOVA GERAÇÃO DE ARMAS PARA O ESPAÇO
A Casa Branca informou que será criada uma Agência de Desenvolvimento Espacial para desenvolver uma nova geração de armas espaciais e que haverá uma aceleração da tecnologia voltada para o espaço. O governo também estabeleceu que será fundado um Comando Espacial dos Estados Unidos, para planejar e aperfeiçoar “guerras espaciais”.
“Infelizmente, potenciais adversários reconhecem a importância do espaço para o nosso país e estão desenvolvendo ativamente maneiras de negar o uso do mesmo numa crise. O diretor de Inteligência Nacional alertou que vários países, incluindo a Rússia e a China, estão desenvolvendo armas antissatélite destrutivas e não destrutivas que podem entrar em operação dentro de alguns anos. A comunidade de segurança nacional dos Estados Unidos reconhece a necessidade de desenvolver novas tecnologias para o espaço, a fim de defender-se de uma crescente gama de ameaças”, afirma o comunicado da Casa Branca.
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